Os célebres "Big Five", considerados os mais dignos representantes da fauna africana
A SITUAÇÃO DA FAUNA BRAVIA AFRICANA É TÃO TRÁGICA NA ACTUALIDADE QUE O APOCALIPSE NÃO TARDARÁ PARA AS ESPÉCIES MAIS COBIÇADAS COMO SÃO O ELEFANTE E O RINOCERONTE.
As notícias dos últimos anos e nomeadamente a partir de 2010 até ao presente, dão-nos conta desta situação que conduzirá ao irreversível destino que é a extinção de todos os animais bravios que são portadores de troféus que valem muito dinheiro nos mercados, sobretudo asiáticos, onde tais produtos são utilizados, uns como adorno e objectos de arte, outros na confecção de poções usadas na medicina tradicional e ainda como afrodisíacos.
Não obstante se terem criado organizações de protecção a nível mundial e aprovado convenções que levaram, desde 1933, a criar leis cada vez mais rigorosas para penalizar a pratica da caça furtiva, proibir o comércio internacional do marfim de elefante e cornos de rinoceronte, a maior parte dos países africanos não aplica, na prática, tais medidas.
As fotos chocantes que abaixo reproduzimos e os textos que se lhes seguem, dão-nos a desoladora imagem do que se vai passando, não só em Angola e Moçambique, mas em todos os restantes países africanos onde habita essa fabulosa fauna bravia que a Natureza criou e que o homem vem destruindo implacávelmente.
Não há palavras que possam descrever tal situação. Muitos e famosos escritores apregoaram a defesa e conservação da fauna bravia. Destaco um deles - Romain Gary -, que no seu romance "As Raízes do Céu", publicado em meados do século passado, deu ao mundo uma grande lição sobre o papel a desempenhar na conservação da natureza como um todo, colocando os elefantes no epicentro da sua sua tese equiparando-os aos humanos quanto ao direito à vida. Trata-se de um romance baseado nas experiências que o autor viveu na África Equatorial Francesa, durante a segunda guerra mundial e que alcançou um dos maiores êxitos editorias da época.
Não falta, na actualidade, quem continue a clamar pela conservação da Natureza e protecção da vida bravia. Só que isso não basta, sabendo-se que o interesse capitalista e a acção dos carteis dos negócios sujos é cada vez maior e não olha a meios para atingir os seus fins, encontrando em África um campo fértil graças à corrupção que se instalou nas novas sociedades dos países emergentes após a sua descolonização.
Quem, como nós, conheceu a pujança e variedade dessa fabulosa fauna e tem a noção do seu papel no equilíbrio da Natureza, e simultâneamente como fonte de receitas quando explorada pela indústria turística, sabe que, se medidas especiais e globais não forem tomadas face à situação actual, o holocausto deste importante património da humanidade chegará mais depressa do que se pode pensar.
Elefante morto apenas para retirada do marfim
Enorme quantidade de presas de elefante apreendidas a futivos,
algures em África nos últimos anos
Outra grande quantidade de presas igualmente de animais abatidos por futivos
Rinoceronte pouco depois de ter sido abatido e despojado dos seus cornos
Imagem de uma das muitas centenas de tendas de venda de animais bravios em Angola
A falta de fiscalização e controlo sobre
os caçadores furtivos abre as portas para a devastação das espécies e dá a
Angola um prejuízo que só as gerações vindouras saberão.
É caso para dizer que perder a capacidade
de se indignar é o mesmo que estar morto ou a caminho da morte... Já não se tem
sensibilidade interior.
No futuro nem eu saberei se teremos mais
pátria, nem se o simples convívio terá a mesma carga semântica, que signifique
reencontro das espécies.
Um dia todos fomos deste mundo, que um
dia se chamou Angola com todos os seus habitantes, fauna e flora.
São sinuosos os caminhos do nosso
paraíso.
Chegar ao Uíge, norte de Angola, a
M’Banza Congo, não é diferente. Viajar de carro, por agora a melhor
alternativa, obriga a tactear caminhos. Exalar o cheiro muitas vezes
nauseabundo de vários animais abatidos indiscriminadamente. Contemplar estes
animais expostos ao sol e à chuva nas bermas das estradas provoca terríveis
dores no coração.
Para espanto dos desavisados, o negócio é
legal e tem a permissão de todos os governos locais.
Enquanto a solução não vem, a população
vai inundando os mercados informais com diversas espécies, muitas delas
ameaçadas de extinção e a viverem em áreas desprotegidas.
Não há dificuldade para as carnes de caça
em Angola se tornarem fonte de renda para muitas famílias.
O governo há muito tem vindo a prometer
fazer um controlo mais rigoroso e fiscalizador à caça indiscriminada da fauna.
