16 January 2011

88 - FUNERAL DE MALANGATANA NA SUA TERRA NATAL




NOTÍCIA EXTRAÍDA DO JORNAL "NOTÍCIAS", DE MAPUTO

EDIÇÃO ON-LINE DE 16-01-2011


Arte e Cultura: Malangatana enriqueceu o acervo

da humanidade - Presidente Guebuza no elogio

fúnebre ao pinto-mor em Matalana

05 January 2011

87 - FALECEU O "MESTRE" MALANGATANA


FALECEU O CONSAGRADO PINTOR MOÇAMBICANO
MALANGATANA N'GWENYA VALENTE


A infausta notícia fez parte dos noticiários das rádios e TV´s ao longo do dia.

Faleceu, na madrugada de hoje, o Mestre Malangatana, com 74 anos de idade. Encontrava-se internado no Hospital Pedro Hispano de Matosinhos, não resistindo à prolongada doença que o afectava nos últimos anos.

Figura cimeira da pintura Moçambicana (e até Mundial), mas também exímio escultor, Malangatana deixa uma obra ímpar espalhada pelos quatro cantos do Mundo e na sua Casa Museu de Maputo.

Nesta hora de luto para a Cultura do seu país, também aqui, em Portugal, a morte do "Mestre" está a ser muito sentida não só por parte dos naturais e ex-residentes de Moçambique, mas também por todos aqueles que se habituaram a admirar este Homem que nos últimos anos dividiu a sua residência em Maputo e Lisboa, aqui trabalhando e participando em actos culturais de grande relevo. Uma das suas últimas obras foi a estátua de homenagem aos trabalhadores numa praça da cidade do Barreiro.

Nesta minha singela homenagem ao Amigo de velha data, quero recordar aqui o nosso último encontro ocorrido em Março de 2005 na sua casa em Maputo e que foi motivo para a minha 16ª crónica "Cartas da Beira do Índico" desse ano. Como complemento e pela sua importância, transcrevo também a Biografia que foi publicada em 2006 no site http://mundoslam.com/

Apresento as minhas sentidas condolências à Família do malogrado artista, assim como ao Governo e Povo Moçambicano pela perda do insigne e já saudoso "Mestre" Malangatana!

Paz à sua Alma!

Amor-Leiria, 5 de Janeiro de 2011

Celestino Gonçalves



CARTAS DA BEIRA DO ÍNDICO

(16)

ENCONTRO COM O MESTRE MALANGATANA


(Março de 2005)


O Mestre como era há uns bons anos atrás!

Moçambique teve sempre personalidades de renome mundial, nomeadamente no desporto onde se destacaram nomes como Eusébio e Coluna e mais recentemente Lurdes Mutola campeã mundial e olímpica de atletismo.

Após a independência, em 1975, destacaram-se no mundo das artes e das letras duas outras personagens que são hoje a coqueluche deste jovem país: Malangatana e Mia Couto. Eles são as figuras de topo de uma vasta plêiade de pessoas ligadas à cultura de Moçambique, justamente porque as suas obras se tornaram muito conhecidas e atingiram grande fama praticamente em todo o mundo.

Como pessoas célebres que são, ganharam o estatuto de figuras públicas muito estimadas por toda a gente. Ambos foram dotados, para além das suas capacidades artísticas e intelectuais, do dom da simplicidade que o povo tanto aprecia. Numa palavra, eles são o orgulho dos moçambicanos!

Curiosamente, eles têm excelente relacionamento entre si e, para minha felicidade, ambos fazem parte do número dos meus bons amigos moçambicanos, conforme tive já a oportunidade de aflorar no meu site pessoal e em trabalhos anteriores inseridos em várias comunidades com sites na Internet. Eles se cruzaram na minha vida em situações diferentes, mas tão marcantes que me dão o direito de lhes reclamar alguns momentos de cavaqueira nem que para isso tenha de invadir os portões de acesso às suas casas!

Só que, em relação a Malangatana, as coisas não têm sido fáceis pois que não o encontrava a jeito há mais de quinze anos. Os seus afazeres e constantes viagens pelo estrangeiro não me proporcionaram uma única aproximação durante todo este longo tempo, apesar de várias tentativas que sempre fiz durante as minhas regulares estadias em Moçambique!

