29 December 2014

150 - NOVO ACORDO NO ÂMBITO DO CLUBE EMPRESARIAL DA GORONGOSA








29 Dezembro 2014
O Parque Nacional da Gorongosa (PNG) e a Tecnel Service assinaram recentemente, na cidade de Maputo, um acordo de parceria, no âmbito do recém-criado Clube Empresarial da Gorongosa, uma iniciativa que pretende encorajar e envolver a comunidade empresarial moçambicana no nobre esforço de restaurar um dos Parques mais emblemáticos em África e no mundo. Ao abrigo deste acordo, a Tecnel Service vai desembolsar cento e vinte e cinco mil dólares americanos nos próximos 5 anos para apoiar as actividades científicas desenvolvidas pelo Laboratório de Biodiversidade do PNG.

No decorrer do acto, o Administrador do PNG, Mateus Mutemba, comentou: "É com enorme prazer que registamos a adesão da Tecnel Service ao Clube Empresarial da Gorongosa”, salientando que “o sucesso da conservação da biodiversidade no Parque e o desenvolvimento das comunidades vizinhas só será possível com o apoio da comunidade empresarial actuante em Moçambique e de todos os Moçambicanos.

Mateus Mutemba.jpgMateus Mutemba, Administrador do PNG

Por parte da Tecnel Service, o Presidente António Branco afirmou ”A iniciativa do PNG de convidar a comunidade empresarial moçambicana para se associar ao Programa de Restauração do Parque encontrou eco nesta comunidade, o qual se traduziu na adesão de diversas organizações empresariais ao Clube Empresarial da Gorongosa, tendo sido a Tecnel Service pioneira ao associar-se a esta iniciativa inédita. O apoio que a Tecnel Service irá prestar ao Laboratório de Biodiversidade do PNG por um período inicial de 5 anos, está em perfeita sintonia com as prioridades e objectivos estabelecidos pelo Parque Nacional da Gorongosa. O laboratório desenvolve programas de investigação e pesquisa com vista ao conhecimento mais aprofundado da extraordinária biodiversidade do Parque e à restauração dos ecossistemas, e contribui para a formação de investigadores e cientistas nacionais nos diversos domínios das ciências naturais. Felicitamos, por isso, o Parque Nacional da Gorongosa por esta iniciativa inédita e orgulhamo-nos de participar na restauração deste Parque enquanto parte integrante e essencial do riquíssimo património natural do nosso país que importa proteger e preservar.

Antonio Branco.jpgAntónio Branco, Presidente da Tecnel Service, foi recentemente galardoado com o prémio de Melhor Amigo da Gorongosa na 1ª Gala Anual da Gorongosa, que decorreu em Maputo em Novembro passado

Por seu turno, o Presidente do Gorongosa Restoration Project, Greg Carr, manifestou a sua profunda satisfação pela adesão da Tecnel Service ao Clube Empresarial da Gorongosa e a sua convicção de que o Parque Nacional da Gorongosa é cada vez mais uma referência global no panorama da conservação e da preservação da biodiversidade.

(Fim de citação)


NOSSO COMENTÁRIO

 Registamos com muito agrado mais este acordo no âmbito do Clube Empresarial da Gorongosa e felicitamos as partes envolvidas no mesmo.

