05 November 2014

142 - FAUNA AFRICANA - APOCALIPSE À VISTA!







Os célebres "Big Five", considerados os mais dignos representantes da fauna africana



A SITUAÇÃO DA FAUNA BRAVIA AFRICANA É TÃO TRÁGICA NA ACTUALIDADE QUE  O APOCALIPSE NÃO TARDARÁ PARA AS ESPÉCIES MAIS COBIÇADAS COMO SÃO O ELEFANTE E O RINOCERONTE.

As notícias dos últimos anos e nomeadamente a partir de 2010 até ao presente, dão-nos conta desta situação que conduzirá ao irreversível destino que é a extinção de todos os animais bravios que são portadores de troféus que valem muito dinheiro nos mercados, sobretudo asiáticos, onde tais produtos são utilizados, uns como adorno e objectos de arte, outros na confecção de poções usadas na medicina tradicional e ainda como afrodisíacos. 

Não obstante se terem criado organizações de protecção a nível mundial e aprovado convenções que levaram, desde 1933, a criar leis cada vez mais rigorosas para penalizar a pratica da caça furtiva, proibir o comércio internacional do marfim de elefante  e cornos de rinoceronte, a maior parte dos países africanos não aplica, na prática, tais medidas.

As fotos chocantes que abaixo reproduzimos e os textos que se lhes seguem, dão-nos a desoladora imagem do que se vai passando, não só em Angola e  Moçambique, mas em todos os restantes países africanos onde habita essa fabulosa fauna bravia que a Natureza criou e que o homem vem destruindo implacávelmente. 

Não há palavras que possam descrever tal situação. Muitos e famosos escritores apregoaram a defesa e conservação da fauna bravia. Destaco um deles - Romain Gary -, que no seu romance "As Raízes do Céu", publicado em meados do século passado, deu ao mundo uma grande lição sobre o papel a desempenhar na conservação da natureza como um todo, colocando os elefantes no epicentro da sua sua tese equiparando-os aos humanos quanto ao direito à vida. Trata-se de um romance baseado nas experiências que o autor viveu na África Equatorial Francesa, durante a segunda guerra mundial e que alcançou um dos maiores êxitos editorias da época. 

Não falta, na actualidade, quem  continue a clamar pela conservação  da Natureza e protecção da vida bravia. Só que isso não basta, sabendo-se que o interesse capitalista e a acção dos carteis dos negócios sujos é cada vez maior e  não olha a meios para atingir os seus fins, encontrando em África um campo fértil graças à corrupção que se instalou nas novas sociedades dos países emergentes após a sua descolonização.

Quem, como nós, conheceu a  pujança e variedade dessa fabulosa fauna e tem a noção do seu papel no equilíbrio da Natureza, e simultâneamente como fonte de receitas quando explorada pela indústria turística, sabe que, se  medidas especiais e globais não forem tomadas face à situação actual,  o holocausto deste importante património da humanidade chegará mais depressa do que se pode pensar.






Elefante morto apenas para retirada do marfim


Enorme quantidade de presas de elefante apreendidas a futivos, 
algures em África nos últimos anos



Outra grande quantidade de presas igualmente de animais abatidos por futivos



Rinoceronte pouco depois de ter sido abatido e despojado dos seus cornos





Imagem de uma das muitas centenas de tendas de venda de animais bravios em Angola