Sendo originário do povo humilde, Malangatana prima por ser um homem simples e modesto. Contudo, não é muito fácil encontrá-lo disponível uma vez que a sua ocupação profissional lhe absorve todo o tempo, quer no atelier a pintar e gravar, quer a viajar por esse mundo fora envolvido nas suas exposições pessoais ou a participar em congressos e colóquios do seu ramo. É ainda membro da Assembleia Municipal de Maputo, um cargo político que lhe trouxe imensas responsabilidades nomeadamente na recepção de delegações estrangeiras ou individualidades que se deslocam a Moçambique e cujo estatuto implica atenções especiais da parte do Governo. Ele é um digno anfitrião e um autêntico ex-libris da cidade capital e do próprio país!


O DESEJADO ENCONTRO


Finalmente, o tão desejado encontro aconteceu no passado dia 21 na sua casa atelier do bairro do Aeroporto, em Maputo, tendo para tal recorrido à intervenção do Mia que contactou o Mestre acabado de regressar de mais uma viagem a Portugal.

Como minha filha Paula também tem certo à-vontade junto deste ilustre personagem, foi ela quem completou os acertos finais para o encontro e fez questão de me acompanhar munida da “Olympus” para registar e colher imagens do consagrado artista e do seu magnífico museu.

Antes de tomarmos o caminho para aquele bairro tive ainda a oportunidade de reler as partes mais significativas dos textos do seu Livro-Álbum “Malangatana”, editado em 1998 e que felizmente me fora oferecido no último Natal pelo mano mais velho do meu genro Armando Couto. Isto para reavivar a memória em relação ao fabuloso palmarés deste ilustre moçambicano e ficar mais preparado para o visitar no seu habitat.


O Livro "Malangatana"

A rica biografia deste homem e as considerações sobre a pessoa e sua obra, feitas por consagrados críticos das artes e das letras, quer nacionais quer estrangeiros, expressas naquela excelente obra, deixaram-me francamente confuso sobre o sucesso do encontro que estava prestes a ter com o famoso pintor, sendo que ele agora é um ídolo de reputação nacional e internacional. Interrogava-me se ele me iria reconhecer e se não me dispensava mais que algumas palavras de circunstância para além dos cumprimentos da praxe!

Lá fui a meditar nas minhas dúvidas, confiante apenas nas faculdades persuasivas para dar a volta a eventuais dificuldades e evitar que o desejado encontro com o velho amigo acabasse numa frustrante jornada sentimental!

Ando na tua trás há mais de quinze anos!

Foram estas as primeiras palavras que dirigi ao velho amigo que nos aguardava no atelier de trabalho do rés do chão da sua grande residência, usando assim uma expressão popular muito em voga em Moçambique.

A sua reacção não se fez esperar com um “Bayete Gonçalves” e uma palmada na mão à boa maneira do cumprimento entre os jovens actuais, seguida de um prolongado abraço.


Bayete Gonçalves!

Afinal fui reconhecido e o à-vontade do nosso anfitrião foi tão manifesto que a breves momentos a descontracção era recíproca.

Que alívio!

O que se seguiu durante toda a tarde daquele dia memorável, foi para mim e para a Paula um autêntico deslumbramento! Um desfiar de recordações de um passado já com mais de meio século, desde que nos conhecemos em Marracuene, sede administrativa da sua terra Natal onde iniciei a minha carreira em Moçambique no longínquo ano de 1952. Ele tinha nessa altura 16 anos e eu 20!

