CARTAS DA BEIRA DA BEIRA DO ÍNDICO
(3)
FÉRIAS EM MOÇAMBIQUE
(2008/2009)
FIM DE SEMANA ALARGADO FORA DE PORTAS
1 – TRÊS DIAS NA PRAIA DE XAI-XAI
Aproveitando o fim de semana alargado por motivo do feriado municipal – 10 de Novembro, dia da cidade de Maputo -, a família organizou a primeira saída fora de portas desde que chegamos em 18 de Outubro. Nem mais nem menos que à praia do Xai-Xai, aquela que há muito foi considerada a rainha das praias de Moçambique, a 225 quilómetros para norte da capital!
Desde longa data que esta praia merece a nossa preferência, assim como da família Couto (clã do meu genro), que a frequenta com regularidade e onde um dos elementos possui uma moradia!
Se outras razões não existissem para gostarmos desta praia, bastar-nos-ia, a mim e à parceira que me atura há mais de meio século, a recordação da nossa lua de mel, ali passada no já longínquo ano de 1956!
As condições meteorológicas em Maputo, que eram excelentes quando se tomou a decisão de ir ao Xai-Xai, complicaram-se entretanto com o aparecimento das primeiras chuvas da época, na véspera da partida, acompanhadas de fortes ventos, aqueles que vêem do sul e que põem a cidade num autêntico pandemónio! Mas nem isso desencorajou o grupo que se pôs a caminho no sábado de manhã.
Dado que uma das netas, a mais nova, tem por hábito convidar uma amiga quando a família sai da cidade (um hábito recíproco), o número de passageiros ultrapassou a lotação de um único carro e assim a caravana foi composta por duas viaturas.
Sair ou entrar nesta cidade para quem vai ou vem da estrada de Marracuene, é algo complicado, tamanha é a confusão do trânsito em qualquer das artérias que servem esta via. A opção tomada de sairmos pelo bairro do Hulene, contornando o aeroporto, não foi a melhor visto que as chuvadas da noite tornaram este trajecto num autêntico riacho, cheio de poças, onde muitas viaturas se encontravam avariadas e a complicar a circulação!
Desembaraçados deste labirinto, onde os “chapas” são reis e senhores, ultrapassando-se uns aos outros sem respeito pelas mais elementares regras do trânsito, na luta pela tomada de passageiros, atingimos sem problemas a estrada de Marracuene ao fim de quarenta e cinco minutos e apenas uns sete quilómetros percorridos. Contribuiu para isso, claro, a experiência dos condutores, já habituados a este caos rodoviário! Paula à frente, no Nissan Terrano e o Joy atrás, no Toyota Hilux!
A manhã estava cinzenta e ventosa, mas sem chuva, pelo que a marcha foi facilitada na excelente estrada nacional nº 1. Menos de trinta quilómetros percorridos atingimos a vila de Marracuene, a nossa querida Vila Luísa, que faz parte das nossas vidas! Deu apenas para uma breve paragem no cemitério, de visita às campas dos bisavós e trisavô maternos das minhas netas! Posteriormente, ali iremos para uma visita mais demorada, como sempre fazemos quando estamos cá.
Viajar por essa estrada afora é um prazer para quem gosta de observar a natureza na sua verdadeira plenitude! Os verdes deslumbrantes desta África que nos é tão familiar, são, nesta época do ano, o primeiro regalo para a vista de quem veio do velho continente onde o Outono pardacento já se fazia sentir. Os cheiros da terra molhada pelas primeiras chuvas é outra sensação gratificante!
A Vila da Manhiça, 47 Km depois de Marracuene, foi outra paragem obrigatória, para matar a fome no restaurante-pousada Laurentino, do eterno e simpático Fajardo. Ele lá estava com a esposa, naquela paz de espírito a que nos habituou, bem disposto e saudoso de muitos amigos que já não voltam ao seu famoso restaurante! Até os seus simpáticos gatinhos amarelos se mantêm fieis às roçadelas pelas pernas dos clientes, para satisfação das minhas netas que lhes pegam ao colo como se lhes pertencessem!
