27 October 2008

38 - CARTAS DA BEIRA DO INDICO


CARTAS DA BEIRA DO INDICO


(1)


FÉRIAS EM MOÇAMBIQUE


(2008/2009)




1 – INTRODUÇÃO



Quando se aproxima a data da partida para Moçambique, que fazemos com regularidade (bianualmente) desde que deixamos definitivamente este país, em 1990, os nossos familiares e os amigos mais próximos cumulam-nos sempre de todas as atenções, quer ajudando nas tarefas de arrumar a casa, quer convidando-nos para almoços e jantares de despedida. Os que vivem mais afastados – e felizmente são muitos – telefonam ou enviam mensagens desejando-nos toda a sorte do mundo para a viagem e estadia neste maravilhoso país da beira do Índico!

Essas atenções, só por si, dão-nos grande alento para efectuar uma viagem aérea de mais de dez horas, encurralados entre cadeiras de limitado espaço e sem possibilidade de movimentar as pernas já com problemas venosos a dificultar a circulação nesta incómoda posição.

Mas o que mais nos motiva para estas longas viagens é, sem dúvida, o chamamento da família - filha, netas e genro!


A terra e o seu clima, os amigos e a fuga ao rigoroso inverno europeu, são outras componentes que fortalecem todo o nosso entusiasmo para estas viagens, que contamos fazer enquanto as forças físicas o permitirem!

Durante a estadia de há quatro anos atrás, escrevi para as comunidades moçambicanas do MSN, onde participava na altura, uma série de crónicas, em número de 16, com o título de “Cartas da Beira do Índico”. A avaliar pelas reacções de um bom número de leitores, ficou-me a sensação de que esses relatos tiveram uma boa aceitação.

Durante a estadia de há dois anos, não me senti muito inspirado para repetir essas crónicas, embora não tivessem faltado motivos visto que viajei muito pelo território.


Limitei-me então a notícias breves e a uma crónica mais desenvolvida sobre a viagem ao Parque Nacional da Gorongosa, o que, em certa medida, deu conta dos maravilhosos momentos aqui passados.

Entusiasmado por alguns amigos, regresso agora às ditas crónicas, ciente de que não passam de modestos escritos, mas feliz por poder, à minha maneira, transmitir às pessoas que daqui saíram e não mais voltaram a este maravilhoso país, algumas imagens que de algum modo lhes tragam à memória recordações dos seus bons tempos.

E porque o leque de leitores é agora maior devido a participar num maior número de comunidades (o triplo), anima-me esta ideia de voltar a partilhar as minhas observações e alegrias com essas pessoas!



2 – A VIAGEM E CHEGADA A MAPUTO


A minha primeira crónica de há quatro anos - VER AQUI - servia perfeitamente para iniciar este ciclo, já que agora se repetiu o que ali então descrevi sobre a chegada a Moçambique: emoção a rodos no reencontro com a família; o contacto com a cidade cheia de movimento nas ruas; a anarquia do trânsito provocada pelos “chapas”; a confusão nos passeios, abarrotados de vendedores de bujigangas, roupas, calçado, móveis, hortaliças, comidas, etc; as cores das acácias vermelhas e dos jacarandás ainda no início da floração; o cheiro da terra; a recepção dos guardas e trabalhadores do prédio da Coop onde vive a família; o almoço bem moçambicano (já divulgado); os primeiros contactos com os amigos; o trânsito pela esquerda; etc.

Tudo isso no encheu a alma e revitalizou o físico algo abalado pelo natural cansaço da viagem!




3 – AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES




Pouco mudou nesta terra abençoada, onde o ritmo africano se mantém fiel aos tempos e à cultura do seu povo! Pobreza não falta, mas ricos também não a avaliar pelo aumento dos condomínios fechados recheados de grandes e belas moradias e pelas viaturas topo de gama que circulam pela cidade!

Os "casos" bombásticos são muitos e chegam rápido ao conhecimento de todos através dos meios modernos de comunicação. Os mais badalados pelo povinho são os de corrupção que envolvem altas figuras públicas, algumas já atrás das grades!

As eleições autárquicas estão à porta e o mais alto magistrado da nação deu já o mote para a campanha em comícios no centro do país. Só que a motivação da população não parece ser a melhor, o que é natural face às dificuldades que atravessa.

A cidade parece-nos mais limpa, até junto dos mercados mais degradados onde o município está a desenvolver uma interessante acção de melhoria de condições, sobretudo protegendo-os com muros periféricos altos e bem concebidos, obras estas patrocinadas por empresas que passam a exibir ali os seus cartazes de propaganda comercial.

O nível de vida da população, esse sim, continua baixo, com as dificuldades que se conhecem e se vêem agravando ano após ano, consequência, dizem os entendidos, da crise financeira mundial. Os bens essenciais, como carne, peixe, arroz, óleo alimentar, roupas e calçado, sofreram nos dois últimos anos consideráveis aumentos, o que afecta a maioria dos habitantes, precisamente a de mais baixos rendimentos.