A falta de fiscalização e controlo sobre os caçadores furtivos abre as portas para a devastação das espécies e dá a Angola um prejuízo que só as gerações vindouras saberão.
É caso para dizer que perder a capacidade de se indignar é o mesmo que estar morto ou a caminho da morte... Já não se tem sensibilidade interior.
No futuro nem eu saberei se teremos mais pátria, nem se o simples convívio terá a mesma carga semântica, que signifique reencontro das espécies.
Um dia todos fomos deste mundo, que um dia se chamou Angola com todos os seus habitantes, fauna e flora.
São sinuosos os caminhos do nosso paraíso.
Chegar ao Uíge, norte de Angola, a M’Banza Congo, não é diferente. Viajar de carro, por agora a melhor alternativa, obriga a tactear caminhos. Exalar o cheiro muitas vezes nauseabundo de vários animais abatidos indiscriminadamente. Contemplar estes animais expostos ao sol e à chuva nas bermas das estradas provoca terríveis dores no coração.
Para espanto dos desavisados, o negócio é legal e tem a permissão de todos os governos locais.
Enquanto a solução não vem, a população vai inundando os mercados informais com diversas espécies, muitas delas ameaçadas de extinção e a viverem em áreas desprotegidas.
Não há dificuldade para as carnes de caça em Angola se tornarem fonte de renda para muitas famílias.
O governo há muito tem vindo a prometer fazer um controlo mais rigoroso e fiscalizador à caça indiscriminada da fauna. É urgente fechar a porta da ilegalidade com mais punição, e usar estímulos para abrir a porta do uso sustentável. Do jeito como está, Angola joga todos para clandestinidade, inclusive os fiscais florestais que deviam aprimorar o conhecimento para ajudar no trabalho de preservação.
Estamos sentados sobre um património riquíssimo, mas a falta de regras rígidas impede o uso adequado da nossa biodiversidade.

Campanha de consciencialização e repressão policial são fundamentais, mas não suficientes, porque os caçadores furtivos contam com muitas saídas e com a fragilidade dos acordos e leis nacionais, muitas ainda não regulamentadas. As regiões vulneráveis em Angola são o norte, onde estão seis em cada dez animais em risco, e o interior, “mato”, que foi considerado insubstituível e é o habitat natural de todas as espécies selvagens.


Postado há 1 week ago por Jornal ChelaPress



Angola tem o segundo maior mercado de comércio ilegal de marfim a retalho em África, apenas atrás da Nigéria, informou a Organização Não Governamental (ONG) “Save The Elephants”, através de um comunicado.
A organização indica que um estudo sobre o comércio ilegal de marfim de elefantes africanos, realizado pelos investigadores Esmond Martin e Lucy Vigne, informa que Lagos e Luanda são os principais centros de “comércio ilegal de retalho de marfim”.
“Em Lagos (capital de Nigéria) há mais peças de marfim à venda, mas o comércio é mais dissimulado, com os vendedores mais conscientes das regras e mais receosos. Em Luanda (capital de Angola), os comerciantes parecem não estar preocupados com a possibilidade de serem detidos pelas autoridades”, refere a ONG, no seu comunicado.

A “Save The Elephants” alerta, também, para o facto de o preço do marfim, proveniente de elefantes mortos por caçadores furtivos, ter quase triplicado nos últimos quatro anos, no seio do principal mercado mundial, a China. “O aumento do preço do marfim está relacionado com uma vaga de abates de elefantes no continente africano, que não dá sinais de abrandar”, sublinhou a organização, sediada no Quénia.
De acordo com o estudo, o preço de venda do marfim em bruto, na China, era de cerca de 750 dólares em 2010, enquanto em 2014, os preços já rondam os 2.100 dólares. A “Save The Elephants” estima que tenham sido mortos cerca de 33.000 elefantes entre 2010 e 2012.
“Sem acção internacional concertada para reduzir a procura de marfim, as medidas para diminuir o número de elefantes abatidos não surtirão efeito”, explicou o fundador da ONG, Ian Douglas Hamilton, acrescentando que a “China detém a chave do futuro do elefante africano e particularmente do elefante angolano”. Deve destacar-se, ainda, que no início do século XX, existiam 20 milhões de elefantes no continente africano, um número que caiu para 1,2 milhões em 1980, caindo novamente para os actuais 500.000, apesar do comércio do marfim ter sido proibido em Angola e África em geral, em 1989.
Fonte: AngoNotícias

29 October 2014

141 - FANTÁSTICA RECUPERAÇÃO DAS ESPÉCIES NA GORONGOSA

Transcrevemos da página do Grupo de Amigos da Gorongosa, no Facebook, a boa notícia relacionada com o censo em curso sobre a situação da fauna:


O censo anual de fauna bravia prossegue e entre muitas das fotos seleccionámos esta que nos mostra uma grande manada de elandes (ou tucas), mais precisamente 84!
Obrigado (Foto de Marc Stalmans)


  • Celestino Gonçalves

12 October 2014

140 -SITUAÇÃO DA FAUNA E FLORESTAS DE MOÇAMBIQUE VISTA POR UM MOÇAMBICANO

CHEGA DE BLÁ, BLÁ, BLÁ!...