29 de Dezembro de 2014

Celestino Gonçalves







23 December 2014

149 - SEGUNDA REPORTAGEM DO JORNALISTA GIL FILIPE SOBRE O PNG





SEGUNDA REPORTAGEM DO JORNALISTA 
 GIL FILIPE
 QUE VISITOU RECENTEMENTE O PARQUE NACIONAL DA GORONGOSA

SÃO jovens com idades compreendidas entre os 17 e 26 anos e ajudam a dar vida ao Parque Nacional da Gorongosa.
Nenhum deles tem ainda o nível superior mas já se perfilam como cientistas e colaboram no projecto de restauração de espécies faunísticas e da flora naquela que é a maior área de conservação do país.
Ainda que, comummente no nosso contexto, possam não ser designados cientistas o que muitas vezes está associado a habilitações literárias, Tongai Castigo, Flávio Artur, Celina Dias, Ricardo Guta e Isac Ginga dedicam-se à ciência no Laboratório Edward O. Wilson, que o parque criou no âmbito do projecto de recuperação ali iniciado em 2008. Foram recrutados no distrito da Gorongosa e em áreas circunvizinhas do parque, havendo ainda os recrutados a partir da cidade da Beira.
Encontrámos estes jovens no Parque Nacional da Gorongosa, que visitámos recentemente, e com eles conversámos sobre as circunstâncias que os levaram a integrar o grande projecto que é a recuperação do local. O mais novo deles é Isac Ginga, de 17 anos e natural do distrito do Dondo. Está integrado no projecto Leões da Gorongosa, que visa estudar, documentar e monitorar diversos aspectos da vida destes felinos que em tempos foram das principais espécies do parque.
Ginga foi recrutado do Dondo e a sua perspectiva de vida contempla o conhecimento sobre a vida animal e da flora do nosso país. “Sempre quis entender mais sobre plantas e animais. O meu sonho foi sempre estudar veterinária e sei que um dia chegarei lá. Tive a sorte de conhecer e integrar o parque e isso faz-me apaixonar ainda mais pelos animais. Pelos leões muito mais, porque integro o projecto Leões da Gorongosa”.
No âmbito do projecto que é dirigido pela ecologista e conservacionista sul-africana Paola Bouley, Ginga tem por missão diária documentar a dieta dos felinos, a ocorrência de gravidezes e partos, contagem de efectivos e outros aspectos que tenham a ver com a vida dos leões.
Existem actualmente, no parque, pelo menos 40 leões, o que representa uma recuperação da espécie depois de terem estado perto da extinção devido à guerra terminada em 1992 no país. Só este ano, segundo o jovem cientista, nasceram na Gorongosa pelo menos dez crias.
Celina Dias, de 25 anos, é natural da vila da Gorongosa, a sede distrital, também integra o projecto dos leões. Com base num dispositivo electrónico controlado por satélite, ela monitora o movimento daqueles animais. “O meu trabalho é controlar os passos dos leões. Tenho que saber aonde eles andam, informação que é útil tanto para estudos como para a visualização”, conta.
Celina gostaria de estudar biologia, sonho que irá começar a materializar “o mais rápido possível, assim que houver uma oportunidade”.
Tongai Castigo, por sua vez, é o sonhador do grupo. Entre o estudo da flora da Gorongosa e de insectos encontra tempo para, por onde passa, sensibilizar as pessoas a conservarem a riqueza do parque. “Dói-me saber que ainda haja gente que não entenda a necessidade de conservarmos a fauna e a flora. A nossa missão, nós que temos a possibilidade de estar aqui, é contribuir para que este parque seja o que os mais velhos contaram que ele já foi. Por isso, mesmo sem estar a trabalhar, quando tenho oportunidade falo às pessoas sobre a necessidade de preservarmos as nossas espécies”, opina.
Tongai, que pretende estudar biologia no futuro, é também locutor de rádio e actor de teatro, tendo participado numa peça sobre a necessidade de protecção da Gorongosa.
O MELHOR JOVEM CIENTISTA
O Parque Nacional da Gorongosa organizou recentemente, em Maputo, uma gala em que premiou os seus melhores colaboradores. Uma das categorias é a de jovem cientista, mérito que coube a Ricardo Guta, de 23 anos, que estudou agro-pecuária no Instituto Agrário de Chimoio.
Nascido na Beira, Guta é técnico de investigação e tem sob responsabilidade uma colecção de insectos que ele mesmo se encarrega de recolher e catalogar. Este jovem juntou-se à equipa do parque no ano passado, tendo já demonstrado, segundo os seus gestores, paixão e cometimento para com a Gorongosa e suas espécies.
“Gostaria de contribuir mais para o sucesso do Projecto de Restauração da Gorongosa. Trabalhar aqui é motivante, porque ao mesmo tempo que estamos a dedicar às plantas, aos animais e às pessoas que nos rodeiam, estamos a aprender”, afirma Guta, que depois de concluir a secção de ciências da 12.ª classe sonha em estudar biologia.
O Parque Nacional da Gorongosa tem proporcionado assistência aos jovens científicos, proporcionando-lhes formações e estágios que lhes permitem adquirir e consolidar conhecimentos. Por outro lado, também investe na sua formação académica disponibilizando, por exemplo, bolsas de estudo. É, conforme apurámos, uma forma de dotar a instituição de quadros capazes de arcar com as exigências daquela área de conservação, ao mesmo tempo que possibilita que Moçambique tenha mais quadros nesta área. Neste âmbito, outros dois jovens, Tonga Torcida e Domingas Aleixo, receberam bolsas e encontram-se a seguir cursos superiores na Tanzania e em Portugal, respectivamente, e um terceiro, Fernando Ussene, no Instituto Agrário de Chimoio a fazer o nível médio.
Laboratório EDUARD O. WILSON
O Laboratório Edward O. Wilson, inaugurado em Abril pelo Parque Nacional da Gorongosa, é o braço científico da instituição. Constitui uma mais-valia no projecto de restauração do parque, que em 20 anos, até 2028, propõe-se a devolver ao local a riqueza e o protagonismo que o caracterizou no passado.
Dão vida ao laboratório vários cientistas e colaboradores provenientes de diversos quadrantes do mundo. Entre eles o biólogo norte-americano Edward O. Wilson, professor emérito da Universidade de Harvard, que visitou o Parque da Gorongosa por três ocasiões para realizar pesquisas e colaborar na estratégia de gestão do parque.
Os vários cientistas desenvolvem os vários projectos que o Parque Nacional da Gorongosa desenvolve com os jovens a quem tornaram também em cientistas. 
GIL FILIPE
(Fim de citação)