É urgente fechar a porta da ilegalidade com mais punição, e usar estímulos para
abrir a porta do uso sustentável. Do jeito como está, Angola joga todos para
clandestinidade, inclusive os fiscais florestais que deviam aprimorar o
conhecimento para ajudar no trabalho de preservação.
Estamos sentados sobre um património
riquíssimo, mas a falta de regras rígidas impede o uso adequado da nossa
biodiversidade.
Campanha de consciencialização e
repressão policial são fundamentais, mas não suficientes, porque os caçadores
furtivos contam com muitas saídas e com a fragilidade dos acordos e leis
nacionais, muitas ainda não regulamentadas. As regiões vulneráveis em Angola
são o norte, onde estão seis em cada dez animais em risco, e o interior,
“mato”, que foi considerado insubstituível e é o habitat natural de todas as
espécies selvagens.
Angola tem o segundo maior mercado de comércio ilegal de marfim a retalho em África, apenas atrás da Nigéria, informou a Organização Não Governamental (ONG) “Save The Elephants”, através de um comunicado.
A organização indica que um estudo sobre o comércio ilegal de marfim de elefantes africanos, realizado pelos investigadores Esmond Martin e Lucy Vigne, informa que Lagos e Luanda são os principais centros de “comércio ilegal de retalho de marfim”.
“Em Lagos (capital de Nigéria) há mais peças de marfim à venda, mas o comércio é mais dissimulado, com os vendedores mais conscientes das regras e mais receosos. Em Luanda (capital de Angola), os comerciantes parecem não estar preocupados com a possibilidade de serem detidos pelas autoridades”, refere a ONG, no seu comunicado.
A “Save The Elephants” alerta, também, para o facto de o preço do marfim, proveniente de elefantes mortos por caçadores furtivos, ter quase triplicado nos últimos quatro anos, no seio do principal mercado mundial, a China. “O aumento do preço do marfim está relacionado com uma vaga de abates de elefantes no continente africano, que não dá sinais de abrandar”, sublinhou a organização, sediada no Quénia.
De acordo com o estudo, o preço de venda do marfim em bruto, na China, era de cerca de 750 dólares em 2010, enquanto em 2014, os preços já rondam os 2.100 dólares. A “Save The Elephants” estima que tenham sido mortos cerca de 33.000 elefantes entre 2010 e 2012.
“Sem acção internacional concertada para reduzir a procura de marfim, as medidas para diminuir o número de elefantes abatidos não surtirão efeito”, explicou o fundador da ONG, Ian Douglas Hamilton, acrescentando que a “China detém a chave do futuro do elefante africano e particularmente do elefante angolano”. Deve destacar-se, ainda, que no início do século XX, existiam 20 milhões de elefantes no continente africano, um número que caiu para 1,2 milhões em 1980, caindo novamente para os actuais 500.000, apesar do comércio do marfim ter sido proibido em Angola e África em geral, em 1989.
Fonte: AngoNotícias
Postado há
1 week ago por
Jornal ChelaPress
Relações económicas entre China e Angola favorecem tráfico de marfim
As relações económicas entre a China e Angola estão a
impedir o combate ao tráfico ilegal de marfim, considera
um investigador norte-americano, acusando as autoridades
angolanas de nada fazerem porque querem "atrair os
consumidores, que são 95% chineses".
"Bastava livrarem-se dos intermediários e dos 'barões criminosos' que são os comerciantes que conhecem os contactos na Ásia e em África e seria muito fácil fechar estes mercados porque a legislação existe e no entanto o comércio é público porque eles querem atrair os consumidores, que são 95% chineses", disse o investigador norte-americano, em declarações citadas pela
A China é o maior comprador de petróleo a Angola, um país largamente dependente da produção petrolífera para sustentar o crescimento económico, e é responsável por cerca de 15% das compras de petróleo da China, sendo que existem mais de 250 mil chineses a trabalhar no país, principalmente nas grandes construções que os chineses levam a cabo em Angola.
O mercado de Benfica, nos arredores de Luanda, é o segundo maior mercado para o comércio ilegal de marfim, a seguir ao mercado de Lekki, em Lagos, na Nigéria, sendo que os dois países vizinhos têm, no total, menos de 3 mil elefantes.
De acordo com este investigador norte-americano especializado neste tipo de comércio e que está radicado no Quénia desde os anos 60, os comerciantes angolanos compram o marfim a 150 a 200 dólares por quilo, enquanto o preço em Pequim ultrapassa os 2 mil dólares por quilo.
"Temos algumas divergências internas sobre quem deve ser responsável por monitorizar e avaliar este tipo de comércio ilegal", argumentou o chefe do departamento de biodiversidade e conservação no Ministério do Ambiente angolano, Soke Kudikuenda, que acrescentou que já enviou documentação para o Conselho de Ministros "para determinar se este tema deve estar sob a alçada deste ministério ou sob a alçada do Ministério da Agricultura".
