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Título
TESOURO SELVAGEM DE MOÇAMBIQUE
Autores
Maurice Fiévet e Monique Dumonté
Ano - 1973
Editor
BANCO NACIONAL ULTRAMARINO -LISBOA
1 - SOBRE OS AUTORES
Maurice Fiévet e Monique Dumonté, de nacionalidade francesa, visitaram o Parque Nacional da Gorongosa por algumas vezes na década de 60, recolhendo imagens fotográficas e fazendo filmes sobre os animais selvagens e também para pintarem já que ambos eram artistas plásticos. A rota da Gorongosa fazia parte de outros pontos que visitavam no continente africano, nomeadamente santuários de caça, pelo que, na época, eram provavelmente os mais conhecidos cineastas, fotógrafos e pintores da fauna bravia africana. Os seus trabalhos eram publicados e projectados nas melhores revistas, jornais e cinemas praticamente de todo o Mundo
A última estadia do casal Fiévet na Gorongosa durou longos meses (perto de um ano), usando o acampamento do Chitengo como seu quartel general. Dali faziam as incursões pelo interior do Parque e muitas vezes acampavam na periferia para colher as imagens mais raras ou pintar paisagens dos recantos mais belos. As suas máquinas registaram cenas inéditas que nunca a administração do Parque ou o governo da Colónia conheceu, mas que correram Mundo e valeram certamente avultadas receitas aos seus autores. E tudo a troco de nada para Moçambique.
A lição em certa medida foi aprendida quando a direcção do Parque se foi apercebendo do aproveitamento das facilidades que eram concedidas aos Fiévets, que inclusivamente beneficiavam de regalias especiais quanto à estadia no acampamento e até cedência de guias para as incursões mais longínquas, incluindo às coutadas circunvizinhas. Acabaria por serem incluídas no regulamento do Parque taxas especiais para este tipo de actividades, uma medida que levou este casal a rumar para outros destinos fora de Moçambique.
Antes da sua partida, porém, o Banco Nacional Ultramarino, que na altura detinha através da SAFRIQUE (Sociedade de Safaris de Moçambique), a exploração das coutadas de caça de Manica e Sofala e das actividades turísticas do Parque Nacional da Gorongosa, promoveu a publicação do Livro-Álbum "Tesouro Selvagem de Moçambique", uma bonita edição, de luxo, com a tiragem de 4000 exemplares, numerados em duas séries de I a XXXV, de A a Z e de 1 a 3942, edição esta que o mesmo Banco distribuíu com objectivos promocionais das suas actividades em Moçambique. Curiosamente, eu próprio detenho o exemplar com o nº 235.
Este livro contém um conjunto de fotos de extraordinária qualidade e beleza, todas elas legendadas em três idiomas (português, inglês e francês), pelo que constitui um dos mais belos álbuns da fauna bravia de Moçambique, excepção feita aos répteis que os autores não incluiram. A maioria dessas fotos foram efectuadas na Gorongosa e só praticamente as de girafas e avestruzes, que ali não existem, foram tiradas no sul do território
2 - SOBRE A INTRODUÇÃO DO LIVRO
O livro tem ainda uma breve e interessante introdução, da autoria do Dr. A. J. de Castro Fernandes, prestigiado presidente do Banco Nacional Ultramarino e grande entusiasta pela vida selvagem. Ele visitava com alguma regularidade o Parque Nacional da Gorongosa e foi praticamente ali que resolveu criar a grande empresa SAFRIQUE, a maior e mais famosa em África no ramo da actividade dos safaris ligados à fauna bravia.
Fica aqui a sua transcrição:
Fica aqui a sua transcrição:
"Moçambique é, em tudo, uma terra maravilhosa!
…Naquele tempo, “quand la Mer avait dês terribles serpents dans la tête dês marins”, Gil Eanes passou o Cabo Bojador, Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança e Vasco da Gama fundeou na Ilha de Moçambique – há exactamente 475 anos, quase cinco séculos.
…Naquele tempo, “quand la Mer avait dês terribles serpents dans la tête dês marins”, Gil Eanes passou o Cabo Bojador, Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança e Vasco da Gama fundeou na Ilha de Moçambique – há exactamente 475 anos, quase cinco séculos.
E durante quinhentos anos se misturaram sangues, se fundiram povos vindos do Norte e do Oriente, coexistiram etnias na pureza da sua linhagem. E tudo pelo milagre do amor, do amor divino, que nos manda amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, do amor profano, que obedece às suas leis…
Se a paisagem humana é assim, cativante no jeito de conviver, variada no aspecto físico, misteriosa para quantos se limitam a passar sem saber ver, a outra, a paisagem física, de princípio do Mundo, oferece também mil cambiantes e o feitiço da beleza mais bela que possa haver.
A flora, desde a flor mais delicada à mais densa floresta, estonteia, sufoca e, em certos lugares, apazigua a alma e limpa os corações.
Os bichos, todos os bichos, os que voam, os que correm, os que caminham, os que saltam e, até, os que rastejam, integram-se, naturalmente, neste ambiente."
3 - ALGUMAS FOTOS DO LIVRO
Maurice Fiévet tornou-se um profundo conhecedor do comportamento dos animais e isso lhe permitia aproximar-se deles para os pintar, fotografar e filmar. Nesta imagem ele colocou-se a cerca de 30 metros dos elefantes!
As restantes seis imagens dispensam legendas!
Marrabenta, Outubro de 2007
Celestino Gonçalves