CARTAS DA BEIRA DO INDICO
(1)
FÉRIAS EM MOÇAMBIQUE
(2008/2009)
1 – INTRODUÇÃO
Quando se aproxima a data da partida para Moçambique, que fazemos com regularidade (bianualmente) desde que deixamos definitivamente este país, em 1990, os nossos familiares e os amigos mais próximos cumulam-nos sempre de todas as atenções, quer ajudando nas tarefas de arrumar a casa, quer convidando-nos para almoços e jantares de despedida. Os que vivem mais afastados – e felizmente são muitos – telefonam ou enviam mensagens desejando-nos toda a sorte do mundo para a viagem e estadia neste maravilhoso país da beira do Índico!
Essas atenções, só por si, dão-nos grande alento para efectuar uma viagem aérea de mais de dez horas, encurralados entre cadeiras de limitado espaço e sem possibilidade de movimentar as pernas já com problemas venosos a dificultar a circulação nesta incómoda posição.
Mas o que mais nos motiva para estas longas viagens é, sem dúvida, o chamamento da família - filha, netas e genro!
A terra e o seu clima, os amigos e a fuga ao rigoroso inverno europeu, são outras componentes que fortalecem todo o nosso entusiasmo para estas viagens, que contamos fazer enquanto as forças físicas o permitirem!
Durante a estadia de há quatro anos atrás, escrevi para as comunidades moçambicanas do MSN, onde participava na altura, uma série de crónicas, em número de 16, com o título de “Cartas da Beira do Índico”. A avaliar pelas reacções de um bom número de leitores, ficou-me a sensação de que esses relatos tiveram uma boa aceitação.
Durante a estadia de há dois anos, não me senti muito inspirado para repetir essas crónicas, embora não tivessem faltado motivos visto que viajei muito pelo território.
Limitei-me então a notícias breves e a uma crónica mais desenvolvida sobre a viagem ao Parque Nacional da Gorongosa, o que, em certa medida, deu conta dos maravilhosos momentos aqui passados.
Entusiasmado por alguns amigos, regresso agora às ditas crónicas, ciente de que não passam de modestos escritos, mas feliz por poder, à minha maneira, transmitir às pessoas que daqui saíram e não mais voltaram a este maravilhoso país, algumas imagens que de algum modo lhes tragam à memória recordações dos seus bons tempos.
E porque o leque de leitores é agora maior devido a participar num maior número de comunidades (o triplo), anima-me esta ideia de voltar a partilhar as minhas observações e alegrias com essas pessoas!
2 – A VIAGEM E CHEGADA A MAPUTO
A minha primeira crónica de há quatro anos - VER AQUI - servia perfeitamente para iniciar este ciclo, já que agora se repetiu o que ali então descrevi sobre a chegada a Moçambique: emoção a rodos no reencontro com a família; o contacto com a cidade cheia de movimento nas ruas; a anarquia do trânsito provocada pelos “chapas”; a confusão nos passeios, abarrotados de vendedores de bujigangas, roupas, calçado, móveis, hortaliças, comidas, etc; as cores das acácias vermelhas e dos jacarandás ainda no início da floração; o cheiro da terra; a recepção dos guardas e trabalhadores do prédio da Coop onde vive a família; o almoço bem moçambicano (já divulgado); os primeiros contactos com os amigos; o trânsito pela esquerda; etc.
Tudo isso no encheu a alma e revitalizou o físico algo abalado pelo natural cansaço da viagem!
Entusiasmado por alguns amigos, regresso agora às ditas crónicas, ciente de que não passam de modestos escritos, mas feliz por poder, à minha maneira, transmitir às pessoas que daqui saíram e não mais voltaram a este maravilhoso país, algumas imagens que de algum modo lhes tragam à memória recordações dos seus bons tempos.
E porque o leque de leitores é agora maior devido a participar num maior número de comunidades (o triplo), anima-me esta ideia de voltar a partilhar as minhas observações e alegrias com essas pessoas!
2 – A VIAGEM E CHEGADA A MAPUTO
A minha primeira crónica de há quatro anos - VER AQUI - servia perfeitamente para iniciar este ciclo, já que agora se repetiu o que ali então descrevi sobre a chegada a Moçambique: emoção a rodos no reencontro com a família; o contacto com a cidade cheia de movimento nas ruas; a anarquia do trânsito provocada pelos “chapas”; a confusão nos passeios, abarrotados de vendedores de bujigangas, roupas, calçado, móveis, hortaliças, comidas, etc; as cores das acácias vermelhas e dos jacarandás ainda no início da floração; o cheiro da terra; a recepção dos guardas e trabalhadores do prédio da Coop onde vive a família; o almoço bem moçambicano (já divulgado); os primeiros contactos com os amigos; o trânsito pela esquerda; etc.
Tudo isso no encheu a alma e revitalizou o físico algo abalado pelo natural cansaço da viagem!
3 – AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Pouco mudou nesta terra abençoada, onde o ritmo africano se mantém fiel aos tempos e à cultura do seu povo! Pobreza não falta, mas ricos também não a avaliar pelo aumento dos condomínios fechados recheados de grandes e belas moradias e pelas viaturas topo de gama que circulam pela cidade!
