As Chitas Regressaram ao Parque Nacional da Gorongosa
09.07.11 - Parque Nacional da Gorongosa
Os novos hóspedes, acabados de chegar ao Parque Nacional da Gorongosa (PNG), são provenientes da vizinha África do Sul, um dos locais que tem vindo a contribuir para reforçar o rápido crescimento animal na Gorongosa.
Recorde-se que o PNG já recebeu búfalos, bois-cavalos (gnus), elefantes e hipopótamos todos transladados de áreas de conservação da África do Sul ou do Parque Nacional do Limpopo.
O Administrador do PNG, Mateus Mutemba e o Director de Conservação do PNG, Carlos Lopes Pereira segurando duas das novas chitas do Parque
Depois de um longo período de negociações entre as autoridades do PNG e a ONG “Modgaji Conservation and Rehabilitation Projects”, entidade que trabalha em estreita ligação com o governo da Cidade de Cabo, na África do Sul, Carlos Lopes Pereira (Director de Conservação e médico-veterinário do PNG) assumiu a gestão do processo de transladação dos quatro felinos que farão dos tandos da Gorongosa uma autêntica pista para os animais mais velozes da selva.
A primeira chita sai do avião que a transportou ao colo do veterinário T. Potgieter
A operação de transporte concretizou-se com a chegada por via aérea das quatro chitas tendo os trabalhadores do PNG e os turistas presentes na pista de aterragem do Acampamento de Safaris de Chitengo tido a oportunidade única de observar a forma cuidada e profissional como uma equipa de apaixonados pela fauna bravia desceu as chitas, ainda entorpecidas, do avião e as depositou nos jipes do PNG, que rapidamente as transportaram para o seu local de quarentena (conhecido por “boma”, um recinto vedado especialmente construído e adaptado para as chitas por uma dedicada equipa de trabalhadores do PNG).
... e é cuidadosamente colocada no jipe do PNG que a transportará para a "boma"
Will van Duyn, responsável pela “Modgaji”, instituição que ofereceu as chitas ao PNG, prestou-nos as seguintes declarações:
"Estou ligado à conservação há mais de 20 anos. Conservamos as chitas e lutamos para que estes animais regressem à liberdade na selva. Adoro trabalhar com animais, embora a nossa experiência em conservação nos ensine que em matéria de transladação de animais existem sucessos assim como retrocessos, sobretudo por trabalharmos com animais selvagens. Nunca é uma operação fácil...
Gosto da conservação e gosto de animais porque estou consciente de que é a melhor coisa a fazer. Na minha opinião, libertar animais de volta para a selva é melhor opção. Mantê-los presos em gaiolas é péssima atitude..."
Já na “boma”, Will van Duyn (ajoelhado) conversa com o veterinário Sul-africano e com o pessoal do PNG, sendo observado por membros da sua família
"Assim que regressarmos para a África do Sul, iremos envidar mais esforços para trazermos mais chitas para o Parque Nacional da Gorongosa. Estas quatro chitas constituem apenas o primeiro grupo que abriu as portas para muitas chitas na Gorongosa..." argumentou Will van Duyn, cuja instituição para alem de oferecer as quatro chitas, promete trazer mais destes animais para o Parque Nacional da Gorongosa.
Esta operação foi possível graças a um conjunto de boas vontades, que incluíram um piloto dos famosos “Bateleurs” (pilotos ambientalistas que servem a causa da conservação de forma gratuita), um veterinário e dois assistentes (todos provenientes da África do Sul) que acompanharam as chitas durante toda a viagem.
Os custos envolvidos foram suportados pelo filantropo Allan Friedland, que nos disse o seguinte:
"Andei por muitas áreas de conservação na África do Sul. Não gostei do que tenho visto. Os animais são tratados como se fossem um instrumento ou uma bicicleta que quando avaria se deita fora. Eu creio que os animais merecem todo o respeito e bom trato. Merecem levar uma vida livre e não encurralada. Sempre vivi com essa dor de ver animais apenas instrumentalizados. Quando ouvi que o Will tencionava devolver alguns animais à liberdade em plena selva, decidi contribuir para esta causa justa de animais contribuindo com dinheiro."
Allan, o filantropo que custeou a operação de transporte, segura uma das chitas
Uma vez instaladas no local de quarentena, detectou-se que uma das chitas não sobreviveu à complexa operação de transporte devido a um incidente ocorrido durante a imobilização do animal ainda em solo Sul-africano.
Will van Duyn, confirmou o facto e afirmou que:
“Pautar por fazer o que nós fazemos e que é dar a liberdade aos animais que dela necessitam acarreta riscos. Por isso, digo que a nossa operação foi um sucesso pois temos três chitas vivas. Doeu o coração perder a quarta chita na operação mas se tivéssemos que deixar de poder devolver estas chitas para a selva seria ainda pior. De qualquer das formas, esta operação abriu um grande espaço e mais chitas serão transladadas para a Gorongosa.”
Membros da equipa do PNG que construíram a “boma” onde as chitas cumprirão o seu período de quarentena
A todos os que contribuíram para a concretização desta operação o nosso bem haja!
Domingos Muala
Departamento de Comunicação do PNG
NOTA À MARGEM
Esta e outras medidas que vêm sendo implementadas nos últimos seis anos no Parque Nacional da Gorongosa, fazem com que este maravilhoso santuário da vida bravia de Moçambique volte muito em breve aos seus gloriosos tempos em que era considerado o melhor e mais belo de África!
Parabéns a toda a equipa de restauração encabeçada pelo mundialmente conhecido e estimado, o filantropo americano Greg Carr!
Obrigado ao amigo Dr. Vasco Galante pelo envio de mais esta preciosa notícia!
Saudações amigas!
12 de Julho de 2011
Celestino Gonçalves