19 May 2014

135 - MERECIDA HOMENAGEM A UM GRANDE CAÇADOR GUIA



LUÍS PEDRO SÁ E MELLO - O HOMENAGEADO

O consagrado e mais antigo caçador guia português em actividade, LUIS PEDRO SÁ E MELLO, foi homenageado pelo Safari Club International - Lusitânia Chapter, numa cerimónia que decorreu durante o Jantar de Gala realizado no passado sábado, em Santarém, no restaurante do pavilhão onde decorreu a Expocaça/2014.

Trata-se de uma honrosa distinção que o SCI-Lusitânia concede a figuras que se destacam no mundo da caça, não só pela sua competência nas artes de caça, mas pelo conjunto de qualidades onde se destacam a ética desportiva, o respeito pelas leis reguladoras do exercício cinegético e a acção conservacionista dos praticantes.

O Luís Pedro, com uma carreira profissional com mais de 50 anos, iniciada em Moçambique, onde nasceu, e continuada noutros países  africanos como África do Sul, República Centro Africana, Sudão, Zimbábwé, Camarões e Tanzânia, reune todas essas condições e tem no seu longo palmarés destacados sucessos cinegéticos e acções preponderantes no campo da conservação das espécies bravias, que lhe mereceram rasgados elogios das entidades ligadas ao sector da fauna dos países onde actuou. O próprio Safari Club International (USA) o distinguiu nomeando-o entre os melhores cinco caçadores para o prémio do melhor caçador do ano de 2003.

Tive o privilégio de participar no jantar do SCI-Lusitânia, na qualidade de  amigo do homenageado e por ter sido convidado  a dar a minha contribuição na apresentação do seu currículo relativo ao percurso profissional em Moçambique, que decorreu de 1962 a 1974.

Na apresentação desse currículo salientei os aspectos mais relevantes desse percurso, nomeadamente as suas qualidades profissionais e humanas, a sua dedicação à causa da conservação da fauna bravia e ao seu envolvimento voluntário nas acções governamentais no combate à caça furtiva. Referi ainda os seus sucessos na condução de safaris que levaram os turistas caçadores a obter troféus de classe recorde, e destaquei o safari oficial em que foi abatido um soberbo elefante com presas de 65,00Kg cada, proeza que não acontecia desde há muitos anos em Moçambique e que não voltou a registar-se até hoje.

O presidente do SCI-Lusitânia, João Corseiro, complementou a apresentação do homenageado referindo-se às suas origens, à formação como caçador antes de se tornar profissional e depois fez uma descrição da sua carreira nos vários países africanos onde tem actuado desde que saiu de Moçambique em 1976. Referindo-se à sua nomeação por parte do SCI-USA, em 2003, para o prémio do melhor caçador do ano, salientou que era sua convicção que tal prémio não lhe foi atribuido por não ter havido o cuidado de incluir no processo de candidatura um capítulo descritivo das suas qualidades conservacionistas e da acção preponderante como colaborador das autoridades no combate à caça  furtiva.

O homenageado recebeu das mãos do seu filho João Pedro a placa evocativa desta homenagem, momento em que ficou visivelmente comovido e só com dificuldade fez os agradecimentos ao SCI-Lusitânia e aos presentes, terminando a sua breve e emotiva intervenção dedicando a homenagem à sua Família e aos caçadores de Portugal.

Reitero os parabéns já apresentados pessoalmente ao amigo Luís Pedro e sua Família, desejando-lhe uma longa vida e muitos mais sucessos profissionais 

Foram registados em fotografia alguns momentos da cerimónia, que 
se seguem para memória de quem esteve presente neste bem organizado Jantar de Gala e conhecimento de quem visitar esta página.

Depois das fotos da cerimónia segue-se a transcrição do "Álbum de Recordações" que dediquei ao Luís Pedro Sá Mello no ano 2000 e que o tempo e as constantes alterações nos sistemas informáticos fizeram desaparecer ou simplesmente alterar, como foi o caso de extinção do site da Geocities, onde estava inserido desde aquele ano e depois  na postagem de 2007 neste Blogue.

Lisboa, 19 de Maio de 2014

Celestino Gonçalves


O Luís Pedro, antes da cerimónia, visitou o pavilhão do SCI-Lusitânia, de que é membro


Mesa do homenageado, família e convidados. À esqª do LP está o ilustre médico cirurgião Dr. Carlos Martins

O presidente do SCI-Lusitânia, João Corseiro, no momento dos aplausos após a apresentação
 do homenageado

Celestino Gonçalves durante a descrição do percurso profissional do
Luís Pedro em Moçambique

O homenageado recebendo do seu filho João Pedro (também caçador guia) a placa evocativa 
oferecida pelo SCI-Lusitância, sob as vistas do seu presidente