Durante os anos que precederam a sua ida para Lourenço Marques, em 1956, Malangatana fez-se notar na vila pela sua participação em várias actividades culturais (música, danças tradicionais, artesanato) e desportivas. Naturalmente que os nossos encontros se sucederam nomeadamente no futebol que ambos praticamos e também na Administração onde ia com frequência tratar de assuntos pessoais ou visitar um seu parente próximo que ali trabalhava comigo. Depois de reavivarmos a memória citando factos e pessoas desses velhos tempos, nomeadamente dos administradores mais marcantes dessa época (Marques da Cunha e Granjo Pires), do padre Lourenço (que nos casou), dos Panguenes, dos Andrades, dos Lopes de Castro, dos Verdes, dos Bourlótos, dos Figueiredos (meus sogros), do velho Nunes (do Pavilhão de Chá), dos Faria Lopes e Lopes Marques (chefes de estação dos Caminhos de Ferro), dos Parentes, do Mendes (das excursões fluvias) e de outras figuras daquela bonita vila à beira do Incomáti, alargamos as nossas recordações ao período do pós independência quando ele era responsável do Departamento de Cultura do Ministério do Trabalho e eu adjunto da direcção dos Serviços de Fauna Bravia do Ministério da Agricultura, altura em que os nossos contactos foram mais frequentes pois estes Serviços forneciam o marfim de elefante para o sector de artesanato do mesmo Departamento.


Com a Paula numa das salas onde estão belos quadros e esculturas

A partir de 1990, data do meu afastamento de Moçambique para me fixar em Portugal, limitei-me a acompanhar, de longe, as notícias sobre a carreira fabulosa deste homem, que se tornou um dos pintores mundiais de vanguarda na actualidade, assim como escultor de grande mérito. A sua fama o tornou uma figura de grande prestígio, acumulando prémios e condecorações, incluindo a de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, de Portugal. A sua vastíssima obra (Pintura, Desenho, Aguarela, Gravura, Cerâmica, Tapeçaria e Escultura), encontra-se em vários museus e galerias públicas, bem como em colecções privadas, espalhadas por inúmeras partes do Mundo. Tem ainda pintados ou gravados imensos murais não só em Moçambique como noutros países africanos, da Europa e do continente americano. O seu espólio pessoal, de valor incalculável, enche literalmente toda a sua grande casa-atelier de Maputo, aguardando o seu próximo destino que será o Museu da “Fundação Malangatana”.


Aspecto parcial do atelier

Toda a actividade artística e social deste grande senhor não o afastou, contudo, dos contactos com o povo humilde e sobretudo das crianças. Na sua terra natal ele impulsionou um importante projecto cultural – Associação do Centro Cultural de Matalana – de cuja direcção é presidente. No seu bairro criou uma escolinha para as crianças aprenderem a pintar. Tem sido membro de Júris de vários eventos nacionais e internacionais das Artes Plásticas, mantendo a ligação à UNICEF relativamente ao Júri para os Cartões de Boas-Festas.

A sua próxima obra, que será a maior, é a sua própria “Fundação Malangatana”, que será erguida também na sua terra natal e para a qual já conta com o respectivo projecto do seu grande amigo, o arquitecto e pintor português Miranda Guedes (Pancho), um dos grandes impulsionadores da carreira deste artista na sua fase inicial quando era ainda um modesto empregado de bar e da cozinha do velho Grémio (o Clube de Lourenço Marques), de parceria com o Dr. Augusto Cabral, actual director do Museu de História Natural.


Crianças angustiadas

As ligações de Malangatana a Portugal são muito estreitas, quer no âmbito institucional quer no relacionamento com as pessoas que o acarinharam nos tempos do seu lançamento na vida artística. Aqui tem feito muitas exposições individuais e elaborou, no Pavilhão de Moçambique da Expo-98 de que foi Vice-Comissário Nacional para a área da Cultura, uma escultura móvel, bem como um bonito painel-mural.

O seu Livro/Álbum “Malangatana” é uma encantadora obra por onde perpassa toda a magia e esplendor de uma vasta colecção das suas pinturas, desenhos e esculturas. Foi numa das páginas brancas deste Livro que o Mestre pintou uma bonita aguarela assinalando a visita que lhe fiz e que simboliza a nossa velha amizade. A todo o tamanho da página do lado esquerdo escreveu uma mensagem que muito nos sensibilizou e que é uma evocação especial dos velhos tempos de Marracuene (ex-Vila Luisa), com especial destaque para as suas belezas naturais, para os hipopótamos e crocodilos do grande rio Incomáti e para as actividades turísticas da vila. Escreveu ainda, numa outra página, uma dedicatória para as comunidades de Maputo, Inhambane, Beira e outras, que aqui deixo reproduzida, como se impõe.