A gente mais modesta não entende nada dessa política financeira e só atribui ao governo a responsabilidade de não viver melhor!

Os primeiros dias deram já para algumas saídas pela cidade e sobretudo para visitar amigos. O mercado do peixe, a Costa do Sol, a baixa da cidade e alguns centros comerciais, fizeram parte das visitas e dos passeios de carro, ainda conduzido por outras pessoas já que só a partir da primeira semana, por norma, me ocupo dessa tarefa devido à falta de habituação ao regime de conduzir pela esquerda.

Nos próximos dias iniciarei as visitas fora de portas, como à Matola e Marracuene, onde nos esperam amigos e tarefas de rotina!

As viagens para mais longe, essas, só a partir da segunda quinzena de Novembro. Se o programa em mente se concretizar, muito terei que vos contar!

É um privilégio estar de novo em Moçambique!




3 - REPORTAGEM FOTOGRÁFICA


Jantar de despedida com familiares na Marrabenta - Amor (Leiria)


O brinde de chegada com a família em Maputo, no passado dia 18


Os belos camarões do primeiro almoço em Maputo


Um dos primeiros amigos visitados em Maputo - o João Leão (Esqª). Ao centro o conhecido manhambana Omar Cabir, outro amigo cuja família bem conheci em Inhambane!


Parte norte da cidade de Maputo, vista do PH 5 da Coop.

Bairro da Malhangalene, visto do mesmo prédio


Prédios da embaixada da Rússia. Ao longe avista-se o Ministério da Agricultura e parte do aeroporto


Outro prédio da embaixada da Rússia (Esqª) e 3 das torres da Coop.


Saudações amigas, aqui da beira do Indico!


Maputo, 27 de Outubro de 2008

Celestino Gonçalves
(Marrabenta)

10 August 2008

37 - LIVROS SOBRE FAUNA BRAVIA, CAÇA E CAÇADORES DE MOÇAMBIQUE




(12)


CAMBACO I
Editado em 1982

CAMBACO II
Editado em 1996




AUTOR
José Pardal
Editor: MEIBÉRICA – LIBER EDITORES, Lda
Av. Álvares Cabral, 84, r/c Dtº - 1250 LISBOA


1- BREVES NOTAS ACERCA DO AUTOR

José da Cunha Pardal – Zé Pardal para os amigos e Mestre Pardal para as sucessivas gerações de alunos da Escola e Instituto Comercial de Lourenço Marques (actual Maputo) que o tiveram como professor - é uma figura que dispensa apresentação especial para quem viveu na capital de Moçambique durante os últimos quarenta anos do período colonial, dada a sua popularidade alcançada tanto na área do ensino como nas actividades da caça!

Para além de se ter tornado um excelente caçador de elefantes, o Zé Pardal dedicou grande parte da sua vida em Moçambique à defesa e conservação da vida selvagem do território, como vogal dos organismos de tutela e consultivo deste sector, respectivamente, Comissão Central de Caça e Conselho de Protecção da Natureza. Para estas funções ele fora nomeado em representação dos caçadores, facto que, só por si, lhe granjeava a admiração e respeito dos muitos milhares de praticantes do desporto caça.

Não é demais afirmar que o Zé Pardal fez parte de um punhado de excepcionais caçadores de elefantes que actuaram em Moçambique no século passado, de entre eles me ocorrem os nomes de alguns, como: Harry Manners, José Afonso Ruiz, Orlando Cristina, Manuel Maria Nunes, Virgílio Garcia, Pierre Maia, Gustavo Guex e Francisco Daniel Roxo.

Em relação a todos estes o Zé Pardal leva a vantagem de ter sido um estudioso de balística, sabendo como melhor utilizar as armas e munições para determinadas situações ou posição dos elefantes, chegando ao ponto de, ele próprio, fabricar e carregar os seus projécteis, balanceando-os em função dos estudos de impacto e perfuração que ao longo dos anos foi fazendo. Este aspecto tornou-o conhecido e respeitado no mundo da caça e por isso muitas vezes solicitado a proferir palestras e escrever artigos de grande craveira científica. É, ainda hoje, um assíduo colaborador da revista portuguesa “Calibre 12”!

Conheci o Zé Pardal em 1955, exactamente durante as provas de concurso para fiscal de caça, a que concorri e ele era membro do respectivo júri na qualidade de vogal da Comissão Central de Caça.

Antes disso ouvira muitas vezes falar dele e as referências que tinha levaram-me a ter por este homem um elevado respeito e admiração.

O nosso relacionamento institucional, iniciado depois da minha entrada para os quadros da fiscalização da caça, em 1957, depressa conduziu a uma amizade que se mantém até aos dias de hoje e inclui a sua simpática esposa, a Maria Amélia.