ANÁLISE SOBRE A SITUAÇÃO CRÍTICA EM QUE SE ENCONTRA A FAUNA E AS FLORESTAS DE MOÇAMBIQUE


Com a devida vénia, transcrevo do Blogue "Moçambique para Todos"
  http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2014/10/fauna-e-floresta.html
 o apelo de um Moçambicano relativamente ao estado caótico em que se encontra a fauna bravia e as florestas deste país, face à devastadora caça furtiva e corte ilegal de madeiras:


Fauna e Floresta

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KemboMeus caros, convido-vos a discutir a questão da floresta e fauna bravia em Moz. Para mim devia-se criar um Instituto Nacional de Protecção de Floresta e Fauna Bravia (INPFFB), um instituto que deveria desenhar estratégias para velar/proteger e explorar a floresta e fauna de forma sustentável em beneficio de todo o Moz. Isso poderia acabar com essa coisa que estamos a assistir de enriquecimento ilícito que esta a acontecer agora. Grupo de pessoas corta madeira a torta e direita sem obedecer a nenhum tipo de regras e alegadamente porque tem licença... Licença? Quem é esse ser humano que tem autoridade para atribuir licença a um outro para cortar uma árvore de mais de 150 anos? Quer dizer...autentica falta de respeito para com a natureza. 
Aqui em Moz temos sérios problemas de carteiras escolares, nossos filhos sentam no chão, e até arisco-me a dizer que 90% de casas de moçambicanos não tem porta condigas…as porta que se veem nas pobres casas maticadas são de papelão, restos de lata ou tecido, caniço etc., dentro delas não tem uma cadeira para senta-se, não tem cama…a maioria de nós moçambicanos dorme na esteira feita de resto de caniço de milho…nem mesmo nas cidades para você comparar uma porta digna de realce deve desembolsar no mínimo 5 mil meticais e que compra deve apertar o cinto por uns bons meses…é difícil comprar ou mandar fazer uma mesa, cadeira, cama, aros de janela, estante, e outros objectos. enquanto temos, bastante madeira. Até quando vamos continuar a assistir passivamente essa situação? Só murmuramos pelos cantos mas não fazemos nada de concreto, porque? Até quando, meu caros Moz?