(Fim de citação)
COMENTÁRIO DO CONSAGRADO CAÇADOR-GUIA, PINTOR E
ESCRITOR, HUGO SEIA, NASCIDO EM ANGOLA:
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UM PAÍS ONDE O ELEFANTE FOI MUITO ABUNDANTE
E ONDE HOJE
PRATICAMENTE NÃO EXISTE,
A FOMENTAR O ABATE ILEGAL DA ESPÉCIE
NOUTROS PAÍSES,
COM A FINALIDADE DE GARANTIR
O NEGÓCIO
DE MARFIM COM A CHINA!
NA IMPOSSIBILIDADE DE OBTEREM MARFIM NO
SEU PRÓPRIO
PAÍS, FACILMENTE SE CONCLUÍ
QUE OS "NEGOCIANTES" RECORREM AO
"PRODUTO
IMPORTADO" DE OUTROS PAÍSES,
ONDE SE SABE
QUE A MATANÇA EM MASSA
VEM DESTRUINDO
A ESPÉCIE A UM RITMO QUE,
SEM QUALQUER
DÚVIDA, EM BREVE GARANTIRÁ
QUE O ELEFANTE
FAÇA PARTE DA TRÁGICA
LISTA DE ANIMAIS EXTINTOS.
PENA QUE ESTA BARBARIDADE ACONTEÇA E
CONTINUE A
ACONTECER, SOB O OLHAR DE
"AUTORIDADES QUE NÃO QUEREM VER"
E
SEM QUE O MUNDO QUE SE DIZ CIVILIZADO MEXA
E O PIOR É QUE, A PAR DOS PAQUIDERMES QUE
CHAMAM A NOSSA
ATENÇÃO PELO SEU MAJESTOSO
PORTE, ANGOLA
TEM O QUE RESTA DA SUA
FAUNA À MERCÊ
DE QUEM OPTOU POR VIVER DA
MORTE DE
ANIMAIS DE MÉDIO E PEQUENO
PORTE - DUIKER, BUSHBUCK,
BUSHPIG,
MACACO. ETC…
- DESCARADAMENTE VENDIDOS
NAS BANCAS DOS
MERCADOS E NAS BERMAS
Beira do Indico, 6 de Novembro 2014
Celestino Gonçlaves
ÚLTIMA HORA:
Acabo de receber, do amigo Hugo Seia, a notícia que se segue:
Assunto: KRUGER
… E A DESTRUIÇÃO CONTINUA!...
África do Sul retira rinocerontes do Parque Kruger por causa de caçadores furtivos moçambicanos
Mais de três centenas de rinocerontes foram mortos no Parque Nacional de Kruger deste o início deste ano.
Simião Pongoane
Actualizado em: 07.11.2014 18:28
A África do Sul está a transferir rinocerontes do Parque Nacional de Kruger, que faz fronteira com Moçambique, para um local desconhecido por causa da caҫa furtiva que envolve moçambicanos.
Informações sobre a movimentação de rinocerontes são muito escassas, mas sabe-se que cerca de 500 animais já foram transferidos do Parque Nacional de Kruger.
Consta que o local escolhido para alojamento dos animais é muito seguro, com segurança reforçada.
Entretanto, dois cidadãos vietnamitas foram formalmente acusados ontem, 6, no tribunal de Kempton Park, perto da cidade de Joanesburgo.
Os dois foram detidos no Aeroporto Internacional de Joanesburgo provenientes de Maputo, Moçambique, com 41 quilos de cornos de rinocerontes e a caminho da Asia, considerado o melhor mercado dos trofeus de rinos.
Os 18 cornos são avaliados em 4.5 milhões de rands, cerca de 450 mil dólares americanos. Tudo indica que os cornos foram extraídos de rinocerontes mortos em caҫa furtiva no Parque Nacional de Kruger por moçambicanos com a conivência de guardas florestais sul-africanos, segundo o pesquisador Milton Maluleque.
"Honestamente falando, quando visitei o parque ouvi responsáveis daquele a lançarem acusações terríveis contra moçambicanos, sobretudo os guardas florestais de conivência com criminosos ou caçadores furtivos", disse Maluleque.
"Moçambicanos, zimbabweanos e cidadãos de outros países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral(SADC) são considerados parasitas que promovem crime na economia sul-africana", explicou Milton Maluleque.
Mais de três centenas de rinocerontes foram mortos no Parque Nacional de Kruger deste o início deste ano.
(Fim de citação)
SEM MAIS COMENTÁRIOS!...
Maputo, 9 de Novembro de 2014
Celestino Gonçalves
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