
Porto, Portugal
Nascido em Aveiro em 1946. Repórter fotográfico no Diário de Moçambique, Notícias da Beira e Revista Tempo. Trabalhou na SAFRIQUE e na Safarilândia (Agência de Turismo de Moçambique). É Director Técnico de Turismo
2 – NOTAS SOBRE O LIVRO
O aparecimento da primeira edição do “Abecedário dos Mamíferos Selvagens de Moçambique”, em 1975, em que o autor teve a colaboração do seu colega do Museu de História Natural, Dr. Augusto Cabral, foi acolhido em Moçambique com o mais vivo interesse tanto da parte das pessoas envolvidas no sector da fauna bravia, como dos caçadores e de todos os curiosos que até então nunca haviam encontrado semelhante obra de cariz técnico acerca dos animais selvagens do país. O ano que corria era o da independência e esta feliz coincidência mais interesse despertou por esta obra inédita, uns por necessidade de conhecer o património em causa (casos dos agentes da fiscalização, estudantes dos ramos da biologia, candidatos a lugares públicos ligados às florestas e à fauna, etc.), outros pelo simples gosto pelas coisas da natureza do novo país.
A obra esgotar-se-ia rapidamente e isso motivou o autor a preparar uma nova edição, agora mais cuidada e aumentada, que só viria a ser publicada em 1981 depois de vencidas enormes dificuldades relacionadas com os respectivos custos. Curiosamente e devido à ausência do autor em Lisboa, dei a minha colaboração, a seu pedido, em várias fases do processo, nomeadamente junto do Instituto Nacional do Livro e do Disco, organismo estatal que assumiu os encargos de publicação e distribuição dos 5.000 exemplares desta segunda edição.
Este valioso “ABECEDÁRIO”, de 271 páginas, passou a funcionar para Moçambique como funcionava (e ainda funciona) desde 1951 para a África do Sul o famoso livro “The Mammals of South Africa”, da autoria de Austin Roberts, uma obra de 700 páginas que teve uma segunda edição em 1954 e é considerada ainda hoje o mais importante tratado sobre os mamíferos selvagens daquela região africana. Este trabalho, também conhecido pela “bíblia dos mamíferos selvagens da África do Sul”, por abranger praticamente todos os mamíferos de Moçambique, acabaria por ser adoptado pela Comissão Central de Caça da Colónia, em 1958, para guia de estudo dos seus dirigentes, técnicos e agentes de fiscalização. O exemplar que me foi distribuído nesse ano, quando prestava serviço em Cabo Delgado, tal como o "ABECEDÁRIO", são guardados religiosamente junto dos livros da especialidade que consegui reunir durante a minha carreira e vezes sem conta têm sido utilizados para tirar dúvidas a pessoas que me consultam sobre a fauna africana.
A obra de Travassos Dias, embora menos desenvolvida científicamente e abrangendo menor número de pequenos mamíferos que a de Austin Roberts, veio sem dúvida resolver a falta que se fazia sentir de um tratado específico sobre os mamíferos de Moçambique. Ela aborda as espécies mais significativas do território, desde o rato das canas até ao maior dos mamíferos terrestres – o elefante –, abrangendo cerca de 90 espécies e subespécies, com fotos, desenhos e descrições das mais completas, algumas delas até então nunca tratadas em qualquer obra do género sobre a fauna silvestre moçambicana, nomeadamente: a distribuição das espécies no território; as principais características biométricas (comprimento, altura e peso) e fisiológicas (tipo alimentar, período de gestação, período dos nascimentos, número de filhos por ninhada e longevidade); a correspondência vernacular dos nomes das espécies com indicação de dezassete dos idiomas mais falados em Moçambique.
Para além do cariz técnico desta obra, o autor deixa ali preciosos ensinamentos sobre o comportamento dos animais bravios no seu habitat e a sua importância no equilíbrio da Natureza. Mais ainda, ajuda-nos a desfazer o mito de “animais ferozes” e “animais nocivos” que prevaleceu até aos nossos dias e que muito justamente os cientistas e outros estudiosos de todos os quadrantes já comprovaram ser falso, seja em relação a que animal for deste nosso planeta!
Na “Introdução” do “ABECEDÁRIO”, o autor deixa transparecer a sua grande paixão pela defesa e conservação do património faunístico do país onde nasceu e a sua enorme satisfação por ter produzido este trabalho, quiçá o último de vulto de tantos outros que ao longo da sua carreira escreveu. Dedicou esta obra aos “continuadores” moçambicanos, que encorajou no sentido de melhor conhecerem e amarem tão valioso património.
Marrabenta, Agosto de 2007
Celestino Gonçalves
O célebre par de presas de elefante antes da sua transferência do Museu do Parque Nacional da Gorongosa em 1977, para o seu primeiro destino depois da independência de Moçambique
Em finais dos anos 90, pouco antes do seu falecimento na África do Sul, o Harry Manners tirou esta foto em Maputo ao lado do caçador guia Sérgio Veiga. A foto que ele exibe mostra as famosas presas pouco antes de as ter vendido a um comerciante da Beira, nos anos 40.
O destino final dos preciosos troféus - o Museu de História Natural de Moçambique.
O director do Museu, Dr. Augusto Cabral (à esquerda com o autor nesta foto tirada em Março de 2005), projectou e executou este belo trabalho de enquadramento na parede frontal de acesso ao primeiro andar do Museu.
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NOTA: Texto e fotos extraídos do Álbum 14 publicado em Setembro de 2005 na Website www.geocities.com/Vila_Luisa, onde constam mais elementos biográficos sobre o H. Manners. Pede ser visto AQUI:
Marrabenta, Julho de 2007
Celestino Gonçalves
O Luís Santos com os seus pisteiros junto de um elefante abatido na coutada 1, em 1964.
O Luís posando junto de presas de elefantes abatidos por clientes que ele e outro colega conduziram num safari em Kanga N'Thole, em 1964
Junto de um belo exemplar de Kudu
A Isabel com o produto de uma caçada bem sucedida
NOTA: Texto e fotos extraídos da biografia que publiquei em Outubro de 2004 no Álbum de Recordações do meu site http://www.geocities.com/Vila_Luisa. Pode ser visto directamente e na íntegra AQUI:
Marrabenta, Julho de 2007
Celestino Gonçalves
O Adelino (direita), com o astronauto americano Stuart Roosa, comandante da Apollo 14, junto de uma palapala abatida na coutada 6, em 1971
O Adelino (direita) com o astronauta americano Charles Duke Jr., da Apollo 16, numa foto recente na sua casa em Pretória. Este famoso personagem foi um dos 12 homens que pisou a Lua e também ele efectuou um safari de caça com o Adelino, em 1973, em Moçambique.
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NOTA - O texto e as duas primeiras fotos acima constam da primeira parte da pequena biografia do Adelino Serras Pires que publiquei em Outubro de 2003, no Álbum de Recordações do meu site www.geocities.com/Vila_Luisa/. Pode ser vista AQUI: A terceira foto foi publicada por António Pina, em 1 do corrente mês, na beira@groups.msn.com , com a notícia (e mais outra foto) da visita do casal Duke ao casal Serras Pires, em Pretória, em finais de Junho último. VER AQUI:
Marrabenta, Julho de 2007
Celestino Gonçalves