 O abraço de felicitações entre pai e filho

Momento dos agradecimentos do homenageado 

Luís Pedro com os familiares presentes e o casal Gonçalves

Felicitações do representante do SCI-USA na Europa, Norbert Ullmann

Felicitações do Dr. Appleton,  industrial de safaris que opera em Moçambique

Luís Pedro, filho João e Celestino



Uma pose final de dois amigos caldeados durante a "época de ouro"
dos safaris em Moçambique - Celestino e Luís Pedro




RECORDANDO O


ÁLBUM DE RECORDAÇÕES
(Ano 2000)
LUÍS PEDRO SÁ E MELLO
(Caçador-Guia)

 Foto recente do Luis Pedro  Sá e Mello 
Esta emblemática foto documentou uma excelente reportagem sobre um safari conduzido por este caçador no Zimbabwe – Revista “Grande Reportagem”, Novº 99.
Nascido em 1940, em Lourenço Marques (actual Maputo), o Luis Pedro viveu e estudou na cidade de Quelimane, capital da província da Zambézia, até aos 21 anos. Pertence a uma família numerosa e muito conhecida na época em Moçambique – os Sá Mellos. Entre pais, tios e primos, este clã seria provávelmente o mais numeroso entre os portugueses  radicados naquela província e as suas actividades tornavam-nos muito conhecidos já que ocupavam lugares de direcção, quer no Estado quer na príncipal companhia agrícola  e outras actividades da região.
Desde novo que se apaixonou pela caça, (aos 14 anos abateu o seu primeiro búfalo) beneficiando da experiência de alguns dos seus familiares que o levavam  às caçadas com muita frequência. Conheceu assim a pujança faunística de zonas famosas como Morrumbala, Mopeia e Gilé, recordando-as com saudade sempre que se fala da situação que a fauna bravia de Moçambique atravessa actualmente !
Iniciou a actividade de caçador-guia em 1962, após ter cumprido o serviço militar, tendo feito a sua carreira no sul de Moçambique,  Coutadas 16 e 17. No final da década de 60 era já considerado um dos melhores caçadores-guias de Moçambique com renome internacional. Esta situação não passou despercebida aos Serviços da Fauna que passaram a dispensar-lhe certa atenção e até a requisitar a sua colaboração nomeadamente para acções decorrentes na região do alto Limpopo que ele bem conhecia e cuja língua local dominava com facilidade. Participou em várias acções de combate à caça furtiva e destacou-se sobretudo em duas missões: nos trabalhos de reconhecimento da região do Banhine, em 1971, com vista à criação do Parque Nacional com o mesmo nome e no safari oficial do membro do governo (Secretário Provincial de Terras e Povoamento) Engº Martins Santareno, em 1973, que culminou com o abate de um elefante de grandes proporções.



A equipa que efectuou os trabalhos de reconhecimento  da região de Banhine em 1971 
(em 1973 viria a ser criado o Parque Nacional com este nome).
 Da  esquerda para a direita:
Luis Pedro  Sá e Mello, o autor desta página, o Professor Dr. Jaime Travassos Dias (Director da Faculdade de Veterinária e Presidente da Associação de Protecção da Natureza de Moçambique) e Dr. Armando José Rosinha (Director dos Serviços de Fauna Bravia).
  



safari do Engº Santareno


 O Engº Martins Santareno (à esquerda) e o caçador-guia Luis Pedro  Sá e Mello, junto do enorme elefante abatido durante o safari oficial daquele membro do governo.

O safari  acima  referido decorreu na Coutada oficial 16, na provincia de Gaza, no mês de Novembro de 1973 e foi objecto de algumas especulações na época. Conjecturou-se que o abate do elefante teria sido efectuado com a utilização de um helicóptero e houve quem levantasse o problema da legalidade de tal abate. Não faltou quem tentasse pressionar as autoridades da fauna para que os troféus – duas belas pontas de marfim com 65 Kg cada – fossem retirados ao autor do abate e entregues ao Museu Álvaro de Castro (actual Museu de História Natural). A verdade é que as leis da caça de então previam a concessão de autorizações especiais aos membros do governo e a caçada ao elefante até fora supervisioada por representantes dos Serviços da Fauna. Não houve qualquer irregularidade e o Engº Santareno  pôde assim ficar na posse de tão bonitos e importantes troféus!
O abate de um elefante destas proporções já não ocorria há mais de vinte anos em Moçambique ! Até hoje não voltou a ser visto outro semelhante neste país e provávelmente não voltará a existir!
 Foi opinião generalisada entre caçadores que conheciam a região, incluindo do próprio Luis Pedro, que este elefante se encontrava há poucos dias no território moçambicano, vindo do vizinho Kruger Park, da África do Sul, cuja fronteira na época não dispunha de barreiras que impedissem a passagem destes paquidermes. Eu próprio corroborei esta teoria, pois conheci bem a região quando ali prestei, dezanove anos antes, como administrativo no Pafúri e nessa altura eram frequentes as incursões no interior do território de Moçambique de elefantes saídos daquele Parque, nomeadamente de machos solitários em busca de manadas receptivas.
Vinte e sete anos depois deste acontecimento (em Junho último) o Luis Pedro voltou a descrever-nos a caçada com todos os seus pormenores emocionantes, reavivando-nos assim a memória de factos que na altura bem conhecemos, dos   quais ele muito se orgulha por ter sido um dos protagonistas e responsável por aquela que viria a ser considerada uma das caçadas mais célebres em Moçambique !



