11 December 2014

145 - REPORTAGEM DO JORNALISTA GIL FILIPE SOBRE O PNG



COM A DEVIDA VÉNIA, REPRODUZIMOS A REPORTAGEM ABAIXO, INSERIDA NO CONHECIDO BLOG"MOÇAMBIQUE PARA TODOS"


PARQUE NACIONAL DA GORONGOSA: A reconciliação com a natureza


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PNG_leoesUMA das maravilhas de que o país se orgulha, no contexto das áreas de conservação da vida animal, principalmente, e da flora é o Parque Nacional da Gorongosa.
Outrora um dos maiores do género em África, virou depois palco de batalha durante a guerra terminada em 1992 no país e fonte de enriquecimento para caçadores e madeireiros furtivos; o que o precipitava para a destruição, até que, desde 2005, um ousado projecto de restauração lhe está, a passos galopantes, a devolver a grandeza.
O Projecto de Restauração da Gorongosa, que decorre desde 2008, com esta designação, é uma parceria público-privada entre o Governo, através do Ministério do Turismo, e a Fundação Carr, do filantropo norte-americano Greg Carr. A iniciativa envolve ainda as comunidades locais, tidas como parte integrante por, conforme têm anunciado os seus gestores, poderem desempenhar papel fundamental no grande plano que há de devolver ao lugar o esplendor de outros tempos.