NOSSO COMENTÁRIO
Conforme disse no comentário da primeira reportagem, tive o prazer de  conhecer e acompanhar o autor na visita que ambos fizemos em simultâneo ao PNG, na primeira semana do corrente mês.
Felicitamo-lo mais uma vez pelo excelente trabalho que ali desenvolveu durante a sua estadia, destacando nesta  reportagem dedicada ao Laboratório de Biodiversidade a atenção que dispensou aos jovens cientistas que ali estão a ser formados.
Parabéns Gil Filipe!

Maputo, 22 de Dezembro de 2014
Celestino Gonçalves

22 December 2014

148 - CLUBE EMPRESARIAL DA GORONGOSA - NOVA PARCERIA


 COMUNICADO DO PAQUE NACIONAL DA GORONGOSA


22 Dezembro 2014
O Parque Nacional da Gorongosa (PNG) e as Cervejas de Moçambique (CDM) assinaram recentemente, na cidade de Maputo, um acordo de parceria, no âmbito do recém-criado Clube Empresarial da Gorongosa, uma iniciativa que pretende encorajar e envolver a comunidade empresarial moçambicana no nobre esforço de restaurar um dos Parques mais emblemáticos em África e no mundo. Ao abrigo deste acordo, a CDM vai desembolsar cento e vinte e cinco mil dólares americanos nos próximos 5 anos para diversas actividades de apoio ao Parque. No decorrer do acto, o Administrador do PNG, Mateus Mutemba, comentou: "É com enorme prazer que registamos a adesão da CDM ao Clube Empresarial da Gorongosa”, salientando que “o sucesso da conservação da biodiversidade no Parque e o desenvolvimento das comunidades vizinhas só será possível com o apoio da comunidade empresarial actuante em Moçambique e de todos os Moçambicanos.”

Screen Shot 2014-12-19 at 09.23.28.pngMateus Mutemba, Administrador do PNG

Por parte da CDM, o Administrador José Moreira afirmou ”Estamos orgulhosos em dar o nosso contributo para a restauração do Parque Nacional da Gorongosa, associando-nos à iniciativa do Governo de Moçambique e do Gorongosa Restoration Project. Estamos comprometidos com o desenvolvimento sustentável do país, por isso apoiamos a protecção e preservação deste Parque, que constitui um riquíssimo património natural de Moçambique.”

Screen Shot 2014-12-19 at 09.20.13.png José Moreira, Administrador da CDM

Por seu turno, o Presidente do Gorongosa Restoration Project, Greg Carr, manifestou a sua profunda satisfação pela adesão da CDM ao Clube Empresarial da Gorongosa e a sua convicção de que o Parque Nacional da Gorongosa é cada vez mais uma referência global no panorama da conservação e da preservação da biodiversidade.

S0BRE O PARQUE NACIONAL DA GORONGOSA E O PROJECTO DE RESTAURAÇÃO DA GORONGOSA

O Parque Nacional da Goronosa é o mais conhecido parque nacional de Moçambique e situa-se no extremo sul do Grande Vale do Rift Africano. É o lar de alguns dos ecossistemas bologicamente mais ricos e geologicamente diversos do continente Africano. Os seus limites abrangem as grutas e desfiladeiros profundos do Planalto de Cheringoma, as vastas savanas do Vale do Rift e a preciosa floresta tropical húmida da Serra da Gorongosa. No entanto, os ecossistemas foram profundamente afectados durante o conflito civil em Moçambique (1977/1992). Depois da guerra, os caçadores ilegais incrementaram a destuição, e muitas das grandes populações  de animais da Gorongosa foram reduzidas em mais de 90%.