Eu proponho a criação do Instituto Nacional de Protecção de Floresta e Fauna Bravia porque conclui que a instituição que gere actualmente a área da floresta e fauna bravia não está assumir cabalmente seu papel; salvo prova em contrario. A instituição/direcção gere negócios obscuros de madeira e outros, sem que esse beneficie ao país e ao moçambicanos…nunca ouvi dizer que o valor X ou Y é fruto de exportação de madeira e com ele vai ser feito isso ou aquilo, nunca. O corte de madeira beneficia pelos vistos a um punhado/grupo de pessoas…a madeira é levada em bruto para China para que porque? 
Tenho conhecimento vago de China mais se diz que lá existe das maiores fronteiras do mundo, e que é expressamente proibido cortar qualquer tipo de árvore; e isso acontece nos países que nos rodeiam. 
Será que nós moçambicanos temos muita, mas muita madeira mesmo, que nos basta até chegarmos ao ponto de permitir com cumplicidade acrescida o corte desenfreado que os chineses e outros fazem? 
Desde os nossos antepassados (bantos) aos dias de hoje cerca de 90% de moçambicanos vive em casas precária, feitas de matope/barro como se de cavernas se tratasse e a vermos nossa madeira a sair para fora enriquecendo um punhado de indivíduos é deveras lastimável…vamos fazer algo para parar com isso. Com a tal madeira o Estado poderia muito bem promover/ensinar incutir no seu povo sobretudo das zonas rurais a construção de casas com madeira…casas feitas de madeira são muito lindas, confortáveis, resistentes, meus caros.
Em relação a caça, abate desenfreado de elefantes rinocerontes e outros, deve se encontrar formas claras e arrojadas de terminar com essa prática, chega de blá blá, bla…leis draconianas devem ser aprovadas imediatamente. A polícia sul africana por exemplo dispara a matar se te encontra dentro dos limites do parque onde se encontram os animais que me referi acima. Nós também devíamos adoptar essa medida, os militares ao envés de continuarem acampados em Muxungwe, Gorongosa, etc, deviam sair e irem ao parques e reservas ajudar a combater esses mal (caça furtiva) que só nos envergonha. Não venham com desculpas de que não há meios, há meios sim, vimos a quando do último conflito armado e nas festividades do 25 de Setembro 
Ainda vou mais longe, devíamos parar de diabolizar o crocodilo e através do Estado procura-se mecanismos de rentabiliza-lo a favor das comunidades. Temos muito crocodilo por este país fora…e é sobejamente sabido por vos meus caros que a pele deste é de altíssimo valor, a sua carne muito nutritiva e este réptil devia ser aproveitado na sua plenitude e não ser diabolizando tornando-o inimigo da população por causa de seu comportamento que até é instintivo/natural. Salve o erro uma bolsa coro de crocodilo ronda os 7 mil dólares…e nós assistimos alguns estrangeiros aqui a enriquecerem facilmente com o nosso crocodilo, e porque não encontrar formas sustentáveis de faze-lo render ao envés de chorar e chorar porque devorou alguém, porque é feiticeiro, etc, etc. 
Vamos a isso, chega de lamentações, tudo deve começar de nós, os que estão do lado do bem bom nunca irão mover uma única palha porque assim como as coisa estão lhes beneficia e como. 
FUNGULANI MASO
(Publicado no Facebook)
(Fim de citação)

MEU COMENTÁRIO
Este depoimento, mais de que apelo é um grito de revolta de um Moçambicano consciente da realidade do seu país relativamente ao estado a que os governantes deixaram chegar o sector das florestas e fauna bravia, o mais importante para o equilíbrio da Natureza e preservação das espécies únicas cuja extinção é um verdadeiro crime da humanidade.
A sugestão proposta pelo autor, de se criar um Instituto que  passasse a gerir o sector, em substiutuição da Instituição/Direcção que existe, quanto a mim não solucionaria o problema. Já o disse em vários escritos que tal problema não é das Instituições, mas sim das pessoas que as dirigem. E essas pessoas são e continuarão a ser as mesmas, quer se trate de Institutos, Direcções ou Ministérios. O que é preciso é acabar com a corrupção e para tal nenhum país africano como Moçambique está preparado para, internamente, se libertar deste fenómeno. E não vale a pena entrar em pormenores para justificar esta opinião porque todos sabemos como funcionam os interesses dos grupos internacionais que desde sempre delapidaram os recursos naturais dos países africanos.
Também não sou eu que tenho a chave da solução e duvido que alguém a tenha. Mas quando penso como são tratados a nível mundial os problemas das divergências internas dos países, ocorre-me sempre que os mais poderosos deveriam dispensar mais atenção à conservação da Natureza a nível planetário, para evitar a  destruição das florestas e a extinção das  espécies bravias. As instituições que já existem, quer governamentais, quer outras, são insuficientes e não resolvem o problema crucial que é a corrupção. Era necessário que a nível das Nações Unidas, houvesse um organismo forte e com autoridade para intervir nesses países, inclusivé impondo leis e sansões severas a governantes de qualquer nível (e não só) que se prove estarem envolvidos nos negócios com essa delapidação.
As gerações futuras vão lamentar o desastre que os seus antepassados provocaram ao fazer desaparecer da face da terra o importante património que a Natureza nos legou. Um desastre que nada tem a ver com aquele que fez desaparecer os dinossauros, pois neste caso  se tratou da evolução da própria Natureza e não da acção do Homem que ainda estava longe de aparecer na ribalta do planeta Terra.

Louvo a atitude e coragem do autor do escrito - Fungulani Maso -, provavelmente escondido num pseudónimo para evitar dissabores!

Lx, 12 de Outubro de 2014

Celestino Gonçalves