Escutado atentamente pelo Dr Armando Rosinha (ao fundo),  por seu filho João Pedro
(em primeiro plano) e pelo autor desta página  (não visível na foto), o Luis Pedro quando
descrevia  a caçada ao elefante abatido pelo Engº Santareno em 1973, na Coutada 16,
caçada essa que ele conduziu e  que ficou famosa pelas dimensões e pêso das presas de marfim 



Um currículo invejável ! 
O Luis Pedro  Sá e Mello, actualmente, será o caçador-guia português que actuou em Moçambique com maior currículo nesta actividade. Ele saíu do país que o viu nascer logo após a independência pela razão única de terem sido suspensas, a partir de 1975, as actividades de caça. Tal como a maioria dos caçadores da época, rumou para outros países africanos, passando pelo Sudão, República Centro Africana, Camarões, Zimbabwe, África do Sul e nos últimos anos na Tanzania ao serviço da prestigiosa empresa “Tanganyika Wildlife Safari”. Em todos estes países tem somado  êxitos sobre êxitos encontrando-se cotado entre os melhores  Professional Hunters que actuam em África !
Poucos são já os portugueses que exercem esta arrojada actividade. Ele é o único entre os 20 caçadores-guias brancos que trabalham na referida empresa concessionária das afamadas áreas de “SELOUS GAME RESERVE”, “RUVU MASAI” e “KITWAI”.
Trinta e oito anos de actividade ininterrupta numa profissão desgastante como é a de caçador-guia em África, é um admirável record entre os portugueses que o Luis Pedro diz não ficar por aqui já que a sua forte paixão por este tipo de vida e o facto de ter uma saúde de ferro, o prendem a novos contratos !



Um belo exemplar de Leão (Panthera leo) é sempre orgulho de qualquer caçador, mesmo que a sua participação no abate seja, como neste caso, a de organizador e condutor da respectiva caçada ! 
(safari recente na Tanzania).

Conhecedor profundo da fauna africana  e estudioso dos problemas envolventes, tem  sido convidado a escrever artigos para revistas deste fôro nomeadamente nos Estados Unidos da América, assim como para proferir palestras em Clubes de caçadores de vários países.  É membro de várias organizações como o prestigiado Safari Club International (USA),  do Game Coin (USA), da International Professional Hunters Association of South Africa (África do Sul) (fundador) e da Association de la Chasse Professionnel (França). É ainda medidor oficial do Rowland Ward’s – Records of big Game, a mais antiga e principal organização mundial que coordena e publica em edições periódicas especiais as listas dos animais bravios abatidos em todo o mundo e nomes dos respectivos caçadores, cujos medidas se enquadram nos limites estabelecidos para figurarem nos anais dos melhores troféus.


O mais pequeno dos animais classificados como os “Big Five” africanos – o leopardo (Panthera pardus) (os restantes são: Elefante, Rinoceronte, Búfalo e Leão) é dos mais difíceis de caçar precisamente pelos hábitos silvestres que o encobrem fácilmente da vista dos caçadores. 
Tal como acontece com o Leão, as artes de caça a este felino envolvem um trabalho aturado por parte dos guias e seus auxiliares ao longo de vários dias, por vezes durante todos quantos dura o safari e nem sempre é coroado de êxito.
Daí serem estes troféus muito desejados por todos os caçadores-turistas, como este que está na foto (à esquerda) e cuja satisfação é bem patente no seu rosto !
  


Uma família de caçadores 
Um outro aspecto curioso que torna este caçador-guia ainda mais emblemático é o facto de ser filho de um caçador – António  Sá e Mello – e ter um filho – João Pedro Sá e Mello – também caçador, todos eles guias profissionais ! O pai, já falecido, depois de uma carreira  diferente na província da Zambézia passou os seus últimos dez anos como caçador-guia nas Coutadas do sul de Moçambique. O filho, ainda jovem quando a família se radicou em Portugal em 1975, acabaria também por escolher a profissão do pai e dedicar-se a partir de 1992, na Tanzania, a esta apaixonante actividade, frequentando mais tarde, em 1996, um curso de caçador profissional numa escola da especialidade na África do Sul.
Três gerações abarcando ideais comuns numa vida sertaneja africana tão árdua quanto emotiva, é herança de que muito se deve orgulhar esta família !
Acresce ainda que mais um outro caçador profissional , o José Afonso Ruiz (já falecido), que foi concessionário da Coutada 17, fazia também parte desta família: era tio da mãe do João Pedro, portanto tio avô deste!