Na fase inicial da pintura


A Paula observando o Mestre quando executava a pintura e dedicatória no Livro


Dedicatória e quadro concluídos


A Mensagem para as Comunidades


Agradecendo ao Mestre

Antes de deixar a casa-atelier de Malangatana, percorremos todas as salas onde se encontram expostos muitos dos seus quadros e esculturas, obras estas que executou ao longo da sua carreira e que foi seleccionando para fazerem parte do seu espólio inegociável.


Subindo para o 1º andar da maravilhosa casa-atelier

A visita acabaria pelas cinco da tarde porque Malangatana tinha tarefas na Assembleia Municipal, até onde o acompanhámos a seu pedido. Antes de nos despedirmos dirigiu-se à Paula e repetiu o que já nos havia dito no seu atelier: não te esqueças que quero fazer uma festa convosco e restante família em Marracuene, na próxima vinda de teu pai a Moçambique!


A despedida junto do Município

Nas horas que se seguiram a este encontro meditei profundamente sobre aquela figura imponente e bonacheirona, na sua simplicidade e delicadeza de trato, na sua sabedoria, na sua obra que os críticos tanto elogiam, na aura que o envolve e como conserva tanto vigor e alegria de viver a pesar de rondar os 70 anos e ultimamente ter sido sujeito a delicadas intervenções cirúrgicas!

Quando deixei este ilustre personagem à porta do Município de Maputo, naquela tarde inesquecível, sentia-me imensamente feliz e, tal como Mia Couto escreveu em 1986 a propósito de mais uma exposição do Mestre - “Sai-se de uma exposição de Malangatana com a sensação de que já não somos os mesmos que éramos quando entrámos”- , também fiquei com a sensação de que já não era o mesmo!

A bordo do avião da TAP, 24 de Março de 2005

Celestino (Marrabenta)


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NOTA FINAL

Esta “Carta” foi alinhavada a bordo do avião da TAP durante a viagem de regresso a Portugal, três dias depois do encontro com Malangatana. Só hoje, porém, é publicada devido a dificuldades que surgiram com o restabelecimento da minha conta Internet, entretanto interrompida durante as férias em Moçambique.

Ela é a última da série de 16 modestas crónicas que ao longo dos mais de cinco meses de permanência em Moçambique tive o prazer de escrever para as Comunidades onde muito me orgulho de participar.

Prometo voltar com outras notícias e imagens que trouxe na minha bagagem!

Um abraço do tamanho de Moçambique para todos os que tiveram a paciência de ver e ler estes escritos!

Amor - Leiria, 10 de Abril de 2005

Celestino (Marrabenta)


BIOGRAFIA DE MALANGATANA

Publicada em 2006 no site: http://mundoslam.com/, por Paola Rolletta e Samuel da Carvalho


Malangatana Valente Ngwenya nasceu em Matalana, Província de Maputo, a 6 de Junho de 1936. Estudou na Escola da Missão Suiça de Matalana e na Escola da Missão Católica de Ntsindya, em Bulaze. Depois de obter o diploma da 3ª classe rudimentar, vai para Lourenço Marques (Maputo), frequentou a Escola Comercial. Foi pastor de gado, aprendiz de nyamussoro (médico tradicional), criado de meninos, apanhador de bolas e criado no clube da elite colonial de Lourenço Marques.

Tornou-se artista profissional em 1960, graças ao apoio do arquitecto português Miranda Guedes (Pancho) que lhe cedeu a garagem para atelier.

Em 1961 efectuou a sua primeira exposição individual.

Acusado de ligações à FRELIMO, foi preso pela polícia colonial quando duma leva de prisões que levou á cadeia, entre outros, os poetas José Craveirinha e Rui Nogar. Contrariamente aos seus companheiros, não se provou tal envolvimento pelo que acabou absolvido, após quase 2 anos de prisão. No entanto, a pressão sobre ele exercia-se continuamente pois os seus quadros, embora não exactamente retratando a realidade, davam-na a entender muito bem. Vejam-se as obras desses anos e toda a simbologia que deles se desprende de denúncia da opressão.