O Governo de Moçambique lançou o esforço preliminar para reconstruir a infra-estrutura  do Parque Nacional da Gorongosa e restaurar a sua vida selvagem em 1994, quando em conjunto com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) iniciou um plano de reabilitação - com a assistência financeira da União Europeia e assistência técnica de União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Foram contratados 50 funcionários novos, a maior parte deles, ex-combatentes. Baldeu Chande e Roberto Zolho,  ambos quadros do Parque antes da guerra, voltaram para assumir cargos de liderança, tendo-o feito  de forma heróica. Chande era director do programa de emergência e Zolho era coordenador da fauna e flora bravias, assim como da fiscalização. Num período de cinco anos, esta iniciativa do Governo com o apoio do BAD garantiu o restabelecimento dos limites do Paque e sua integridade após os anos de conflito, reabriu cerca de 100 Km de estradas e caminhos, iniciou a desminagem da zona, e formou fiscais na luta contra a caça ilegal, criando desse modo as bases para a restauração do Parque, que Roberto Zolho administrou até 2004.

Em 2005, a Fundação Carr, uma organização dos USA sem fins lucrativos fundada pelo filantropo americano e conservacionista Gregory C. Carr, juntou-se ao Governo de Moçambique no âmbito de um memorando de entendimento para restaurar o Parque Nacional da Gorongosa. A parceria, conhecida como "Gorongosa Restoration Project" (GRP), é um dos mais ambiciosos esforços de restauração de paques jamais tentado (a rstauração também tem beneficiado do apoio da USAID, e de outros parceiros como o PN UD-GEF, o Governo Português, e mais  recentemente da Cooperação Irlandesa).  O acordo promove o duplo objectivo de restauração de ecossistemas e melhoria do desenvolvimento  humano para as comunidades locais. Até agora, o GRP revitalizou equipas anti-caça furtiva; reconstruiu infra-estruturas do parque; realizou a monitorização biológica; reintroduziu herbívoros (zebras/Bois-cavalos/búfalos/elefantes/hipopótamos); construiu infra-estruturas sociais para as comunidades vizinhas, centros de educação e investigação científica; estabeleceu programas de agricultura e de saúde em colaboração com os governos dos distritos  vizinhos; tem estado a investir na formação académica  e pofissional de jovens Moçambicanos; gera cerca de 500  empregos; plantou cerca de 4 milhões de árvores  de espécies nativas na Serra da Gorongosa; e em 2010 o Governo de Moçambique expandiu os limites do Parque para incluir a Serra da Gorongosa e uma zona tampão de 3.300 quilometros quadrados em torno do Parque.

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Se desejar receber mais informações sobre este assunto, ou se pretender marcar uma entrevista com as pessoas envolvidas no projecto, por favor ligue para Vasco Galante através de +258 822970010 ou envie e_Mail para vasco@gorongosa.net.

(Fim de citação)

NOSSO COMENTÁRIO

O Grupo de Amigos da Gorogosa (GAG), congratu-la por mais esta parceria, que vem engrandecer o recém-criado Clube Empresarial da Gorongosa, felicitando as partes envolvidas no acordo.

Maputo, 22 de Dezembro de 2014

Celestino Gonçalves
(Núcleo Coordenador do GAG)

16 December 2014

147 - FANTÁSTICA RECUPERAÇÃO DAS ESPÉCIES DE FAUNA NA GORONGOSA


COMUNICADO SOBRE A RECENTE CONTAGEM 
AÉREA DA FAUNA DO PARQUE NACIONAL DA GORONGOSA








15 Dezembro 2014
Em 2005 um turista chegou pela primeira vez à Gorongosa. O Fiscal do Parque, no portão de entrada, sugeriu que voltasse para trás porque não havia muito para ver. Ele no entanto persistiu e conduziu durante cerda de seis horas através do Parque da Gorongosa e viu apenas um macaco-cão, um facocero e uma imbabala. Nove anos depois, esse mesmo turista visitou de novo a Gorongosa e teve uma experiência extraordinariamente mais satisfatória – a nossa última contagem aérea de fauna bravia permite perceber porquê.

Screen Shot 2014-12-12 at 16.02.36.png Leoa e inhacosos no tando (planície aluvial) da Gorongosa (Foto de Michael dos Santos)

Entre 25 de Outubro e 4 de Novembro, o Director dos Serviços Científicos da Gorongosa, Marc Stalmans, dirigiu uma contagem aérea alargada das zonas sul e central do Parque Nacional da Gorongosa. Estas áreas representam cerca de 50% do Parque mas são consideradas o melhor habitat e possuem a maior densidade de fauna bravia. Os resultados da contagem revelam um extraordinário renascimento das populações de muitas espécies animais. (A maior parte da fauna bravia foi dizimada durante os 16 anos da Guerra de Desestabilização em Moçambique, de 1977 a 1992.) Foram contados 71,086 herbívoros de 19 espécies. Os resultados representam uma grande história de sucesso da conservação em África, e o um marco histórico do Projecto de Restauração da Gorongosa – uma parceria público-privada entre o Governo de Moçambique e a Fundação Carr, uma organização dos EUA sem fins lucrativos.