Como filho de peixe sabe nadar, o João Pedro não deixa os créditos da família mal parados e como caçador-guia tem já um currículo apreciável ! 
Na foto junto de um excelente troféu – búfalo (Syncerus caffer) – abatido na Tanzania. 


Uma vida atribulada ! 
Encontrar o Luis Pedro durante o período das suas férias em Portugal é muito difícil!  Por norma passa seis meses em África (entre Junho e Dezembro) directamente ocupado nos safaris. Os restantes seis meses divide-os entre a família em Portugal e as viagens para outros países  para cumprir compromissos ligados à sua profissão. É a missão de propaganda dos safaris na sua empresa; são as solicitações para visitar clubes de caçadores e proferir palestras; são os convites dos amigos para efectuar caçadas fora do ambiente africano ( a última caçada foi na Argentina, em Abril último, onde abateu um veado “Colorado” com 16 pontas e direito a figurar no Rowland Ward’s).
Uma catrefa de tarefas que o ocupam mais tempo do que aquele que a família e os amigos próximos desejavam !
Em Portugal o Luis Pedro foi já objecto de atenções por parte da comunicação social, nomeadamente a Rádio Televisão Portuguesa que seguiu um dos seus safaris no Zimbabwe e integrou a respectiva reportagem no seu programa “Portugal Sem Fim”. Ao mesmo tempo a revista “Grande Reportagem”, na sua edição de Novembro de 1999 inseriu uma bela reportagem paralela ao trabalho da RTP, fazendo-se assim juz ao valor deste profissional que, como muito bem se diz nesta mesma reportagem, “…..continua a caçar na tradição dos nossos velhos sertanejos, esses exploradores anónimos do século passado que, em verdade se diga, desvendaram bem mais do interior de África que todos os Livingstone deste mundo.”

 
Nos últimos 25 anos este foi o quarto encontro com o Luis Pedro  
Na foto estão,  para além dele  (ao centro),  o Dr. Armando Rosinha (à esquerda) e o autor  (à direita).
Local:  o cantinho onde se dá forma a esta página – o escritório da casa Marrabenta. Data: 15 de Junho de 2000.
Marrabenta, Outubro de 2000
 
Celestino Gonçalves



26 April 2014

134 - PROJECTO LEÕES DA GORONGOSA

Pedido do Projecto Leões da Gorongosa / Request from Gorongosa Lion Project

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Leao2Os nossos leões precisam da sua ajuda!
O Projecto Leões da Gorongosa foi criado para a recuperação, com base científica, dos leões do Parque Nacional da Gorongosa e este ano estamos a começar uma avaliação genética dos leões do Parque. Estamos a trabalhar intensivamente para perceber como recuperar da forma mais eficaz esta preciosa população de leões e a composição genética da nossa população é uma questão crítica que precisa ser resolvida, e em última análise acabará por determinar acções urgentes de recuperação dos leões, a levar a cabo pelo Parque.
Precisamos de obter pequenas amostras de 2x2 cm de pele e/ou tecido de troféus de leões provenientes do Parque Nacional da Gorongosa (ou das áreas circundantes) durante as últimas décadas. Caso possua um destes troféus, proveniente da região da Gorongosa, o mesmo poderá ser de grande ajuda para a obtenção de dados importantes. As amostras podem ser cortadas das dobras onde a pele foi dobrada e costurada sem danificar o troféu.
Se nos puder ajudar neste importante estudo, ou se precisar de mais informação, por favor contacte Paola Bouley (paola@gorongosa.net), Rui Branco (chibedjana@hotmail.com) e Vasco Galante (vasco@gorongosa.net).
PS - Por favor circular este email caso conheça alguém que possa contribuir com as amostras acima referidas.  
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Dear Friends of Gorongosa,
Our lions need your help!
Gorongosa Lion Project is dedicated to the science-based recovery of lions in Gorongosa National Park and this year we are beginning a genetic assessment of the Park's lions.  We are working hard to understand how to most effectively recover this precious lion population and the genetic composition of our population is a critical question we need to address that will ultimately steer urgent lion recovery actions undertaken by the Park.
We need to secure small, 2x2-cm patches of skin/tissue from lion trophies taken from Gorongosa National Park (or nearby) from pre- or post-war years.  If you were a trophy hunter in or around the Gorongosa area during prior years, you can help us gather this important data.  The samples can be snipped from the folds where the skin were tucked and sewn together without harm.
If you can assist with this important study, or need further info, please feel free to contact Paola Bouley (paola@gorongosa.net), Rui Branco (chibedjana@hotmail.com) and Vasco Galante (vasco@gorongosa.net).
PS - Please circulate this email if you know someone who can help with the samples referred above.