Alguns anos depois do seu regresso a Portugal, resultante da independência de Moçambique em 1975, visitei o casal na sua confortável residência às portas de Lisboa e foi um desfiar de recordações!

Posteriormente, em 1995, voltei à sua casa para o felicitar pela sua excelente obra “Cambaco I”, cujo volume levei debaixo do braço para o indispensável autógrafo, que foi assim:


Os anos passaram ligeiros como o vento nas estepes africanas e eis que estamos no ano da graça de 2008!

Entretanto, em 1996, o Zé Pardal publicou o “Cambaco II”, outro sucesso que correu mundo visto que foi traduzido, tal como o "Cambaco I", em duas das principais línguas universais: inglês e espanhol.

Por descuido meu não adquiri esta segunda obra na altura em que foi lançada. Depois dessa fase desapareceu do mercado e só agora, com a nova visita que lhe fiz, passou a fazer parte do meu acervo graças à generosa oferta do autor, que previamente lhe colocou a sua chancela por baixo de uma simpática dedicatória, também assinada pela Maria Amélia !

Não obstante os anos que já passaram e o profundo desgosto que sentem pelo afastamento forçado de Moçambique nas condições que são conhecidas daqueles que viveram o trauma da descolonização mal conduzida pelos governantes da época, ambos conservam nos seus rostos serenos a felicidade das suas vidas!


O simpático casal – Zé Pardal e Maria Amélia.

Bem me enganei quando, antes de lhe telefonar a anunciar a visita, pensei que iria encontrar o casal abatido pelo peso dos anos e o desgosto de viverem longe da sua terra amada! Pelo contrário, ambos conservam a jovialidade de duas ou três décadas antes, o que me deixou surpreendido, cheio de inveja, mas feliz!

A bela tarde que passei com estes velhos amigos trouxe-me à memória esses tempos em que ambos éramos novos e tínhamos ideais comuns, sobretudo os de conservação da vida animal selvagem de Moçambique, onde estivemos envolvidos com grande paixão e entusiasmo e nos empenhados por fazer o nosso melhor.

Mas não só, também tínhamos um hobby que contribuiu para uma mais estreita amizade, que era a fotografia. No pequeno laboratório da sua casa da Fernandes Tomas, em Lourenço Marques, passamos muitas horas lidando com as revelações, os negativos e as reproduções de fotos, um passatempo que se transformou numa paixão depois que recebi mais lições do mestre Ricardo Rangel e mais tarde do Xico Magalhães, em Vila Pery.

O entusiasmo pela fotografia foi tal que antes da minha partida para o Norte, em 1957, resolvi apetrechar-me do material necessário para um pequeno laboratório amador, assim como de uma máquina de 35 mm que substituíu a velha e anacrónica Kodak 6x6 que possuía. O próprio Pardal me vendeu a sua "Clarus", uma famosa máquina americana em aço inox, equipada com três lentes, uma delas teleobjectiva ideal para captar imagens a média distância. O bonito e resistente estojo em cabedal rígido, vinha repleto de pertences, tais como filtros, fotómetro, pinceis de limpeza, borracha de ventilação, etc. Era a máquina ideal para me acompanhar nas campanhas do mato que iria ter pela frente, visto que fora concebida para suportar a dureza das reportagens nas frentes de combate durante a segunda guerra mundial.
Ao Zé Pardal devo grande parte deste entusiasmo!


Uma das minhas fotos favoritas, tirada com a "Clarus" em 1958, em Montepuez. Um contra luz sem filtro, que apesar do desgaste de 50 anos aos trambolhões, ainda mostra a excelência da lente e do sistema de velocidade!

A facilidade que passei a ter, de fazer as minhas próprias fotografias com considerável economia, levou-me, ao longo de quase vinte anos de vivência no interior de Moçambique, a encher álbuns sobre álbuns que deixaram de caber nas exíguas estantes das casas que habitava, depois a encher as gavetas destinadas às roupas e por fim a meter as fotos em caixas de sapatos!

Ao longo de meio século que já passou desde o início dessa fobia, consegui desfazer-me de uma boa parte desse espólio, dando-o aos filhos e às netas, mas ainda vivo atolado nesses arquivos que já cheiram a bafio!

Felizmente que as novas tecnologias do digital acabaram com tudo isso!




A foto que se impunha - os velhos "cambacos" juntos!


Para além das muitas pessoas do nosso tempo que recordámos durante a maravilhosa tarde passada com o simpático casal, uma figura especial mereceu particular atenção: o saudoso Francisco Pardal, irmão do José Pardal!

O Xico Pardal (como era tratado pelos familiares e amigos), foi o melhor taxidermista de sempre em Moçambique, com reputação mundial. Teve a sua oficina/atellier na cidade da Beira, centro nevrálgico das actividades cinegéticas de Moçambique. Os trabalhos ali executados em qualquer montagem parcial ou total dos grandes, médios ou pequenos animais, obedeciam à melhor tecnologia das famosas taxidermias americanas e espanholas, graças aos conhecimentos e permanente aperfeiçoamento do Xico nesta matéria. Daí ser muito requisitado pelos mais exigentes caçadores que efectuavam safaris de caça em Moçambique.