O Dr. Stalmans está entusiasmado com os resultados: “A contagem confirma que as populações de fauna bravia estão a recuperar rapidamente no Parque. Houve um aumento marcante desde 2007 da densidade de espécies como inhacosos, impalas e cudos. Os inhacosos recuperaram para o que é provavelmente a maior população de qualquer área protegida em África.” De acordo com o Dr. Stalmans, os resultados também são um bom indicador para o crescimento contínuo destas populações no futuro. "Os resultados da contagem indicam que todas as grandes espécies de herbívoros, com excepção da subespécie crawshayi de zebra, agora ocorrem em números que são suficientes para a sua recuperação contínua e viabilidade."

No entanto, nem todas as espécies estão a fazer tão bem como se esperava. Os números de bois-cavalos (ou gnus) está abaixo das expectativas. Os leões, seus predadores naturais, poderão ser uma razão para isso. Também os caçadores furtivos, que são conhecidos pela sua apetência pelas caudas dos bois-cavalos. Um ou ambos os factores poderão explicar os números inferiores ao que se esperava desta espécie. O Dr. Stalmans testemunhou os efeitos da caça furtiva em primeira mão durante a pesquisa - dois caçadores foram apanhados em flagrante com duas gondongas mortas pouco tempo antes. Stalmans também observou a exploração comercial agrícola e de abate de árvores em algumas áreas de fronteira com o Parque. O Dr. Stalmans adverte: "Apesar do crescimento muito encorajador dos números da fauna bravia, é claro que as actividades ilegais continuam a ser uma ameaça séria. Os esforços de aplicação da lei precisam de ser sustentados e mesmo aumentados em muitas parte do Parque."

Apesar da evidência dos actuais desafios para proteger a Gorongosa, esta contagem deu a todos na equipa da Gorongosa um enorme impulso moral, particularmente ao Departamento de Conservação, liderado por Pedro Muagura. São os cerca de 130 Fiscais liderados por Muagura que patrulham o Parque no dia-a-dia, protegendo os animais da caça furtiva. Pedro Muagura disse-nos: "Eu costumava vir à Gorongosa, no final da década de 90 com os meus alunos do Instituto Agrícola de Chimoio e era muito deprimente, pois podíamos ver um belo Parque, com uma bela flora e abundância de água doce, mas não havia animais. Precisávamos ficar mais de um mês para ver um único inhacoso ou mesmo algum excremento de elefante e os alunos não podiam fazer qualquer identificação de animais ... Mesmo o macaco-cão era difícil de detectar. Agora tudo mudou e basta apenas percorrer a picada do portão de entrada até Chitengo, mesmo antes de fazer um verdadeiro safari de jipe, para ver centenas de macacos e, pelo menos, várias espécies de antílopes. "

Screen Shot 2014-12-12 at 16.02.59.png Uma matriarca lidera uma manada de elefantes no tando (planície aluvial) da Gorongosa (Foto de Jeff Trollip)

Estes resultados irão apoiar as futuras tomadas de decisão de gestão no Parque, e permitir aos cientistas prever como o ecossistema se irá recuperar. A restauração da Gorongosa oferece à ciência uma oportunidade única: observar o que acontece com um milhão de acres (400.000 ha) de natureza quando a maioria dos animais de grande porte são removidos. As lições aprendidas poderão formar a base para projectos de restauração noutras partes do mundo. Como Stalmans observa: "A recuperação da fauna bravia ocorre em proporções que são muito diferentes daquelas documentadas em tempos históricos. O sistema mudou de ser dominado por búfalos para um sistema dominado por inhacosos. Há oportunidades interessantes de investigação que precisam ser retomadas, a fim de ajudar ao desenvolvimento de uma melhor compreensão da dinâmica do sistema, o que irá apoiar a gestão e a tomada de decisões.”
publicado por Parque Nacional da Gorongosa às 17:41


MAPA E GRÁFICOS RELACIONADOS COM ESTA CONTAGEM




NOSSO COMENTÁRIO

É impressionante o aumento da população animal do PNG, nos últimos anos, nomeadamente em algumas espécies, como é salientado no Comunicado acima.