13 April 2014

133 - PUNIÇÃO AOS CAÇADORES FURTIVOS - UMA LEI QUE PECA POR TARDIA



Finalmente!

Uma Lei acabada de aprovar em Moçambique vem colmatar uma lacuna existente naquele país irmão no que respeita à preservação das espécies em vias de extinção, nomeadamente o Rinoceronte e o Elefante.

Tal Lei, que peca por tardia e talvez pouco servera, deveria ter sido feita logo após a adesão de Moçambique à Convenção Internacional sobre Comércio das Espécies em Perigo de Extição (CITIES), em 1981, altura em que no país ainda havia um considerável número de Rinocerontes, posteriormente desaparecidos devido a factores bem conhecidos e à impunidade dos caçadores furtivos e dos seus mandantes. Eu próprio, nessa altura ainda em funções em Moçambique, fiz uma comunicaão num seminário sobre conservação de fauna e florestas, em que foquei a situação (já muito precária) do Rinoceronte no país e alertava as autoridades de cúpula para medidas drásticas em relação aos furtivos e também aos traficantes dos seus cornos, referindo um dos príncipais canais de saída deste produto, apenas ao alcance dessas autoridades.

A situação dos últimos anos, quanto aos Rinocerontes e aos Elefantes, tornou-se de tal modo insustentável que tem posto em risco não só a existência destas espécies (o Rinoceronte está praticamente extinto no país), mas também o futuro dos Parques e Reservas onde as mesmas  eram a bandeira principal que atraíu avultados investimentos estrangeiros  e nacionais com vista à sua preservação, destacando-se os Parques da Gorongosa, Limpopo e Banhine e Reservas do Niassa e Maputo.

No artigo do jornal Savana, do passado dia 11, que abaixo se transcreve, dá-se conta do alastramento da situação ao país vizinho, onde os furtivos idos de Moçambique têm causado avultadas baixas nos efectivos das referidas espécies, ao ponto de as autoridades do Parque Krueger  ameaçarem romper com o acordo que levou à criação do Parque Transfronteiro do Limpopo e voltarem a colocar as fortes vedações entre estes dois parques, que levantaram  a quando dessa criação em 2000.


ARTIGO DO JORNAL MOÇAMBICANO "SAVANA"

AR aprova Lei que dá 12 anos de cadeia aos caçadores furtivos
Ricardo Mudaukane
Depois de o país ter servido de paraíso para os caçadores furtivos, o Estado moçambicano dá mostras de estar determinado em agir contra a chacina de animais em extinção, principalmente elefantes e rinocerontes.
Pela primeira vez na história de Moçambique, a Assembleia da República aprovou quarta-feira, na generalidade, uma lei que torna crime a caça furtiva de espécies em extinção.
A lei foi aprovada, ainda que na generalidade, com os votos a favor dos deputados das três bancadas do parlamento moçambicano, o que sinaliza a preocupação colectiva com o impacto da caça furtiva em Moçambique.
O comando normativo avalizado pela Assembleia da República prevê penas entre oito a 12 anos de cadeia a caçadores furtivos de espécies protegidas e a autores de fogo posto com fins de caça clandestina de animais protegidos.
O uso ilegal de armas de fogo e de armadilhas, mesmo contra animais não protegidos, acarretará sanções penais até dois anos, de acordo com o instrumento legal em causa.
A proposta defende que a exploração ilegal, armazenamento, transporte ou venda de espécies protegidas será sujeita a multas entre 50 a mil salários mínimos.
A violação de artigos da Convenção Internacional sobre Comércio de Espécies em Perigo (CITIES) será igualmente multada com sanções pecuniárias até mil vezes o salário mínimo.
Fim da impunidade?
Falando na apresentação da proposta de lei, ora aprovada na generalidade, o ministro moçambicano do Turismo, Carvalho Muária, afirmou que a norma decorre do facto de Moçambique não deter um instrumento punitivo com a necessária severidade.
Carvalho Muária apontou, a título de exemplo, que entre dois a três elefantes são diariamente abatidos na Reserva do Niassa, norte de Moçambique, colocando em risco a população daqueles paquidermes.
Por outro lado, o país tem sido usado como corredor para o trânsito de caçadores furtivos em incursões no parque sul-africano de Krueger, onde centenas de elefantes e rinocerontes são anualmente abatidos por caçadores furtivos, que extraem pontas e cornos para venda no mercado asiático.
Dezenas de moçambicanos morrem por ano em confrontos com as Forças de Defesa e Segurança da África do Sul, durante a caça furtiva, e tantos outros cumprem actualmente pesadas penas de prisão em conexão com a actividade.
O Governo sul-africano tem demonstrado publicamente o seu desagrado com a contraparte moçambicana por considerar que a falta de leis penais em Moçambique é uma das causas da alegada impunidade com que os caçadores furtivos actuam entre os dois países.
Aqueles que degradarem o ecossistema, através da desflorestação, fogo ou outro acto ilícito, serão obrigados a restaurar a área afectada, sendo igualmente obrigados a pagar pelo repovoamento de espécies atingidas pelas suas acções, além de outras sanções legalmente previstas.
“O Estado moçambicano assume as suas responsabilidades perante a humanidade, para a protecção da biodiversidade no seu território”, disse o ministro do Turismo de Moçambique, Carvalho Muária, durante a apresentação da proposta de lei, ora aprovada na especialidade.
De acordo com Muária, a lei pretende fomentar a reabilitação das áreas de conservação, bem como garantir a concepção de modelos de gestão inovadores e pragmáticos dos recursos florestais, conciliando os interesses dos sectores públicos e privados.
Ao abrigo da lei em causa, cada área de conservação será gerida por um conselho, presidido por um administrador nomeado pelo Governo, coadjuvado por representantes das comunidades locais, sector privado e entidades estatais.
“O Estado poderá estabelecer parcerias com o sector privado, comunidades locais, organizações com o sector privado, comunidades locais, bem como organizações nacionais e estrangeiras da sociedade civil, por via de contratos, para a criação de sinergias a favor da preservação da diversidade biológica”, diz a proposta de lei.
SAVANA – 11.04.2014