O prestígio alcançado pelo Xico Pardal, na área da taxidermia, muito contribuíu para o bom nome da indústria dos safaris de caça no território, que durante os quinze anos que precederam a independência em 1975, foi considerado o destino preferido dos amantes da caça africana. O mano Zé, naturalmente orgulhoso disso, não deixou de lhe prestar a merecida homenagem na sua obra!



Os manos Pardal - Foto extraída do Livro "Cambaco I"




2 – IMPRESSÕES ACERCA DAS OBRAS



Os “Cambacos” do José Pardal são, por ventura, as obras mais interessantes e genuínas que se escreveram sobre a caça em Moçambique!

Convém esclarecer que a palavra “caça” tem conotação apenas com o acto de caçar e não com os animais (fauna bravia), uma terminologia que no passado foi muito comum para as duas coisas mas que actualmente já não se aplica desta maneira.

Ambos os volumes estão recheados de histórias de caça e de relatos da vivência do autor e de sua família (mulher e dois filhos) no mato em Moçambique. Algumas dessas histórias transmitem com grande fidelidade as emoções e os perigos vividos pelo autor durante as caçadas aos grandes animais, sobretudo elefantes, a espécie maior a que se dedicou ao longo dos anos e o tornou um dos maiores caçadores do seu tempo.




José Pardal, o grande caçador de elefantes!

(Foto do livro "Cambaco I")

O José Pardal é um escritor nato, que sabe transmitir, por palavras adequadas e carregadas de emoção, os mais ínfimos pormenores dos acontecimentos que ele próprio viveu, a maior parte deles recheados de perigos, sobretudo quando relata as caçadas que lhe causaram grandes arrepios e perigaram a sua vida e dos seus acompanhantes.

Por outro lado, o autor valoriza as suas narrativas com um toque de romantismo de rara sensibilidade, só possível a quem viveu e saboreou tão apaixonadamente toda a beleza do interior de África, o contacto com populações no seu estado de pureza e cultura ancestral e observou as mais belas cenas da vida animal selvagem que só nesse profundo interior podem ser vistas!

Mas não só, o José Pardal, a cada passo das suas histórias, dá-nos a grande lição de humildade, de franqueza e de pureza de sentimentos ao valorizar essa gente fantástica do interior com quem conviveu e de quem recebeu ensinamentos preciosos, realçando as amizades que construiu com os seus pisteiros e moradores dos locais onde acampava e caçava.

A atracção que o Zé Pardal teve desde muito novo pela caça e pela vida simples do interior de Moçambique, foi seguida pela mulher e filhos, um clã que ao longo dos anos fez as suas férias nos acampamentos e todos vieram a ser caçadores. Jamais usufruiram das licenças graciosas à metrópole a que tinham direito e este aspecto é salientado pelo autor com grande orgulho porque, dessa forma, construiu uma família unida e cheia de amor!

Melhor que as minhas palavras, são as transcrições que se seguem de alguns trechos de ambos os volumes. A narrativa sobre o "O Elefante que estava ao Lado" é um caso que se repetiu com muitos caçadores de elefantes, alguns mesmo pagaram com a própria vida porque algo falhou na avaliação correcta da situação no momento crucial de disparo. Esta breve amostra deixa claro o valor destas duas obras e aguça a curiosidade para a próxima publicação, que irá surgir em breve e que o autor diz ser uma condensação dos dois volumes, aumentada substancialmente de narrativas de outros acontecimentos da sua vida sertaneja, de aventuras e observações, quer como caçador quer como estudioso do inestimável património que a natureza nos legou - a fauna bravia.

Será, certamente, mais um trabalho de grande craveira que os apreciadores não vão deixar de ler e de ter nos seus escaparates!

Força Zé Pardal!

Marrabenta, Agosto de 2008

Celestino Gonçalves





3 – REPRODUÇÕES DO “CAMBACO I”





3.1 - DEFINIÇÃO DA PALAVRA “CAMBACO”



3.2 – DEFINIÇÃO DE “CAÇADOR”


3.3– NOTA DO EDITOR


3.4– PREFÁCIO


3.5 - INTRODUÇÃO





4 – REPRODUÇÕES DO “CAMBACO II”




4.1 - RETRATO A ÓLEO DO AUTOR




4.2 - NOTA DO AUTOR

4.3 - NOTA DO EDITOR

4.4 – CAPÍTULO II – O ELEFANTE QUE ESTAVA AO LADO







FIM

20 June 2008

36 - FIGURAS - O PRIMEIRO FISCAL DE CAÇA NEGRO DE MOÇAMBIQUE



O PAI COSSA


ARMANDO MUNDAU COSSA

O primeiro fiscal de caça negro de Moçambique





O Armando Cossa no quintal da residência da Matola,
em Janeiro de 2000.