Felicitamos a administração e o projecto de restauração  da Gorongosa pelos sucessos alcançados, tendo em conta que os mesmos se devem a um redobrado esforço e grande dedicação dos responsáveis, equipa técnica e agentes da fiscalização que ali trabalham, enfrentando em permanência situações adversas nomeadamente a actividade de caçadores furtivos.

Maputo, 16 de Dezembro de 2014

Celestino Gonçalves

11 December 2014

146 - MENSAGEM DE BOAS FESTAS DO GAG



GRUPO DE AMIGOS DA GORONGOSA(Portugal) - Festas Felizes 2014/2015

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NATAL2014fO GRUPO DE AMIGOS DA GORONGOSA aproveita esta ocasião 
para anunciar que o  "Almoço-convívio comemorativo do 9º Aniversário do GAG" se realizará no próximo dia 
28 de Março  de 2015(sábado) na cidade do Porto, sendo oportunamente enviado convite com os pertinentes pormenores.

Mais se solicita a actualização dos seus dados preenchendo a 
ficha (uma por pessoa de família ou grupo) em
http://www.macua1.org/temp/amigosgag.html

Recorde ou veja o PNG em
http://www.gorongosa.org/pt/explore-park/gallery/video


PS: Repasse, por favor, a quem possa interessar

145 - REPORTAGEM DO JORNALISTA GIL FILIPE SOBRE O PNG



COM A DEVIDA VÉNIA, REPRODUZIMOS A REPORTAGEM ABAIXO, INSERIDA NO CONHECIDO BLOG"MOÇAMBIQUE PARA TODOS"


PARQUE NACIONAL DA GORONGOSA: A reconciliação com a natureza


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PNG_leoesUMA das maravilhas de que o país se orgulha, no contexto das áreas de conservação da vida animal, principalmente, e da flora é o Parque Nacional da Gorongosa.
Outrora um dos maiores do género em África, virou depois palco de batalha durante a guerra terminada em 1992 no país e fonte de enriquecimento para caçadores e madeireiros furtivos; o que o precipitava para a destruição, até que, desde 2005, um ousado projecto de restauração lhe está, a passos galopantes, a devolver a grandeza.
O Projecto de Restauração da Gorongosa, que decorre desde 2008, com esta designação, é uma parceria público-privada entre o Governo, através do Ministério do Turismo, e a Fundação Carr, do filantropo norte-americano Greg Carr. A iniciativa envolve ainda as comunidades locais, tidas como parte integrante por, conforme têm anunciado os seus gestores, poderem desempenhar papel fundamental no grande plano que há de devolver ao lugar o esplendor de outros tempos.