O parque estende-se por uma área de quatro mil dos cerca de 6600 quilómetros quadrados do distrito de Gorongosa, na província de Sofala. Não é o maior do país, em termos de extensão (os parques nacionais do Limpopo, Quirimbas, Banhine e Zinave têm superfícies maiores), mas ostenta características consideradas únicas no respeitante a muita da sua fauna, flora e ecologia, ganhando por isso uma reputação especial a nível nacional e não só.
A nossa Reportagem, que visitou recentemente o parque, soube dos seus gestores e visitantes que está a “recuperar aos poucos” o esplendor de outros tempos. Uma das testemunhas é Vasco Galante, director de comunicação do Parque Nacional da Gorongosa. “Em 2005, quando cá chegámos, Chitengo (o acampamento onde se hospedam os turistas e os trabalhadores) era caracterizado por escombros. À noite dormíamos em tendas e de dia íamos materializando aos poucos o muito que havia por fazer para que o parque fosse o que ele está a ser”, comentou ao nosso jornal.
PNG_jovensConstruído nos anos 1960, a espécie de complexo que congrega infra-estruturas de hospedagem e de trabalho foi completamente destruída durante a guerra. Havia, por isso, a necessidade de reconstruí-lo. Depois, havia que criar as outras condições para o funcionamento do empreendimento, nomeadamente o restauro da fauna e da flora bravia que fizeram constar Gorongosa e Moçambique em diversas referências sobre áreas de conservação em África e no mundo.
O período inicial de restauração do Parque da Gorongosa foi de trabalho intenso. Difícil pelas condições existentes, mas prazeroso pelos objectivos que até hoje constituem a meta do projecto. “Não havia nada aqui. Para além da reconstrução do acampamento do Chitengo, tínhamos de começar a devolver as espécies que quase se extinguiram. Para isso, a Fundação Carr investiu (cerca de 10 milhões de dólares entre 2004 e 2007, segundo soubemos) para o repovoamento com búfalos e bois-cavalos, numa primeira fase, ao que se seguiram, posteriormente, outras aquisições de animais”, explicou Vasco Galante. Elefantes, zebras e algumas espécies de antílopes constam da lista das outras aquisições.
O compromisso de restaurar a área de protecção é uma meta de 20 anos que Greg Carr e sua equipa estabeleceram, sempre em consonância com o Ministério do Turismo, parceiro nos projectos e na gestão de Gorongosa. Com uma visão ambiciosa, o filantropo norte-americano diz sonhar em fazer do parque um lugar melhor do que encontrou e, porventura, melhor do que alguma vez esteve. Em tempos, a antiga reserva de caça que em 1960 passou a ser oficialmente um parque nacional granjeou simpatia a nível do mundo, pelas suas características únicas, atraindo visitantes de todo o mundo, incluindo celebridades políticas, científicas e culturais. As duas décadas referidas por Carr têm como marco inicial 2008, quando com o Governo moçambicano acordou a gestão conjunta do Gorongosa Restauration Project, fruto do sucesso do projecto inicial que vigorou de 2004 a 2007.
PNG_cientistasJOVENS CIENTISTAS
A reputação do parque foi construída pelos seus atributos únicos em termos de fauna, flora e ambientais, o que também atrai vários cientistas. O naturalista Edward O. Wilson, por exemplo, um dos mais reputados a nível mundial, tem vindo a prestar a sua colaboração para a identificação, estudo e preservação de várias espécies, algumas delas por si descobertas desde que há poucos anos iniciou os contactos com o Parque da Gorongosa.
Para que a investigação científica decorra sem sobressaltos, foi criado no local um laboratório de biodiversidade, tido como um dos poucos no Continente para o acompanhamento e investigação da fauna e da flora. Nota de destaque no funcionamento do laboratório é o emprego de jovens moçambicanos, que embora sem qualificações académicas de nível superior desenvolvem, depois de localmente treinados, um trabalho considerado de grande qualidade e impacto.
Quando visitámos o laboratório, a semana passada, encontravam-se lá a trabalhar dois cientistas diplomados norte-americanos e cinco jovens moçambicanos, que frequentaram escolas secundárias de Gorongosa e de outros distritos de Sofala. Eles encontram ali um lugar perfeito para o acasalamento entre a pouca (para o nível exigido) teoria aprendida nas aulas de Biologia até à 12.ª classe e prática que consiste em estudar o complexo mundo das plantas e dos animais que no caso concreto daquele lugar de conservação ainda necessita de estudos exaustivos.
Um desses jovens é Isac Ginga, de 17 anos, que nasceu e estudou no distrito de Dondo. Ginga integra o projecto “Leões da Gorongosa”, que monitora o comportamento da espécie no interior do parque, tendo como missão estudar a dieta daqueles felinos, as suas movimentações e a ocorrência de novos nascimentos.
Ao “Notícias”, o jovem cientista (é assim que são designados no seu trabalho) revela-se realizado com o que faz, ao ponto de sentir que o seu futuro passa por ali. “Gostaria de estudar Biologia e quando acabar vir aplicar os conhecimentos que adquirirei na universidade aqui. Sinto que sou parte deste parque e dos animais e das plantas que aqui existem”, conta.
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COMUNIDADES, OS OUTROS DONOS
O Projecto de Restauração da Gorongosa assenta-se sobre quatro pilares: o turismo, a conservação, a ciência e as comunidades. Nenhum deles é hoje motivo de satisfação absoluta por parte dos gestores do parque porque existem metas que ainda estão por alcançar.
Na vertente turística, por exemplo, o objectivo é que “maior número possível” deles com os moçambicanos a serem os primeiros. A justificação é simples: “este lugar único no mundo (pelas características ecológicas, principalmente) é primeiro dos moçambicanos”, sentencia Vasco Galante.
Estatísticas apontam que há dois anos o parque recebeu um total de 6550 visitantes, dos quais 4100 cidadãos moçambicanos. Destes apenas 601 foram pagantes, sendo que os restantes acederam ao local no âmbito da política que a instituição leva a cabo de envolver as comunidades circunvizinhas e outras no desfrute do que a área de conservação proporciona. “Isso faz parte da nossa visão de fazer das comunidades à volta também elas donas do parque. Levamos públicos de todas as idades, mas principalmente crianças e jovens estudantes, para safaris em que passam a conhecer de perto a beleza natural do país. Mais do que simples visitas também proporcionamos excursões de aprendizagem, em que as crianças têm aulas aqui”, ressalvou a fonte.
O parque interage com as comunidades locais e circunvizinhas desenvolvendo vários projectos transversais, todos eles com o intuito de envolvê-las na meta de proteger os animais e as paisagens do local e criar uma coexistência enriquecedora para todos. Por exemplo, os camponeses das redondezas do parque recebem assistência técnica e recursos para que sejam auto-suficientes na produção agrícola, através, por exemplo, de um projecto denominado “Machambas-Modelo”.
O “Machambas-Modelo”, que visitámos na comunidade de Vinho, no vizinho distrito da Nhamatanda, mas a poucos quilómetros do Parque Nacional da Goronhosa, envolve extensionistas e outros técnicos formados principalmente com recursos institucionais do parque. Garantir a segurança alimentar e a possibilidade de comercialização são alguns dos objectivos do programa, que inclui ainda a produção piscicultora e apicultura.
Também em Vinho o Parque contribuiu com a construção de uma escola primária completa e um centro de saúde que beneficia a comunidade local, que antes percorria cerca de trinta quilómetros para encontrar o hospital mais próximo.
No parque funciona um centro de educação comunitária, que desenvolve muitos outros programas que correspondem, em certa medida, ao que muitos empreendimentos têm como iniciativas de responsabilidade social. Várias iniciativas capacitam os moradores das proximidades do parque em matérias como a protecção do meio ambiente e desenvolvimento económico, o que constitui igualmente contributo do Parque Nacional da Gorongosa, no alívio dos índices de pobreza que ainda se consideram alto localmente e no país em geral.
Todos os projectos que decorrem no parque têm como meta torná-lo numa referência nacional e internacional, estatuto que granjeou no passado. A missão, segundo as partes envolvidas, não é impossível, pois a conjugação de esforços entre elas permitirá a reconciliação que se pretende com a natureza.
GIL FILIPE
NOTÍCIAS – 11.12.2014
(Fim de citação)