De novo na estrada e a Palmeira (povoação), a 20 Km, lá está sobranceira às planícies do vale do Incomáti, com a velha fábrica de descasque de arroz do saudoso Inácio de Sousa a pedir um restauro como fizeram à estrada! A palmeira (árvore), que substituiu a velhíssima caída pelo ciclone de há uns anos, parece ter vencido a primeira fase de crescimento e já se vislumbra à distância, não para cumprir a missão como ponto geodésico de referência, que fora dada à primeira por Gago Coutinho no primeiro quartel do século passado, mas para se manter viva a tradição do nome deste lugar tão emblemático de onde se avista uma bela paisagem!
Ultrapassado o vale do Incomáti onde a açucareira de Xinavane continua a expandir as suas áreas de plantação de cana, a vila da Macia, 52 Km depois da Palmeira, foi o terceiro ponto de paragem obrigatória, para comprar frutas, legumes e caju, e para refrescar as gargantas num dos vários bares existentes. Continua a ser um lugar de muito movimento, já que ali se cruzam as estradas para a praia do Bilene e para o Chókwè.
Viajar por essa estrada afora é um prazer para quem gosta de observar a natureza na sua verdadeira plenitude! Os verdes deslumbrantes desta África que nos é tão familiar, são, nesta época do ano, o primeiro regalo para a vista de quem veio do velho continente onde o Outono pardacento já se fazia sentir. Os cheiros da terra molhada pelas primeiras chuvas é outra sensação gratificante!
A Vila da Manhiça, 47 Km depois de Marracuene, foi outra paragem obrigatória, para matar a fome no restaurante-pousada Laurentino, do eterno e simpático Fajardo. Ele lá estava com a esposa, naquela paz de espírito a que nos habituou, bem disposto e saudoso de muitos amigos que já não voltam ao seu famoso restaurante! Até os seus simpáticos gatinhos amarelos se mantêm fieis às roçadelas pelas pernas dos clientes, para satisfação das minhas netas que lhes pegam ao colo como se lhes pertencessem!
De novo na estrada e a Palmeira (povoação), a 20 Km, lá está sobranceira às planícies do vale do Incomáti, com a velha fábrica de descasque de arroz do saudoso Inácio de Sousa a pedir um restauro como fizeram à estrada! A palmeira (árvore), que substituiu a velhíssima caída pelo ciclone de há uns anos, parece ter vencido a primeira fase de crescimento e já se vislumbra à distância, não para cumprir a missão como ponto geodésico de referência, que fora dada à primeira por Gago Coutinho no primeiro quartel do século passado, mas para se manter viva a tradição do nome deste lugar tão emblemático de onde se avista uma bela paisagem!
Ultrapassado o vale do Incomáti onde a açucareira de Xinavane continua a expandir as suas áreas de plantação de cana, a vila da Macia, 52 Km depois da Palmeira, foi o terceiro ponto de paragem obrigatória, para comprar frutas, legumes e caju, e para refrescar as gargantas num dos vários bares existentes. Continua a ser um lugar de muito movimento, já que ali se cruzam as estradas para a praia do Bilene e para o Chókwè.
O trecho de 6o Km da Macia ao Xai-Xai, que há dois anos beneficiava ainda de grandes obras de restauro, está já totalmente reparado e rapidamente se chega às lezírias do Limpopo, onde muitas manadas de gado bovino se vêem a pastar, um cenário bucólico que havia desaparecido durante muitos anos e que revela o progresso alcançado últimamente no sector agrário deste país!
Num abrir e fechar de olhos chegamos à ponte sobre o rio, que é a porta para a cidade de Xai-Xai para quem vai do sul.
Ali, na capital da província de Gaza, pulula uma verdadeira multidão de gente dando vida a um comércio bem abastecido e já recuperado das grandes cheias de há oito anos! Parámos para comprar pão fresco e gelo e em cerca de 15 minutos fizemos os restantes dezasseis quilómetros que distam desde a ponte até a praia.
Sou um pouco suspeito para falar da praia de Xai-Xai, mas poderia citar imensos escritos, entre eles brochuras de propaganda turística, que ao longo dos anos descreveram as suas belezas, classificando-a como das mais belas do país e até lhe atribuíram o título de rainha das praias de Moçambique. Estou pois à-vontade para corroborar todos os epítetos elogiosos e quem a conhece certamente não discordará!