1 – ANTECEDENTES

O governo português exerceu nas suas colónias de África uma política de segregação em relação aos negros, que não sendo igual ao desumano apartheid dos vizinhos sul africanos não deixava de ser condenável.

Quando cheguei a Moçambique, em 1952, era confrangedora a situação dos negros, que habituados a essa política de quase cinco séculos de colonização, viviam numa letargia profunda, sem reacções que demonstrassem o seu verdadeiro estado de espírito. Contudo, noutros pontos de África, já se fazia sentir, nessa altura, a revolta dos povos igualmente sujeitos à colonização por parte de outros países ocidentais e não se esperou muito pelas primeiras independências dos respectivos territórios.

Desconhecendo antes a situação que se vivia nas colónias portuguesas, logo me apercebi que entre os brancos e os negros havia diferenças abismais. Aliás, eram bem visíveis essas diferenças pois bastava observar quem frequentava as escolas, os liceus e os cinemas, que eram os espelhos dessa segregação, tal como a diferença de habitação, que no caso dos negros se limitava aos bairros pobres dos subúrbios da cidade.

Apenas um ou outro negro podia ser visto no meio das muitas centenas de brancos que frequentavam os estabelecimentos de ensino e os vários cinemas da capital, e esses mesmos eram filhos de “assimilados”, que era um estatuto especial que o governo concedia somente a alguns cidadãos que tivessem evoluído para os padrões da cultura ocidental e demonstrassem ter atingido um nível social e económico compatíveis com o dos brancos.

Os negros que atingiam esse estatuto provinham quase todos da periferia das cidades ou mesmo do interior, onde as missões católicas e outras ministravam o ensino primário e davam preparação profissional em várias artes e ofícios, essencialmente aos indígenas.

Dali saíram muitos pedreiros, carpinteiros, sapateiros, serralheiros, mecânicos, e outros profissionais que eram absorvidos nas actividades económicas das cidades e também a maioria dos trabalhadores dos serviços públicos com funções de auxiliares (enfermeiros, serventes, contínuos, intérpretes, amanuenses, etc,). Aliás, eram estas as únicas funções a que os negros tiveram acesso nos organismos do Estado até meados da década de 60.

Foi também das escolas dessas missões que saiu a maioria dos moçambicanos que no início da década de 60 criaram o movimento de libertação que conduziria, mais tarde, em 1975, à independência do território.

Entretanto, a situação política em África evoluiu vertiginosamente no sentido das independências dos territórios colonizados. Com o virar da história já nos horizontes, o governo português, numa tentativa de prolongar o seu domínio, alterou ou aboliu mesmo algumas das mais aberrantes leis que nas suas colónias condicionavam a vida dos negros, nomeadamente aquela que dizia respeito à sua cidadania.

Em Moçambique, onde já eram evidentes os efeitos do movimento de libertação (Frente de Libertação de Moçambique - FRELIMO) quando essas mudanças políticas surgiram, foram muitos os negros que reclamaram e reivindicaram direitos que lhes foram negados durante muitos anos, nomeadamente nomeações e promoções para cargos públicos com vínculo superior ao dos quadros de auxiliares.

Muitos desses negros, já com preparação académica acima da instrução primária, acorreram a todos os concursos onde as suas habilitações davam acesso e, rapidamente, a função pública ficou lotada a todos os níveis. Só que havia alguns cargos para os quais o governo dificultou, nos primeiros tempos, a entrada de negros, que eram todos aqueles com funções de autoridade, nomeadamente funcionários do quadro administrativo, da polícia de segurança pública, da guarda fiscal e de outros serviços cujos agentes asseguravam o cumprimento das leis e da ordem.

Um dos serviços do Estado que mais tempo retardou a entrada de negros, foi a Fauna Bravia, cujos quadros de fiscalização eram dotados por fiscais de caça e guardas de parques, reservas e coutadas. Estes agentes eram ajuramentados, precisamente para poderem fazer cumprir as leis da caça, proceder ao levantamento de autos e, por vezes até, a detenção de transgressores.




2 - O PAI COSSA



O primeiro negro a vencer a barreira da segregação racial nos quadros de fiscalização da fauna foi Armando Mundau Cossa, no ano de 1967.

Nascido em 1935, na povoação de Taninga, Palmeira, distrito da Manhiça (sul de Moçambique), o Armando Cossa estudara nas missões católicas da região e depois de ter passado por vários empregos na agricultura fora para a capital onde trabalhou no comércio dos indianos. Ali se manteve até às mudanças políticas da década de 60, tendo entretanto aumentado os seus estudos na escola comercial.