Os "casos" bombásticos são muitos e chegam rápido ao conhecimento de todos através dos meios modernos de comunicação. Os mais badalados pelo povinho são os de corrupção que envolvem altas figuras públicas, algumas já atrás das grades!
As eleições autárquicas estão à porta e o mais alto magistrado da nação deu já o mote para a campanha em comícios no centro do país. Só que a motivação da população não parece ser a melhor, o que é natural face às dificuldades que atravessa.
A cidade parece-nos mais limpa, até junto dos mercados mais degradados onde o município está a desenvolver uma interessante acção de melhoria de condições, sobretudo protegendo-os com muros periféricos altos e bem concebidos, obras estas patrocinadas por empresas que passam a exibir ali os seus cartazes de propaganda comercial.
O nível de vida da população, esse sim, continua baixo, com as dificuldades que se conhecem e se vêem agravando ano após ano, consequência, dizem os entendidos, da crise financeira mundial. Os bens essenciais, como carne, peixe, arroz, óleo alimentar, roupas e calçado, sofreram nos dois últimos anos consideráveis aumentos, o que afecta a maioria dos habitantes, precisamente a de mais baixos rendimentos.
A gente mais modesta não entende nada dessa política financeira e só atribui ao governo a responsabilidade de não viver melhor!
Os primeiros dias deram já para algumas saídas pela cidade e sobretudo para visitar amigos. O mercado do peixe, a Costa do Sol, a baixa da cidade e alguns centros comerciais, fizeram parte das visitas e dos passeios de carro, ainda conduzido por outras pessoas já que só a partir da primeira semana, por norma, me ocupo dessa tarefa devido à falta de habituação ao regime de conduzir pela esquerda.
Nos próximos dias iniciarei as visitas fora de portas, como à Matola e Marracuene, onde nos esperam amigos e tarefas de rotina!
As viagens para mais longe, essas, só a partir da segunda quinzena de Novembro. Se o programa em mente se concretizar, muito terei que vos contar!
Os "casos" bombásticos são muitos e chegam rápido ao conhecimento de todos através dos meios modernos de comunicação. Os mais badalados pelo povinho são os de corrupção que envolvem altas figuras públicas, algumas já atrás das grades!
As eleições autárquicas estão à porta e o mais alto magistrado da nação deu já o mote para a campanha em comícios no centro do país. Só que a motivação da população não parece ser a melhor, o que é natural face às dificuldades que atravessa.
A cidade parece-nos mais limpa, até junto dos mercados mais degradados onde o município está a desenvolver uma interessante acção de melhoria de condições, sobretudo protegendo-os com muros periféricos altos e bem concebidos, obras estas patrocinadas por empresas que passam a exibir ali os seus cartazes de propaganda comercial.
O nível de vida da população, esse sim, continua baixo, com as dificuldades que se conhecem e se vêem agravando ano após ano, consequência, dizem os entendidos, da crise financeira mundial. Os bens essenciais, como carne, peixe, arroz, óleo alimentar, roupas e calçado, sofreram nos dois últimos anos consideráveis aumentos, o que afecta a maioria dos habitantes, precisamente a de mais baixos rendimentos.
A gente mais modesta não entende nada dessa política financeira e só atribui ao governo a responsabilidade de não viver melhor!
Os primeiros dias deram já para algumas saídas pela cidade e sobretudo para visitar amigos. O mercado do peixe, a Costa do Sol, a baixa da cidade e alguns centros comerciais, fizeram parte das visitas e dos passeios de carro, ainda conduzido por outras pessoas já que só a partir da primeira semana, por norma, me ocupo dessa tarefa devido à falta de habituação ao regime de conduzir pela esquerda.
Nos próximos dias iniciarei as visitas fora de portas, como à Matola e Marracuene, onde nos esperam amigos e tarefas de rotina!
As viagens para mais longe, essas, só a partir da segunda quinzena de Novembro. Se o programa em mente se concretizar, muito terei que vos contar!
É um privilégio estar de novo em Moçambique!
3 - REPORTAGEM FOTOGRÁFICA
Jantar de despedida com familiares na Marrabenta - Amor (Leiria)
O brinde de chegada com a família em Maputo, no passado dia 18
Os belos camarões do primeiro almoço em Maputo
Um dos primeiros amigos visitados em Maputo - o João Leão (Esqª). Ao centro o conhecido manhambana Omar Cabir, outro amigo cuja família bem conheci em Inhambane!
Parte norte da cidade de Maputo, vista do PH 5 da Coop.
Bairro da Malhangalene, visto do mesmo prédio
Prédios da embaixada da Rússia. Ao longe avista-se o Ministério da Agricultura e parte do aeroporto
Outro prédio da embaixada da Rússia (Esqª) e 3 das torres da Coop.
Saudações amigas, aqui da beira do Indico!
Maputo, 27 de Outubro de 2008
Celestino Gonçalves
(Marrabenta)