(FIM DE TRANSCRIÇÃO)

Lisboa, 13 de Abril de 2014
Celestino Gonçalves



11 April 2014

132 - GORONGOSA - UMA JANELA PARA A ETERNIDADE




Inaugurado Laboratório de Biodiversidade Edward O. Wilson

29 Março, 2014


O Professor Edward O. Wilson, aclamado pela National Geographic Society como "o maior naturalista de nosso tempo", emprestou o seu nome e a sua visão a um estabelecimento de alto nível concebido para investigação da biodiversidade no Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique. O conceituado biólogo evolucionista foi um dos convidados de honra na cerimónia de abertura do "Laboratório de Biodiversidade Edward O. Wilson”, na quinta-feira 27 de Março de 2014. O Laboratório é o primeiro de género a abrir em Moçambique. 
Alguns dos distintos convidados para a inauguração do Laboratório de Biodiversidade E. O. Wilson (fila de trás, da esq. para a dir.) Beca Jofrisse, Greg Carr, Douglas Griffiths, Professor E.O. Wilson, Abdala Mussa, Anibal Nhampossa, Paulo Majacunene, e na fila da frente Mateus Mutemba (Foto de Piotr Naskrecki)

O Parque Nacional da Gorongosa fica situado no extremo sul do Grande Vale do Rift no centro de Moçambique. A paisagem diversificada e a topografia desta área deu origem a uma biodiversidade imensa, incluindo espécies que não é possível encontrar noutros pontos da Terra. Fruto duma parceria entre o Governo de Moçambique e a Fundação “Gorongosa Restoration Project” dos EUA, o Parque Nacional da Gorongosa está em reabilitação há cerca de seis anos depois da destruição que sofreu como resultado do conflito armado de dezasseis anos que assolou Moçambique. A restauração em curso coloca hoje o Parque da Gorongosa no bom caminho para recuperar o seu estatuto de ícone. Desde o início do projecto, foram reabilitadas as suas infra-estruturas de gestão e turismo, e o número de animais de grande porte tem estado a aumentar, tendo algumas espécies registado uma recuperação de mais de 40%. Até agora, o Projecto de Restauração da Gorongosa revitalizou o trabalho anti-caça furtiva; reconstruiu as infra-estruturas do Parque; conduziu o monitoramento biológico; reintroduziu herbívoros em massa: zebras, bois-cavalos, búfalos, elefantes, hipopótamos; apoiou em infra-estruturas (escola, centros de saúde, residências para professores e enfermeiros); e construiu um centro de educação comunitária no interior do Parque.
A Serra da Gorongosa está situada no limite ocidental do Grande Vale do Rift e é parte integrante do Parque Nacional da Gorongosa (Foto de Piotr Naskrecki)

A investigação científica é uma parte integrante do esforço de restauração a longo prazo, porque uma profunda compreensão do ecossistema da Gorongosa vai ajudar os gestores do parque na tomada de decisões informadas sobre conservação. O novo laboratório de biodiversidade posiciona a Gorongosa para se tornar num ponto central de investigação científica na África Austral. O laboratório já atraiu a atenção regional, nacional e internacional. Cientistas de instituições Moçambicanas e internacionais, como as Universidades Eduardo Mondlane e Lúrio em Moçambique, a Universidade de Coimbra, em Portugal, e as Universidades de Harvard e Princeton, nos EUA, começaram já a realizar investigações no Parque.
A especialista de elefantes, Joyce Poole estuda o comportamento dos elefantes da Gorongosa enquanto o seu irmão Bob Poole, filma esse comportamento. 