Após a Independência teve vários envolvimentos na área política, tendo sido deputado pelo Partido Frelimo de 1990 até 1994 e hoje é um dos membros da Frelimo na Assembleia Municipal de Maputo.

Foi um dos criadores do Movimento para a Paz e pertence à Direcção da Liga de Escuteiros de Moçambique.

Foi um dos criadores de Museu Nacional de Arte e procurou manter e dinamizar o Núcleo de Arte (associação que agrupa os artistas plásticos).

Muito ligado à criança, tem colaborado intensamente com a UNICEF e durante alguns anos fez funcionar a escolinha dominical "Vamos Brincar", uma escolinha de bairro.

Impulsionador, no passado, de um projecto cultural para a sua terra natal Matalana, retoma-o, logo que a guerra termina, criando-se assim a Associação do Centro Cultural de Matalana, de cujo grupo fundador Malangatana faz parte, sendo actualmente presidente da Direcção. Esta Associação pretende criar um projecto de desenvolvimento integrado das populações em torno do desenvolvimento profissional, de produção de auto-emprego, juntamente com o trabalho artístico, etno antropológico e ecológico.

Desde 1959 que participa em exposições colectivas em várias partes do mundo para além de Moçambique nomeadamente África do Sul, Angola, Brasil, Bulgária, Checoslováquia, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Holanda, Índia, Islândia, Nigéria, Noruega, Paquistão, Portugal, RDA, Rodésia, Suécia, URSS e Zimbabwe.

A partir de 1961 realizou inúmeras exposições individuais em Moçambique e ainda na Alemanha, Áustria, Bulgária, Chile, Cuba, Estados Unidos, Espanha, Índia, Macau, Portugal e Turquia.

Tem murais pintados ou gravados em cimento em vários pontos de Maputo e na cidade da Beira; na África do Sul; no Chile; na Colômbia; nos Estados Unidos da América; na Grã-Bretanha; na Suazilândia; e na Suécia. A sua obra, para além dos murais e das duas esculturas em ferro instaladas ao ar livre é composta por Pintura, Desenho, Aguarela, Gravura, Cerâmica, Tapeçaria, Escultura e encontra-se (exceptuando a vastíssima colecção do próprio artista) em vários museus e galerias públicas, bem como em colecções privadas, espalhadas por inúmeras partes do Mundo.

Malangatana foi membro do Júri do Primeiro Prémio Unesco para a Promoção das artes: é membro permanente do Júri " Heritage", do Zimbabwe; foi membro do Júri da II Bienal de Havana; da Exposição Internacional de Arte Infantil de Moscovo; de vários eventos plásticos em Moçambique e Vice-Comissário Nacional par a área da Cultura de Moçambique e para a Expo 98.

Recebeu a Medalha Nachingwea pela contribuição dada à cultura Moçambicana.

Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Algumas Exposições Individuais


1961 - Edifício das Associações Económicas, Lourenço Marques.
1985 - Atelier de António Inverno, Lisboa. Desenho na Galeria Almadanada, Almada.
1986 - II Bienal de Havana. Exposição retrospectiva, Museu Nacional de Arte - 25 anos do artista/50 anos de idade, Maputo. Exposição retrospectiva, Leipzig, Chiverine e Berlim.
1987 - Exposição retrospectiva, Sófia. Exposição retrospectiva, Palais Palphy e AAIC, Viena.
1989 - Grenwich Citizens Gallery, Londres. Exposição retrospectiva, Sociedade Nacional de Belas- Artes, Lisboa. Worlds Maaimat 90, Jaensun, Finlândia.

Algumas Exposições Colectivas

1961 - "Imagination 61", Universidade do Cabo, África do Sul.
1985 - "10º Aniversário da República Popular de Moçambique", Casa dos Bicos, Beira e Núcleo de Arte, Maputo. "Artistas do Mundo contra o Apartheid", Roissy-Ch. de Gaule e La Maison de L'Etranger, Marselha. "Hommage aux Femmes", Berlim.
1986 - Semana de Moçambique, Roma. Exposição colectiva de Paço D'Arcos.
1987 - Semana Cultural de Moçambique, Estocolmo.
1989 - Aniversário da OUA, Maputo. Aniversário da ONJ, Maputo. 5º Congresso do Partido Frelimo, Maputo. "Amor e Arte", Maputo. "Encontro de Escritores de Língua Portuguesa".