O parque estende-se por uma área de quatro mil dos cerca de 6600 quilómetros quadrados do distrito de Gorongosa, na província de Sofala. Não é o maior do país, em termos de extensão (os parques nacionais do Limpopo, Quirimbas, Banhine e Zinave têm superfícies maiores), mas ostenta características consideradas únicas no respeitante a muita da sua fauna, flora e ecologia, ganhando por isso uma reputação especial a nível nacional e não só.
A nossa Reportagem, que visitou recentemente o parque, soube dos seus gestores e visitantes que está a “recuperar aos poucos” o esplendor de outros tempos. Uma das testemunhas é Vasco Galante, director de comunicação do Parque Nacional da Gorongosa. “Em 2005, quando cá chegámos, Chitengo (o acampamento onde se hospedam os turistas e os trabalhadores) era caracterizado por escombros. À noite dormíamos em tendas e de dia íamos materializando aos poucos o muito que havia por fazer para que o parque fosse o que ele está a ser”, comentou ao nosso jornal.
PNG_jovensConstruído nos anos 1960, a espécie de complexo que congrega infra-estruturas de hospedagem e de trabalho foi completamente destruída durante a guerra. Havia, por isso, a necessidade de reconstruí-lo. Depois, havia que criar as outras condições para o funcionamento do empreendimento, nomeadamente o restauro da fauna e da flora bravia que fizeram constar Gorongosa e Moçambique em diversas referências sobre áreas de conservação em África e no mundo.
O período inicial de restauração do Parque da Gorongosa foi de trabalho intenso. Difícil pelas condições existentes, mas prazeroso pelos objectivos que até hoje constituem a meta do projecto. “Não havia nada aqui. Para além da reconstrução do acampamento do Chitengo, tínhamos de começar a devolver as espécies que quase se extinguiram. Para isso, a Fundação Carr investiu (cerca de 10 milhões de dólares entre 2004 e 2007, segundo soubemos) para o repovoamento com búfalos e bois-cavalos, numa primeira fase, ao que se seguiram, posteriormente, outras aquisições de animais”, explicou Vasco Galante. Elefantes, zebras e algumas espécies de antílopes constam da lista das outras aquisições.
O compromisso de restaurar a área de protecção é uma meta de 20 anos que Greg Carr e sua equipa estabeleceram, sempre em consonância com o Ministério do Turismo, parceiro nos projectos e na gestão de Gorongosa. Com uma visão ambiciosa, o filantropo norte-americano diz sonhar em fazer do parque um lugar melhor do que encontrou e, porventura, melhor do que alguma vez esteve. Em tempos, a antiga reserva de caça que em 1960 passou a ser oficialmente um parque nacional granjeou simpatia a nível do mundo, pelas suas características únicas, atraindo visitantes de todo o mundo, incluindo celebridades políticas, científicas e culturais. As duas décadas referidas por Carr têm como marco inicial 2008, quando com o Governo moçambicano acordou a gestão conjunta do Gorongosa Restauration Project, fruto do sucesso do projecto inicial que vigorou de 2004 a 2007.
PNG_cientistasJOVENS CIENTISTAS
A reputação do parque foi construída pelos seus atributos únicos em termos de fauna, flora e ambientais, o que também atrai vários cientistas. O naturalista Edward O. Wilson, por exemplo, um dos mais reputados a nível mundial, tem vindo a prestar a sua colaboração para a identificação, estudo e preservação de várias espécies, algumas delas por si descobertas desde que há poucos anos iniciou os contactos com o Parque da Gorongosa.
Para que a investigação científica decorra sem sobressaltos, foi criado no local um laboratório de biodiversidade, tido como um dos poucos no Continente para o acompanhamento e investigação da fauna e da flora. Nota de destaque no funcionamento do laboratório é o emprego de jovens moçambicanos, que embora sem qualificações académicas de nível superior desenvolvem, depois de localmente treinados, um trabalho considerado de grande qualidade e impacto.
Quando visitámos o laboratório, a semana passada, encontravam-se lá a trabalhar dois cientistas diplomados norte-americanos e cinco jovens moçambicanos, que frequentaram escolas secundárias de Gorongosa e de outros distritos de Sofala. Eles encontram ali um lugar perfeito para o acasalamento entre a pouca (para o nível exigido) teoria aprendida nas aulas de Biologia até à 12.ª classe e prática que consiste em estudar o complexo mundo das plantas e dos animais que no caso concreto daquele lugar de conservação ainda necessita de estudos exaustivos.
Um desses jovens é Isac Ginga, de 17 anos, que nasceu e estudou no distrito de Dondo. Ginga integra o projecto “Leões da Gorongosa”, que monitora o comportamento da espécie no interior do parque, tendo como missão estudar a dieta daqueles felinos, as suas movimentações e a ocorrência de novos nascimentos.
Ao “Notícias”, o jovem cientista (é assim que são designados no seu trabalho) revela-se realizado com o que faz, ao ponto de sentir que o seu futuro passa por ali. “Gostaria de estudar Biologia e quando acabar vir aplicar os conhecimentos que adquirirei na universidade aqui. Sinto que sou parte deste parque e dos animais e das plantas que aqui existem”, conta.
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COMUNIDADES, OS OUTROS DONOS
O Projecto de Restauração da Gorongosa assenta-se sobre quatro pilares: o turismo, a conservação, a ciência e as comunidades. Nenhum deles é hoje motivo de satisfação absoluta por parte dos gestores do parque porque existem metas que ainda estão por alcançar.
Na vertente turística, por exemplo, o objectivo é que “maior número possível” deles com os moçambicanos a serem os primeiros. A justificação é simples: “este lugar único no mundo (pelas características ecológicas, principalmente) é primeiro dos moçambicanos”, sentencia Vasco Galante.
Estatísticas apontam que há dois anos o parque recebeu um total de 6550 visitantes, dos quais 4100 cidadãos moçambicanos. Destes apenas 601 foram pagantes, sendo que os restantes acederam ao local no âmbito da política que a instituição leva a cabo de envolver as comunidades circunvizinhas e outras no desfrute do que a área de conservação proporciona. “Isso faz parte da nossa visão de fazer das comunidades à volta também elas donas do parque. Levamos públicos de todas as idades, mas principalmente crianças e jovens estudantes, para safaris em que passam a conhecer de perto a beleza natural do país. Mais do que simples visitas também proporcionamos excursões de aprendizagem, em que as crianças têm aulas aqui”, ressalvou a fonte.
O parque interage com as comunidades locais e circunvizinhas desenvolvendo vários projectos transversais, todos eles com o intuito de envolvê-las na meta de proteger os animais e as paisagens do local e criar uma coexistência enriquecedora para todos. Por exemplo, os camponeses das redondezas do parque recebem assistência técnica e recursos para que sejam auto-suficientes na produção agrícola, através, por exemplo, de um projecto denominado “Machambas-Modelo”.
O “Machambas-Modelo”, que visitámos na comunidade de Vinho, no vizinho distrito da Nhamatanda, mas a poucos quilómetros do Parque Nacional da Goronhosa, envolve extensionistas e outros técnicos formados principalmente com recursos institucionais do parque. Garantir a segurança alimentar e a possibilidade de comercialização são alguns dos objectivos do programa, que inclui ainda a produção piscicultora e apicultura.
Também em Vinho o Parque contribuiu com a construção de uma escola primária completa e um centro de saúde que beneficia a comunidade local, que antes percorria cerca de trinta quilómetros para encontrar o hospital mais próximo.
No parque funciona um centro de educação comunitária, que desenvolve muitos outros programas que correspondem, em certa medida, ao que muitos empreendimentos têm como iniciativas de responsabilidade social. Várias iniciativas capacitam os moradores das proximidades do parque em matérias como a protecção do meio ambiente e desenvolvimento económico, o que constitui igualmente contributo do Parque Nacional da Gorongosa, no alívio dos índices de pobreza que ainda se consideram alto localmente e no país em geral.
Todos os projectos que decorrem no parque têm como meta torná-lo numa referência nacional e internacional, estatuto que granjeou no passado. A missão, segundo as partes envolvidas, não é impossível, pois a conjugação de esforços entre elas permitirá a reconciliação que se pretende com a natureza.
GIL FILIPE
NOTÍCIAS – 11.12.2014
(Fim de citação)