O turismo ali continua a ser explorado de maneira incipiente, com apenas um hotel de fraca qualidade e reduzida lotação - o Halley -; dois bares pouco mais que rudimentares, sobranceiros à praia; um parque de campismo (municipal), que embora seja espaçoso, deixa muito a desejar no que respeita a infraestruturas básicas. Existe ainda o complexo do Dr. Carvalho (vulgo Xai) já afastado e junto da picada para a praia de Chongoene, com meia dúzia de casas para alugar, que embora bem tratado poucos turistas recebe devido às suas limitadas instalações.
Ali, na capital da província de Gaza, pulula uma verdadeira multidão de gente dando vida a um comércio bem abastecido e já recuperado das grandes cheias de há oito anos! Parámos para comprar pão fresco e gelo e em cerca de 15 minutos fizemos os restantes dezasseis quilómetros que distam desde a ponte até a praia.
Sou um pouco suspeito para falar da praia de Xai-Xai, mas poderia citar imensos escritos, entre eles brochuras de propaganda turística, que ao longo dos anos descreveram as suas belezas, classificando-a como das mais belas do país e até lhe atribuíram o título de rainha das praias de Moçambique. Estou pois à-vontade para corroborar todos os epítetos elogiosos e quem a conhece certamente não discordará!
O turismo ali continua a ser explorado de maneira incipiente, com apenas um hotel de fraca qualidade e reduzida lotação - o Halley -; dois bares pouco mais que rudimentares, sobranceiros à praia; um parque de campismo (municipal), que embora seja espaçoso, deixa muito a desejar no que respeita a infraestruturas básicas. Existe ainda o complexo do Dr. Carvalho (vulgo Xai) já afastado e junto da picada para a praia de Chongoene, com meia dúzia de casas para alugar, que embora bem tratado poucos turistas recebe devido às suas limitadas instalações.
Valem, em contrapartida, mas fora da bela praia, quatro ou cinco complexos de concepção moderna, construídos nos últimos anos ao longo dos sete quilómetros que separam as praias de Xai-Xai e do Chongoene, mas também estes de capacidade limitada já que estão virados para um turismo selectivo.
Os mamarrachos do velho Hotel do Xai-Xai e da ex-colónia balnear da Mocidade Portuguesa, ali continuam como autênticas lixeiras a conspurcar aquela praia de beleza ímpar! Há muito que se fala da recuperação deste Hotel cuja história bem acompanhei desde os tempos do seu primeiro proprietário, o velho Cruz. A notícia que agora me foi dada pelo seu actual dono, o Dr. Carvalho (Xai), é animadora: a recuperação está para breve! Que Deus o ouça, como dizem na minha terra!...
Os mamarrachos do velho Hotel do Xai-Xai e da ex-colónia balnear da Mocidade Portuguesa, ali continuam como autênticas lixeiras a conspurcar aquela praia de beleza ímpar! Há muito que se fala da recuperação deste Hotel cuja história bem acompanhei desde os tempos do seu primeiro proprietário, o velho Cruz. A notícia que agora me foi dada pelo seu actual dono, o Dr. Carvalho (Xai), é animadora: a recuperação está para breve! Que Deus o ouça, como dizem na minha terra!...
Ali pertinho, na praia de Chongoene, jaz outro monstro hoteleiro, o maior de todos que este país herdou do passado colonial e que funcionou em pleno até uns bons anos depois da independência! A visita que lá fizemos, a título de passeio para conhecermos os complexos turísticos deste percurso, foi algo esclarecedora: o edifício não foi vandalizado e encontra-se sob vigilância de guardas da empresa proprietária, a bem conhecida Transportes Oliveiras. No dizer de um dos guardas com quem falámos, o dono da empresa costuma visitar o imóvel mas não dá mostras de o querer reabilitar.
A bela praia de Xai-Xai, com o famoso paredão rochoso a proteger a zona dos banhistas das grandes ondas e dos habitantes predadores do oceano; com as grandes dunas a barrar os ventos continentais; com as areias finas e bem tratadas e com condições de entrada no mar de pequenos e médios barcos, essa continua igual a si mesma e ninguém lhe vai roubar a sua beleza e os seus encantos!
Foram bem aproveitados os três dias ali passados pela família!
A bela praia de Xai-Xai, com o famoso paredão rochoso a proteger a zona dos banhistas das grandes ondas e dos habitantes predadores do oceano; com as grandes dunas a barrar os ventos continentais; com as areias finas e bem tratadas e com condições de entrada no mar de pequenos e médios barcos, essa continua igual a si mesma e ninguém lhe vai roubar a sua beleza e os seus encantos!