MEU COMENTÁRIO
Tive a oportunidade de acompanhar o jornalista Gil Filipe na sua deslocação e visita ao Parque Nacional da Gorongosa, uma coincidência feliz já que tive a alegria de conhecer um dos raros jornalistas Moçambicanos dotados de sensibilidade para os problemas da conservação da natureza e particularmente interessado em divulgar o que existe e o que se faz neste país nesta matéria.
Segundo me contou no decorrer da estadia na Gorongosa, este Parque   representa para si o que de melhor existe em Moçambique em termos de conservação, embora saiba que noutros parques e reservas decorrem acções visando a sua  reabilitação e desenvolvimento.
A bela reportagem que hoje publicou no jornal onde exerce há vários anos a sua profissão - o Notícias -, revela-nos exactamente aquela sensibilidade e uma forma de abordagem muita clara dos problemas. Mas outras se seguirão, como já nos garantiu.

A Gorongosa bem merece que jornalistas Moçambicanos, como o Gil Filipe, sejam porta-voz do muito que ali se tem feito e continuará a fazer. São eles que têem a melhor ferramente para divulgar e até  sensibilizar os seus concidadãos que vivem nos centros urbanos mais desenvolvidos, cuja maioria ignora as riquezas naturais do seu país, incluindo a joia Gorongosa que praticamente todo o mundo conhece pelas imensas reportagens divulgadas nos jornais, revistas e cadeias de rádio e TV, nomeadamente desde que o filantropo amerciano Greg Carr ali se instalou em 2004 e desenvolveu o projecto de restauração financiado pela sua própria Fundação.

Em nome do Grupo de Amigos da Gorongosa, felicito o autor desta  excelente reportagem.



REPORTAGEM FOTOGRÁFICA 



Nossa chegada aos domínios do Parque




O Gil Filipe frente ao portão de entrada do Parque




Partida para o nosso primeiro safari





Em frente do Laboratório, com o nosso guia e dois técnicos.
Das esqª para a dirtª: Simba, Celina, Gil, Tongai e Celestino





Gil Filipe entrevistando o técnico do projecto Inhalas, Flávio Moniz Artur


Ouvindo o técnico do sector de entomologia, Ricardo Guta, distinguido
na 1ª Gala da Gorongosa com o prémio do melhor jovem cientista do ano




O jornalista tomando notas durante a visita ao Centro de Educação Comunitária, 
cuja apresentação foi feita pelo Dr. Vasco Galante (tb na foto) 


Ainda no CEC quando lhe eram explicadas as actividades e programas 
deste Centro




Maputo, 11 de Dezembro de 2014

Celestino Gonçalves



14 November 2014

143 - EXEMPLO PARA OS HUMANOS DE UMA MÃE LEOA



Atitude de uma mãe felina

Repassando, aplaudindo com muita alegria.
Enquanto mães humanas(?) jogam filhos no lixo, matam ou querem vendê-los por 100,00 para consumir crack, vem de uma leoa o belo exemplo do que é a verdadeira maternidade.
Salve os animais!!!