O Laboratório irá coordenar uma ampla gama de projectos de investigação exploratória e projectos de restauração que vão desde o acompanhamento dos bandos de leões e manadas de elefantes, à medição da eficácia do esforço de reflorestação na Serra da Gorongosa. O Laboratório irá fornecer aos investigadores visitantes e residentes, bem como aos estudantes, ferramentas para processar, identificar e armazenar amostras biológicas, incluindo o armazenamento a longo prazo de tecidos e DNA; instalações para amplificação e extracção de DNA estarão também disponíveis no local. Um componente importante do laboratório é a colecção sinóptica de espécies animais e vegetais presentes no Parque da Gorongosa, desenvolvidas em colaboração com Museu Nacional de História Natural de Moçambique em Maputo. O Museu alojará na sua colecção nacional, a réplica de todos os espécimes que forem identificados no Parque da Gorongosa.
O técnico do laboratório, Flávio Artur Moniz, prepara-se para a chegada de espécimes biológicos. Os cientistas da Gorongosa tencionam identificar todas as espécies visíveis a olho nu. Trata-se de algo que até agora não foi conseguido por nenhum outro parque nacional em todo o mundo. (Foto de Piotr Naskrecki)

Um dos papéis mais importantes do Laboratório é providenciar formação à próxima geração de cientistas moçambicanos no Parque e também enviá-los para universidades de modo a tirarem diplomas avançados. "Esperamos poder ajudar a lançar as carreiras de uma geração de cientistas moçambicanos no laboratório de Biodiversidade E. O. Wilson", afirmou Mateus Mutemba. Alguns jovens (provenientes das comunidades vizinhas do Parque ou das escolas técnicas da região centro), que recebem assistência financeira total ou parcial do Laboratório, já começaram a estudar em universidades e escolas de nível médio para futuras carreiras como veterinários, ecologistas e técnicos de laboratório.
O estudante Moçambicano de fauna bravia e gestão de conservação, Tonga Torcida analisa uma coluna de formigas Matabele (Pachycondyla analis) que atravessa a estrada – trata-se de uma espécie que lhe atraiu particularmente atenção depois de ter obtido orientações do Professor E. O. Wilson (uma autoridade mundial no comportamento das formigas). (Foto de Piotr Naskrecki)

Em Junho de 2013, uma equipe de quinze especialistas moçambicanos e internacionais de renome completou o seu primeiro grande projecto, uma pesquisa abrangente sobre os animais e as plantas do Planalto de Cheringoma, no lado leste do Parque. A pesquisa registou mais de 1.200 espécies, incluindo várias espécies desconhecidas da ciência. Os cientistas irão em breve iniciar uma pesquisa similar na região praticamente inexplorada de Dingue-Dingue, com especial enfoque nas zonas húmidas e nos ecossistemas aquáticos. Estes levantamentos anuais de biodiversidade irão ser apoiados pelo novo laboratório e respectivas instalações de  arquivo e catalogação.
Alguns dos cientistas que participaram no Levantamento de Biodiversidade em Cheringosa 2013, apreciam o pôr do sol. Neste primeiro levantamento global da área, foram registadas mais de 1.200 espécies, incluindo algumas desconhecidas do ponto de vista científico. (Foto de Piotr Naskrecki)

Desde a sua primeira visita da Gorongosa, em 2011, o Professor Wilson desenvolveu uma atenção especial pelo Parque da Gorongosa, chamando-o: "... Ecologicamente o parque mais diversificado do mundo." Durante as primeiras duas visitas de Wilson à Gorongosa em 2011 e 2012, ele liderou expedições científicas para catalogar a biodiversidade do parque. Compreendendo a biodiversidade única do lugar, ele defendeu levantamentos contínuos para catalogar todas as espécies na Gorongosa. O novo laboratório da biodiversidade que é dedicado a Wilson será fundamental para catalogação e armazenamento das amostras obtidas nas investigações científicas anuais. Wilson também acaba de publicar um livro intitulado: "Uma Janela para a Eternidade: A Caminhada de um Biólogo pelo Parque Nacional da Gorongosa", a ser lançado em Abril, bem como dedicou vários módulos de aprendizagem de seu novo iBook, "Vida na Terra de E. O. Wilson” à Gorongosa.