MEU COMENTÁRIO
Tive a oportunidade de acompanhar o jornalista Gil Filipe na sua deslocação e visita ao Parque Nacional da Gorongosa, uma coincidência feliz já que tive a alegria de conhecer um dos raros jornalistas Moçambicanos dotados de sensibilidade para os problemas da conservação da natureza e particularmente interessado em divulgar o que existe e o que se faz neste país nesta matéria.
Segundo me contou no decorrer da estadia na Gorongosa, este Parque   representa para si o que de melhor existe em Moçambique em termos de conservação, embora saiba que noutros parques e reservas decorrem acções visando a sua  reabilitação e desenvolvimento.
A bela reportagem que hoje publicou no jornal onde exerce há vários anos a sua profissão - o Notícias -, revela-nos exactamente aquela sensibilidade e uma forma de abordagem muita clara dos problemas. Mas outras se seguirão, como já nos garantiu.

A Gorongosa bem merece que jornalistas Moçambicanos, como o Gil Filipe, sejam porta-voz do muito que ali se tem feito e continuará a fazer. São eles que têem a melhor ferramente para divulgar e até  sensibilizar os seus concidadãos que vivem nos centros urbanos mais desenvolvidos, cuja maioria ignora as riquezas naturais do seu país, incluindo a joia Gorongosa que praticamente todo o mundo conhece pelas imensas reportagens divulgadas nos jornais, revistas e cadeias de rádio e TV, nomeadamente desde que o filantropo amerciano Greg Carr ali se instalou em 2004 e desenvolveu o projecto de restauração financiado pela sua própria Fundação.

Em nome do Grupo de Amigos da Gorongosa, felicito o autor desta  excelente reportagem.



REPORTAGEM FOTOGRÁFICA 



Nossa chegada aos domínios do Parque




O Gil Filipe frente ao portão de entrada do Parque




Partida para o nosso primeiro safari





Em frente do Laboratório, com o nosso guia e dois técnicos.
Das esqª para a dirtª: Simba, Celina, Gil, Tongai e Celestino





Gil Filipe entrevistando o técnico do projecto Inhalas, Flávio Moniz Artur


Ouvindo o técnico do sector de entomologia, Ricardo Guta, distinguido
na 1ª Gala da Gorongosa com o prémio do melhor jovem cientista do ano




O jornalista tomando notas durante a visita ao Centro de Educação Comunitária, 
cuja apresentação foi feita pelo Dr. Vasco Galante (tb na foto) 


Ainda no CEC quando lhe eram explicadas as actividades e programas 
deste Centro




Maputo, 11 de Dezembro de 2014

Celestino Gonçalves