Fotógrafo regista cenas de uma leoa resgatando o filhote a beira de um precipício  


Outros membros até observam, mas param diante grande risco








O filhote,  esgotado começa a escorregar quando a mãe o segura com a boca e começa outra difícil tarefa de retornar ao topo do barranco.








São e salvo, a leoa, vitoriosa, acaricia o filhote que acaba de salvar .



Esses quadros dramáticos foram obtidos pelo fotógrafo Jean-François Largot, em Masai Mara, do Quénia, na reserva de caça, em Agosto de 2011.

E tem gente que ainda diz que nós homens somos seres racionais...


(Fim de citação)



MEU COMENTÁRIO
Tal como disse o amigo José Simões, que me enviou esta postagem, também subscrevo a frase final substituindo as reticências  por um ponto de exclamação !

Novembro de 2014
Celestino Gonçalves


05 November 2014

142 - FAUNA AFRICANA - APOCALIPSE À VISTA!







Os célebres "Big Five", considerados os mais dignos representantes da fauna africana



A SITUAÇÃO DA FAUNA BRAVIA AFRICANA É TÃO TRÁGICA NA ACTUALIDADE QUE  O APOCALIPSE NÃO TARDARÁ PARA AS ESPÉCIES MAIS COBIÇADAS COMO SÃO O ELEFANTE E O RINOCERONTE.

As notícias dos últimos anos e nomeadamente a partir de 2010 até ao presente, dão-nos conta desta situação que conduzirá ao irreversível destino que é a extinção de todos os animais bravios que são portadores de troféus que valem muito dinheiro nos mercados, sobretudo asiáticos, onde tais produtos são utilizados, uns como adorno e objectos de arte, outros na confecção de poções usadas na medicina tradicional e ainda como afrodisíacos. 

Não obstante se terem criado organizações de protecção a nível mundial e aprovado convenções que levaram, desde 1933, a criar leis cada vez mais rigorosas para penalizar a pratica da caça furtiva, proibir o comércio internacional do marfim de elefante  e cornos de rinoceronte, a maior parte dos países africanos não aplica, na prática, tais medidas.

As fotos chocantes que abaixo reproduzimos e os textos que se lhes seguem, dão-nos a desoladora imagem do que se vai passando, não só em Angola e  Moçambique, mas em todos os restantes países africanos onde habita essa fabulosa fauna bravia que a Natureza criou e que o homem vem destruindo implacávelmente. 

Não há palavras que possam descrever tal situação. Muitos e famosos escritores apregoaram a defesa e conservação da fauna bravia. Destaco um deles - Romain Gary -, que no seu romance "As Raízes do Céu", publicado em meados do século passado, deu ao mundo uma grande lição sobre o papel a desempenhar na conservação da natureza como um todo, colocando os elefantes no epicentro da sua sua tese equiparando-os aos humanos quanto ao direito à vida. Trata-se de um romance baseado nas experiências que o autor viveu na África Equatorial Francesa, durante a segunda guerra mundial e que alcançou um dos maiores êxitos editorias da época. 

Não falta, na actualidade, quem  continue a clamar pela conservação  da Natureza e protecção da vida bravia. Só que isso não basta, sabendo-se que o interesse capitalista e a acção dos carteis dos negócios sujos é cada vez maior e  não olha a meios para atingir os seus fins, encontrando em África um campo fértil graças à corrupção que se instalou nas novas sociedades dos países emergentes após a sua descolonização.

Quem, como nós, conheceu a  pujança e variedade dessa fabulosa fauna e tem a noção do seu papel no equilíbrio da Natureza, e simultâneamente como fonte de receitas quando explorada pela indústria turística, sabe que, se  medidas especiais e globais não forem tomadas face à situação actual,  o holocausto deste importante património da humanidade chegará mais depressa do que se pode pensar.