A primeira oportunidade que lhe surgiu para entrar num cargo público foi na Polícia de Segurança Pública, em fins de 1964, quando tinha 29 anos. Ele e mais dois outros seus conterrâneos foram os primeiros negros a tornar-se agentes desta corporação, onde, apesar de terem enfrentado algumas dificuldades na entrada, conseguiram a nomeação. Todavia, não se fizeram esperar as reacções dos colegas brancos, de alguns chefes e, até, da população que não viu com bons olhos os primeiros polícias negros. Os problemas disciplinares acabaram por surgir face às suas reacções perante as humilhações e perseguições de que eram vítimas e isso levou o Armando Cossa a pedir a demissão pouco mais de um ano após a entrada.

O fracasso da primeira experiência não o desencorajou em concorrer a outro cargo de agente de autoridade, que foi o de fiscal de caça. Só que aqui encontrou sérias dificuldades porque na Fauna Bravia ainda prevaleciam os preconceitos antigos na selecção dos agentes para os seus quadros.
Começaram por admiti-lo nas funções de ajudante de pecuária, onde ficou um ano e três meses. Finalmente, após mais de um ano de persistente luta para demover os responsáveis que entretanto se foram rendendo à evolução dos tempos, através de requerimentos  e exposições que entregava mensalmente na direcção dos serviços que tutelavam a Repartição da Fauna Bravia (1), acabaria por atingir o seu objectivo. Em Abril de 1967 foi nomeado fiscal de caça.

Depois de ter feito um estágio de oito meses no Posto de Fiscalização da Matola, sob a égide  do fiscal de caça António Madureira, foi colocado no distrito de Tete onde trabalhou nos anos de 1968 e 1969. Posteriormente teve colocações em Marromeu, distrito de Manica e Sofala (1970/1974), em Pemba, província de Cabo Delgado (1975/1994) e na Matola, província de Maputo (1995/2002).
Uma carreira de 35 anos de serviço, que só terminou com o seu falecimento em Novembro de 2002.


O autor (esqª), com o Pai Cossa e o nosso colega Ernesto Chale (dirtª)

Em Janeiro de 2000 visitei o Armando Cossa no posto da Matola, onde se encontrava, mas incapacitado de trabalhar devido a doença grave, incluindo cegueira total. Enquanto não o reformavam, conforme já requerera, deixavam-no permanecer ali graças à solidariedade de duas senhoras: a directora dos recursos humanos do Ministério da Agricultura, engenheira Rukai e a chefe do departamento de florestas e fauna bravia da direcção provincial de agricultura de Maputo, Esmeraldina Salomão Cuco.

Não via o Armando Cossa há vários anos e este encontro (que seria o último), chocou-me bastante por o ver num tão precário estado de saúde. Ele reconheceu-me pela voz e mesmo debilitado como estava não se cansou de conversar, evocando o passado e os episódios que mais profundamente o marcaram como eram todos aqueles que feriram a sua dignidade de cidadão. Curiosamente, muitos desses casos passaram-se já depois da independência de Moçambique.

Em tom emocionado e por vezes exaltado, com frequentes repetições das sílabas devido à sua acentuada gaguez, narrou-me algumas das mais amargas e humilhantes situações por que passou. Duas delas são suficientemente esclarecedoras dos sentimentos de revolta de que nunca conseguiu libertar-se.

Quando chegou a Tete, em Janeiro de 1968, instalou-se numa pensão porque a casa que lhe era destinada estava ocupada. Quando colocou as malas no quarto verificou a existência ali de uma ventoinha de pé alto, só que à noite, quando voltou para dormir, já não encontrou a dita. Porque se estava no pino da época mais quente, que em Tete ultrapassa os 45 graus, reclamou, mas a senhora da pensão não o atendeu, alegando que a ventoínha estava avariada. Uma semana depois deixou a pensão e só na despedida é que a senhora ficou a saber que ele era o novo fiscal de caça de Tete, tendo desabafado: coitado, se eu soubesse não tinha passado tanto calor!
Não conseguia dormir com tanto calor, disse-nos o Cossa, também em tom de desabafo durante a nossa conversa!

No ano seguinte, quando estava de passagem por Vila Pery (actual Chimoio), foi preso por ter reclamado veementemente num restaurante onde lhe recusaram servir uma refeição. Indicaram-lhe uma placa que dizia: “reservado o direito de admissão”.

Ficou uma noite nos calabouços degradados da Administração, sem prévia identificação nem levantamento de auto. No dia seguinte libertaram-no porque souberam, através do colega do Chimoio, Fernando Dias, que acorreu em sua defesa junto do respectivo administrador, tratar-se do fiscal de caça de Tete que transitava em serviço por aquela cidade.

O Armando Cossa, após uma pausa, concluiu, à laia de consolação: “ O ga-ga-ga-jo-jo- li-li-li-xou-xou-xou-se!...”
O “gajo” era o Administrador que o mandara prender. Conforme explicou, acabaria por ser transferido de Vila Pery para um dos locais mais isolados de Moçambique, depois de um processo contra ele movido e que teve o apoio do médico veterinário seu chefe, em Tete, e pelo delegado do ministério público da mesma cidade.