"Os Parques Nacionais como a Gorongosa desempenham um papel importante na preservação da biodiversidade do mundo. Ao longo do tempo, a investigação deste laboratório irá ajudar a disseminar conhecimento acerca de como salvar a vida noutras partes do mundo", disse o Professor Wilson. 
O Professor E.O. Wilson examina atentamente uma teia de aranha-tecelã durante uma das suas actividades de recolha de insectos no Parque Nacional da Gorongosa (Foto de Bob Poole)

DISCURSO DE INAUGURAÇÃO DO LABORATÓRIO 



"O desenvolvimento destas instalações maravilhosas, juntamente com a inclusão anterior da Serra da Gorongosa no Parque e a reconstrução da mega fauna para números  que se aproximam aos do período pré-guerra, são realidades que se devem a Greg Carr e ao governo de Moçambique. Tudo isto significa um avanço não só deste país e de África, mas de todo o movimento ambiental global.

Essencialmente, o que se conseguiu é dar um papel mais amplo no movimento global,  aos parques naturais do mundo e às outras reservas de história natural. Este desenvolvimento vai ajudar a trazer a vida de volta à consciência ambiental da humanidade. Por que é que eu digo isto? O mundo está a tornar-se “verde”. A consciência ambiental tem crescido dramaticamente durante as últimas décadas . No entanto, o foco incide cada vez mais na parte não-viva do mundo, ou seja, nas mudanças climáticas, na poluição e no esgotamento de recursos insubstituíveis . Ao mesmo tempo, a atenção tem-se afastado para longe da parte viva da Terra, a chamada biosfera, uma camada de organismos vivos tão fina que não pode ser vista a partir do lado de um veículo espacial em órbita. A biosfera ainda tem muita biomassa, ou seja, o peso do tecido vivo. A maior parte é nas fazendas e florestas que sustentam a espécie humana. O que está em declínio é a biodiversidade, a variedade dos organismos vivos. A biodiversidade existe em três níveis: em primeiro lugar, os ecossistemas, como os lagos, os fluxos de água, as savanas e  as florestas secas do Vale do Rift e do Planalto de Cheringoma; em seguida, as espécies de plantas, animais e micro-organismos que compõem os ecossistemas; e, finalmente, os genes que prescrevem as características que distinguem as espécies que compõem os ecossistemas. Os Parques Nacionais, como a Gorongosa desempenham um papel importante na preservação da biodiversidade do mundo, e agora, cada vez mais, na aprendizagem de como salvá-los noutros lugares do mundo.

Quanta biodiversidade existe? Até à data, dois milhões de espécies de plantas, animais e micro-organismos foram descobertos, com as descrições e os nomes formais dados por biólogos. As estimativas, no entanto, colocam o número real perto dos dez milhões. Quando as bactérias e outros micróbios forem adicionados, o número subirá enormemente. A humanidade, para colocar a questão da forma mais simples possível, vive num planeta pouco conhecido. Falta-nos uma ideia precisa do que as nossas actividades estão a causar nele.

Isso leva-me a um outro ponto importante e pertinente para este Parque. A Gorongosa é até agora, creio eu, o único parque em África, e um dos poucos em todo o mundo, a realizar um estudo completo para descobrir e identificar todas as espécies de plantas, animais e micróbios que compõem sua biodiversidade e não apenas os mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e vegetação, mas todos os insectos, aranhas e outros invertebrados também. Este projecto, liderado por Piotr Naskrecki, e utilizando a experiência de Marc Stalmans, possibilitou já que aparecessem muitas espécies novas, principalmente de insectos. À medida que ele se expande, o número de espécies animais e vegetais irá aumentar de forma dramática. A título de comparação, considerem o Smoky Mountains National Park, nos Estados Unidos, onde um esforço semelhante, trouxe à luz cerca de 18.000 espécies.

Devemos aprender o máximo que pudermos sobre essas criaturas menores que eu gosto de chamar de "as pequenas coisas que governam o mundo”. Os elefantes, os leões e os outros mamíferos, obviamente desempenham um papel vital na ecologia da Gorongosa, mas eles vivem em cima de um plataforma viva de outros seres, plantas e animais, geralmente negligenciados. Eu acredito fortemente que devemos estender o termo "fauna bravia" para abranger todos os animais, grandes e pequenos, que compõem os ecossistemas.

Há tanta coisa a aprender para os cientistas e os naturalistas amadores no Parque Nacional da Gorongosa em termos de ecologia, fisiologia, e outros aspectos da biologia e do ambiente físico do parque também. Este é um local ideal para ser pioneiro do conceito de parques naturais em todo o mundo como centros de investigação e educação. O centro será um trunfo não apenas para os visitantes, mas cada vez mais ao longo do tempo, de grande valor para o povo de Moçambique. Tenho muito orgulho de ser uma parte deste processo, e felicito aqueles que criaram o centro e agora estão prontos para fazer dele um exemplo para o resto do mundo replicar.

Por E.O. Wilson
Quinta-feira 27 de Março de 2014
Inauguração do Laboratório de Biodiversidade Edward O. Wilson
(Fim de transcrição
NOTA FINAL
O Grupo de Amigos da Gorongosa confratula-se por mais este importante investimento no PNG e felicita os seus obreiros!