Elefante morto apenas para retirada do marfim


Enorme quantidade de presas de elefante apreendidas a futivos, 
algures em África nos últimos anos



Outra grande quantidade de presas igualmente de animais abatidos por futivos



Rinoceronte pouco depois de ter sido abatido e despojado dos seus cornos





Imagem de uma das muitas centenas de tendas de venda de animais bravios em Angola

A falta de fiscalização e controlo sobre os caçadores furtivos abre as portas para a devastação das espécies e dá a Angola um prejuízo que só as gerações vindouras saberão.
É caso para dizer que perder a capacidade de se indignar é o mesmo que estar morto ou a caminho da morte... Já não se tem sensibilidade interior.
No futuro nem eu saberei se teremos mais pátria, nem se o simples convívio terá a mesma carga semântica, que signifique reencontro das espécies.
Um dia todos fomos deste mundo, que um dia se chamou Angola com todos os seus habitantes, fauna e flora.
São sinuosos os caminhos do nosso paraíso.
Chegar ao Uíge, norte de Angola, a M’Banza Congo, não é diferente. Viajar de carro, por agora a melhor alternativa, obriga a tactear caminhos. Exalar o cheiro muitas vezes nauseabundo de vários animais abatidos indiscriminadamente. Contemplar estes animais expostos ao sol e à chuva nas bermas das estradas provoca terríveis dores no coração.
Para espanto dos desavisados, o negócio é legal e tem a permissão de todos os governos locais.
Enquanto a solução não vem, a população vai inundando os mercados informais com diversas espécies, muitas delas ameaçadas de extinção e a viverem em áreas desprotegidas.
Não há dificuldade para as carnes de caça em Angola se tornarem fonte de renda para muitas famílias.
O governo há muito tem vindo a prometer fazer um controlo mais rigoroso e fiscalizador à caça indiscriminada da fauna. É urgente fechar a porta da ilegalidade com mais punição, e usar estímulos para abrir a porta do uso sustentável. Do jeito como está, Angola joga todos para clandestinidade, inclusive os fiscais florestais que deviam aprimorar o conhecimento para ajudar no trabalho de preservação.
Estamos sentados sobre um património riquíssimo, mas a falta de regras rígidas impede o uso adequado da nossa biodiversidade.

Campanha de consciencialização e repressão policial são fundamentais, mas não suficientes, porque os caçadores furtivos contam com muitas saídas e com a fragilidade dos acordos e leis nacionais, muitas ainda não regulamentadas. As regiões vulneráveis em Angola são o norte, onde estão seis em cada dez animais em risco, e o interior, “mato”, que foi considerado insubstituível e é o habitat natural de todas as espécies selvagens.


Postado há 1 week ago por Jornal ChelaPress



Angola tem o segundo maior mercado de comércio ilegal de marfim a retalho em África, apenas atrás da Nigéria, informou a Organização Não Governamental (ONG) “Save The Elephants”, através de um comunicado.
A organização indica que um estudo sobre o comércio ilegal de marfim de elefantes africanos, realizado pelos investigadores Esmond Martin e Lucy Vigne, informa que Lagos e Luanda são os principais centros de “comércio ilegal de retalho de marfim”.
“Em Lagos (capital de Nigéria) há mais peças de marfim à venda, mas o comércio é mais dissimulado, com os vendedores mais conscientes das regras e mais receosos. Em Luanda (capital de Angola), os comerciantes parecem não estar preocupados com a possibilidade de serem detidos pelas autoridades”, refere a ONG, no seu comunicado.

A “Save The Elephants” alerta, também, para o facto de o preço do marfim, proveniente de elefantes mortos por caçadores furtivos, ter quase triplicado nos últimos quatro anos, no seio do principal mercado mundial, a China. “O aumento do preço do marfim está relacionado com uma vaga de abates de elefantes no continente africano, que não dá sinais de abrandar”, sublinhou a organização, sediada no Quénia.
De acordo com o estudo, o preço de venda do marfim em bruto, na China, era de cerca de 750 dólares em 2010, enquanto em 2014, os preços já rondam os 2.100 dólares. A “Save The Elephants” estima que tenham sido mortos cerca de 33.000 elefantes entre 2010 e 2012.
“Sem acção internacional concertada para reduzir a procura de marfim, as medidas para diminuir o número de elefantes abatidos não surtirão efeito”, explicou o fundador da ONG, Ian Douglas Hamilton, acrescentando que a “China detém a chave do futuro do elefante africano e particularmente do elefante angolano”. Deve destacar-se, ainda, que no início do século XX, existiam 20 milhões de elefantes no continente africano, um número que caiu para 1,2 milhões em 1980, caindo novamente para os actuais 500.000, apesar do comércio do marfim ter sido proibido em Angola e África em geral, em 1989.
Fonte: AngoNotícias