Desinibido da sua condição de negro, o Armando Cossa conseguiu manter-se todos esses anos (bateu todos os recordes) como fiscal de caça, não propriamente por ser um apaixonado pela vida animal selvagem, acerca da qual os seus conhecimentos eram limitados quando entrou nos quadros da Fauna e pouco os desenvolveu ao longo da sua carreira (ele chegou a desistir de um concurso de promoção na carreira, por, segundo afirmou, não se sentir preparado), mas pela liberdade que estas funções lhe proporcionava. Dizia que não suportava a rigidez e disciplina dos horários de trabalho a que esteve sujeito em todos os empregos antes de se tornar fiscal de caça!

Não sendo um paradigma nesta actividade, ele tornou-se muito estimado por todos os colegas negros que a partir de 1968 entraram nos mesmos serviços, muitos deles excelentes profissionais que actualmente são o garante da conservação e preservação da vida animal selvagem. O respeito por este homem provem do facto de ter sido o primeiro negro que venceu a barreira da segregação nos serviços da fauna e teve a coragem de seguir uma carreira que na época era das mais difíceis, porque obrigava a enfrentar não só os animais selvagens, mas, sobretudo, pessoas ainda imbuídas do espírito colonial e que dificilmente aceitavam a igualdade de direitos e deveres dos cidadãos.

Ele era tratado muito carinhosamente de “pai Cossa” por todos os colegas,  negros e brancos, mas foi esquecido pelos dirigentes que não valorizaram a sua condição de primeiro negro que vencera a barreira de entrada numa actividade do Estado  até então reservada a brancos. Foi para a sua última morada no completo esquecimento, sem a presença de qualquer representante do respectivo ministério. Merecia o respeito devido aos heróis e até umas palavras finais de circunstância a que todos os heróis têm direito. Sim, porque este filho do povo foi um verdadeiro herói mesmo sem ter participado na luta armada de libertação nacional. Eu próprio assisti, em Maputo, a vários funerais de cidadãos que, tal como o Armando Cossa, não participaram na luta armada, mas na rectaguarda tiveram esse comportamento e foram  homenageados na derradeira despedida. O pai Cossa não era um desconhecido dentro do seu ministério. Até ao mais alto nível ele deu nas vistas, quando durante os  19 anos que permaneceu  em Cabo Delgado soube enfrentar situações de segregação que  mereceram  despachos finais a seu favor  do próprio Ministro, na altura o Engº Agónomo João Ferreira.


O pai Cossa, afinal nem pai biológico chegou a ser, porque a sua condição de celibatário crónico o deixou ficar sem descendentes.

No encontro da Matola esteve também presente outro dos primeiros  fiscais de caça negros de Moçambique, o Ernesto Domingos Chale, um excelente profissional que em 1977 optou pela carreira administrativa e actualmente é o administrador do Centro de Formação Agrária em Maputo, lugar que eu próprio  ocupei de 1983 a 1990.

A razão por que recordo aqui  o colega e amigo Armando Mundau Cossa, reside no meu profundo respeito e admiração pelos moçambicanos que sofreram na pele graves vicissitudes devido à sua condição de colonizados.

É uma homenagem simples, que procurarei fazer também em relação a outros, incluindo aqueles que, não tendo sido pioneiros de nada, foram os meus grandes mestres e excelentes companheiros ao longo da minha carreira, justamente para que não sejam esquecidos.

 Fevereiro de 2004

Celestino Gonçalves
(Fiscal de caça chefe, reformado)



(1) A Repartição Técnica da Fauna era chefiada, na altura, pelo Dr. Alexandre de Sousa Dias, um médico veterinário algo polémico pelas suas posições, por vezes radicais, na gestão do sector. Ele protagonizou, anos antes, dois episódios que o autor descreve em "Crónicas & Narrativas", que ajudam a compreender a sua atitude para com o Armando Cossa (Ver Memórias - Capº III - FEIRAS DE GADO)

NOTA À POSTERIORI: Este trabalho foi publicado em Fevereiro de 2004 no meu site www.geocities.com/Vila_Luisa  (já extinto) e posteriormente, em Junho de 2008, publicado no meu blog: http://faunabraviademocambique.blogspot.com/

Junho de 2008
Celestino Gonçalves

02 June 2008

35 - ELOS DE MOÇAMBIQUE

Acaba de ser lançado o ELOS DE MOÇAMBIQUE, um "Mega Site" que tem por finalidade congregar os sites individuais ou colectivos que tratam de assuntos de Moçambique!

Este projecto é obra de um grupo restrito de titulares de sites, que ao longo dos últimos anos adquiriram larga experiência na gestão destes espaços e concluíram que seria útil criar um mecanismo que possibilitasse as muitas pessoas (largos milhares) que diariamente navegam e participam nas já muito conhecidas comunidades moçambicanas e outros sites sobre o mesmo país a ter acesso fácil aos conteúdos dos mesmos, escolhendo com facilidade os temas do seu interesse.