Foram bem aproveitados os três dias ali passados pela família!
Em breve, lá voltaremos de novo!
2 – DOCUMENTÁRIO FOTOGRÁFICO
2 – DOCUMENTÁRIO FOTOGRÁFICO
O trânsito à saída da cidade, pelo Bairro Hulene, estava difícil!
A campanha eleitoral autárquica estava na rua!
Passagem pelo Hospital do Infulene, no caminho para Marracuene
Paragem obrigatória no restaurante Laurentino - Manhiça!
Vendedeira de pão, nas ruas da Manhiça!
Pousada da Palmeira, muito bem tratada!
Mercado rural da Macia, outra paragem obrigatória!
Placa de locais históricos, na Macia
Descida para as lezírias do Limpopo
Manadas de gado bovino avistam-se em várias direcções!
Passagem sobre a ponte do rio Limpopo, junto da cidade de Xai-Xai
Restaurante-Pousada, junto da ponte de Xai-Xai
Passagem na avenida principal da cidade de Xai-Xai
O bonito edifício do Conselho Executivo da cidade de Xai-Xai
A bela praia de Xai-Xai e o primeiro banho!
O nosso poiso. Ao fundo a praia que se estende para sul!
A encosta sobranceira à praia, bem revestida de vegetação!
A zona da praia que se estende para norte. Um mar de areias finas à espera de turistas!
Estas águas calmas e temperadas convidam ao banho que a família não desperdiçou!
Momento do bronzeamento! Só o velho não alinhou!
A Dania e a Michele, amigas inseparáveis!
Pescadores passam indiferentes aos poucos banhistas presentes!
As inseparáveis até na relva patinaram!
O Hotel Halley
Placa do Beach Resort Xai-Xai
Placa do Resort Xai-Xai Eco Estate
Placa do Resort Chongoene Holiday
Outra placa do mesmo Resort
Bonito challet lá no alto de um dos Resorts
Uma pose dos velhos no acesso ao bar do Xai-Xai Beach Resort
Uma pausa para um copo na varanda do Xai-Xai Beach Resort
Uma partida de snoker no bar do Xai-Xai Beach Resort
Mais uma pose dos velhos neste belo local do Xai-Xai Beach Resort
Ao fim da picada lá está o gigante adormecido - o Hotel Chongoene!
A Maura foi a primeira a fazer-se fotografar neste estranho cenário!
As mamanas apreciam o grandioso bloco que outrora foi um hotel de luxo!
A nossa cozinha funcionou no parrot e o velho esteve activo!
O ataque às saborosas ostras do Xai-Xai!
Os apreciadores que não desistiram!
Nem as sardinhas de Portugal faltaram!
Parece que há aqui cozinheiras a mais!...
A célebre banana maçã que nos foram vender a casa!
Saudações com amizade, aqui da beira do Índico
Maputo, 12 de Novembro de 2008
Celestino (Marrabenta)
3 comments:
Pois e amigo, ja estou a espera da 4 narrativa completa dos vossos itenerarios turisticos, e esta nao ficou atras das outras, antes pelo contrario, os teus dotes culinarios ostrais a merecerem destaque claro e outras naturalmente.
Beijinho a querida tia Lurdes e para ti um grande abc de amizade...
Meu caro Celestino,
Li, reli e relembrei...
As recordações do passado vêm e, na cabeça, passa um filme sobre épocas e momentos de felicidade que jamais se repetirão... mas
ainda bem que os vivemos.
Obrigado: excelente texto, lindas fotografias!
Um beijinho para a titi Lurdes, cumprimentos para a família e amigos e, para ti, um abraço amigo do,
Manuel Palhares
Amigo e compatriota Celestino,
As suas narrativas de viagem por terras dantes "navegadas" por muitos dos que respiraram o ar africano deixam um rasto de saudade a que não posso ficar indiferente.
Residi algum tempo no Alto Maé, tendo como local de refeição a Cafreal. Mostra-nos uma cidade mais limpa do que quando a estive em 2005, o que é bom sinal. Depois vai para a libda praia do Xai-Xai, onde passei umas boas férias no ano de 1966.
Só desejo que continue a usufruir desse prazer que o anima e dá força para viver junto dos familiares e amigos.
Um abraço e saudações... a toda a comitiva "Marrabenta" - Joaquim Coelho
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