Prémios

1959 - Menção honrosa no I Concurso de Artes Plásticas de Moçambique, Associação dos Naturais de Moçambique, com "Mulher na Cidade".
1962 - 1º Prémio de Pintura "Comemorações de Lourenço Marques", com "A Humaninade". 1968 - 2º Prémio de Pintura (ex-aequo)" "Comemorações do 24 de Julho", com "Última Ceia". 1970 - Diploma e Medalha de Prata como Membro "Honoris Causa" da Academia Tomase Campanella de Artes e Ciência.
1971 - Bolseiro em Lisboa da Fundação Calouste Gulbenkian, em cerâmica e gravura.
1982 - Artista convidado para "Artistas do Mundo contra o Apartheid", das Nações Unidas. 1984 - Medalha Nachingwea, pela contribuição dada à Cultura Moçambicana.
1985 - Artista convidado para presidir ao júri da National Annual Art Exhibition os Zimbabwe. 1989 - Prémio de Artes Plásticas atribuído pela secção Portuguesa da Assocition International des Critiques d'Art (AICA-SEC).

Museus e Colecções

Está representado em museus, galerias e colecções particulares em todo o Mundo.
As suas obras estão presentes no M'Bari de Oshogbo, Nigéria, no Museu de Arte Contemporânea de Lisboa, no Museu Nacional de Luanda, na National Gallery of Comtamporany Art de Nova Deli, na National Art Gallery de Harare, Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, na colecção do Partido Comunista Português, no Museu Nacional de Arte de Moçambique e em inúmeros países, de Cabo Verde à Nigéria, da Bulgária à Suíça, dos Estados Unidos ao Uruguai, na Índia e no Paquistão.

02 October 2010

86 - FILME "AFRICA´S LOST EDEN" VENCE ART&TUR


PARQUE NACIONAL DA GORONGOSA

FILME "AFRICA´S LOST EDEN" VENCEU O FESTIVAL INTERNACIONAL DE
FILMES DE TURISMO (ART&TUR 2010) EM BARCELOS


Foto de família dos premiados do Festival Internacional de Filmes de Turismo
(ART&TUR 2010)