Esse grupo é liderado pelo fundador do site "ARQUIVO VIVO DE MOÇAMBIQUE", José Maria Mesquitela, nascido em Moçambique e actualmente a residir no Brasil e é secundado por: João Abreu, dos sites "LM/MAPUTO" e "CULINÁRIA LUSOFONICA PORTUGUESA MOÇAMBIQUE BRASIL MACAU"; Rogério Carreira, dos sites "ROGER TUTINEGRA","ROGER TUTINEGRA JUNIOR" e "MAXIXE"; Celestino Gonçalves, dos sites "FAUNA BRAVIA I" e "FAUNA BRAVIA II"; António Lourenço (Lelo), do site "VILA PERY"; António Jorge (TóJó),dos sites "GORONGOSA", "SAFRIQUE", "REPORTAGEM" e " BIRD WATCHING"; Fernando Ferreira, do site "INHAMBANE".

O lançamento do "ELOS" foi feito através da seguinte mensagem, distribuída nos sites das comunidades ou directamente a gerentes de sites pessoais:


ELOS DE MOÇAMBIQUE !

Desde que conhecemos a Internet, a quantidade de sites relativos a Moçambique tende a crescer.
Uns sites nascem pela simples paixão a este País, outros por motivos informativos, outros ainda apenas para guardarem e ofereceram imagens e recordações de Moçambique. Existem ainda que nutrem apenas o convívio, outros divulgam as actualidades.
Há tempos que alimentamos uma União dos sites, coisa que até há poucos dias ainda era era Utopia, por razões várias.

Como bons moçambicanos e tal e qual o seu povo, temos um jeito próprio de convívio.
Finalmente começa a dissipar-se o individualismo e a tendência é a união!
Finalmente um grupo de apaixonados por Moçambique conseguiu juntar-se e consigo trouxe os seus grupos (sites) com a ideia de lançarmos um Portal de União dos sites de Moçambique.
Está criado o ELOS DE MOÇAMBIQUE !!


Este portal nasce já com 12 sites/blogs. Temos matérias, história, material substancial e em especial sites genéricos ou regionais que cobrem uma boa parte de Moçambique!


A ideia é incorporarmos cada vez mais sites, mais regiões, mais pessoas à volta deste Portal e contamos com a adesão de mais sites representativos, quer sejam individuais ou colectivos.
Outra Ideia é alavancarmos este portal com o intuito de divulgar MOÇAMBIQUE e aglomerarmos o maior número de sites, tanto de representação regional como de temas específicos.


Não se trata de uma fusão, pois evidentemente cada site tem o seu foco e carisma próprios, ideias, materiais fotográficos, jornalísticos, etc, mas sim de uma união.
Todos os grupos são bem vindos !


Una-se ao ELOS DE MOÇAMBIQUE ! Seja mais um Elo deste Moçambique que todos amamos !!!
Os benefícios de cada site podem ser muitos, a começar pelo aumento substancial de visitantes face à disseminação dos respectivos portais através do ELOS!


Qualquer informação, inclusivamente conhecer o regulamento já aprovado, basta inscrever-se no ELOS, clicando no logo laranja abaixo!
Entre em contacto com o Corpo Gerencial ! Estamos à vossa disposição.


ESTA É UMA FORMA NOVA E DINÂMICA DE TROCAR IDEIAS E EXPERIÊNCIAS, DE CONVIVER E DE FAZER NOVOS AMIGOS!


SEJA MEMBRO DO ELOS DE MOÇAMBIQUE !!

* * *

Os meus agradecimentos ao José Maria Mesquitela, ao João Abreu e ao Rogério Carreira (Roger) pelo convite que me fizeram para fazer parte da fundação do "ELOS", um projecto em que acredito e tudo farei para ajudar a desenvolver de forma a congregar o maior número possível de membros!

Estou neste projecto porque o "ELOS" se insere nos mesmos objectivos que tracei quando dei forma ao meu primeiro site, no ano 2000 e que mantenho vivos: contribuir para que se divulgue Moçambique, a sua história, as suas potencialidades, a sua cultura e, muito particularmante, a sua rica fauna bravia e a história das pessoas que neste sector estiveram envolvidas como foram os caçadores, os agentes da fiscalização, os empresários do turismo cinegético, os turistas célebres que lá caçaram e outras figuras de relevo!

Saúdo os meus parceiros e exorto todos aqueles que, tomando conhecimento da existência deste novo site, não deixem de se inscrever porque, acreditem, serão mais um ramo da grande árvore que agora foi plantada e se pretende ser grande e frondosa com as megestosas umbauas da serra da Gorongosa!

Marrabenta, 2 de Junho de 2008

Celestino Gonçalves