O filme “Africa’s Lost Eden”, da National Geographic, sobre o Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique, foi o vencedor do Grande Prémio Art&Tur 2010. A película ilustra o esforço que está a ser desenvolvido para restaurar um dos ex-libris naturais daquele país africano, tendo merecido o principal prémio do Festival Internacional de Filmes de Turismo, em Barcelos.
O filme é uma produção da National Geografic e destaca o trabalho do filantropo norte-americano Greg Car, que tomou a seu cargo a recuperação da Gorongoza, um parque criado pelos portugueses em 1960 mas que foi devastado pela guerra civil. Greg Car esteve no domingo em Barcelos a acompanhar o Festival com o Embaixador de Moçambique em Portugal. Os dois receberam o primeiro prémio do Festival Art&Tur das mãos do Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, presente na cerimónia.
A película “Africa’s Lost Eden”, que também arrecadou os prémios para Melhor Filme nas Categorias de Biodiversidade e Planeta Saudável, tem a duração de 50 minutos e foi projectado no terceiro dia de Festival, com uma plateia absolutamente entusiasmada.
Produtores, realizadores, membros do júri Art&Tur, jornalistas e demais convidados fizeram da cerimónia de entregas dos prémios Art&Tur 2010 um momento de grande elevação cultural através da partilha de experiências oriundas de países como o Brasil, a Espanha, a Suécia, Moçambique, Cabo Verde, Estados Unidos da América, França, Polónia ou Grécia.
No encerramento do Festival, o Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Miguel Costa Gomes, agradeceu a vinda a Barcelos das centenas de pessoas que participaram no Art&Tur, sublinhando que o Festival será para «manter em Barcelos com o apoio da Autarquia nos próximos dez anos». O presidente ouviu palavras de agrado sobre a organização do certame e o carinho com que todos os convidados e participante do Art&Tur falaram de Barcelos e dos barcelenses: «Estes momentos são absolutamente gratificantes», disse, «sinto-me feliz ao saber que Barcelos está a passar uma imagem de um concelho que sabe receber e tem capacidade para crescer abrindo horizontes culturais».
Francisco Dias, o director do Festival, em jeito de surpresa, apresentou um filme que mostra as mais belas imagens de Barcelos e do Porto, um pouco à imagem de crescimento do Festival. No discurso final agradeceu a todos que participaram no Art&Tur e que ajudaram a fazer do Festival uma referência internacional. Deu os parabéns aos barcelenses pela forma «bastante acolhedora» como souberam receber todos os participantes do Festival, sublinhando o apoio incansável que a Câmara Municipal de Barcelos deposita para que o Art&Tur cresça de ano para ano.
Quase no final do Festival, Francisco Dias apresentou um filme dedicado a Aristides Sousa Mendes, dando assim mote à instituição do Prémio com o mesmo nome para o melhor filme na categoria Vida Humana. Um prémio que foi entregue pelo neto do humanista e elemento do Conselho de Administração da Fundação Aristides Sousa Mendes e pelo Embaixador de Cabo Verde ao Filme “Aldeia da Baía”, em Cabo Verde, numa realização do barcelense Carlos Araújo e produção de Miguel Henriques, do Rotary Clube de Barcelos.
O realizador barcelense recebeu uma das mais calorosas ovações da cerimónia ao que se seguiu um discurso bastante emocionado de agradecimento pelo prémio.
Esta é a lista completa dos vencedores: Melhor Filme na Categoria “Destinos”: Is it true what they say… about Luxembourg? Melhor Filme na Categoria “Turismo Cultural”: Santiago é Grande: Melhor Filme na Categoria “Turismo Religioso”: Um Caminho de Santiago: Melhor Filme na Categoria “Ecologia e Turismo”: Bonito e Pantanal – O Brasil no seu Melhor; Melhor Filme na Categoria “Turismo de Montanha”: Eaglewalk; Melhor Filme na Categoria “Aventura, Expedições e Viagens”: Nature Propelled”; Melhor Filme na Categoria “Vida Humana”: Life in Aldeia da Baía; Melhor Filme na Categoria “Biodiversidade”: Africa’s Lost Eden; Melhor Filme na Categoria “Planeta Saudável”: Africa’s Lost Eden; Melhor Filme na Categoria “Animação Turística/Eventos”: Frederic 2010; Melhor Filme na Categoria “Turismo Acessível”: Lisboa; Melhor Filme na Categoria “Gastronomia e Vinhos”: Vinho 8; Melhor Filme na Categoria “Experiências Memoráveis”: Styria – The Grenn Heart of Austria; Melhor Filme na Categoria “Jovens Talentos”: Dali no Porto; Melhor Filme da Losofonia: Foz do Iguaçu Destino do Mundo; Melhor Spot Publicitário: Mochila; Melhor Filme Promocional: Zaffari – Porto Alegre é de Mais; Melhor Documentário: Sintra, Capital do Romantismo; Melhor Imagem: Africa’s Lost Eden; Melhor Som: Is it true what they say… about Luxembourg? Melhor Conceito/Criatividade: Santiago é Grande.

O Festival Internacional de Filmes de Turismo Art&Tur é uma organização da APTUR – Associação Portuguesa de Turismologia e da Câmara Municipal de Barcelos, decorreu de 23 a 26 de Setembro. Este é já considerado como um dos mais importantes eventos para a promoção turística do concelho de Barcelos no país e no mundo. Durante quatro dias foram exibidos os 80 melhores filmes dos mais de 285 a concurso, provenientes de 35 países, o que faz do Art&Tur um dos mais importantes Festivais de Filmes de Turismo do mundo. Por isso, o Festival Art&Tur terminou com um balanço muito positivo, tornando Barcelos cada vez mais a Hollywood dos Filmes de Turismo.

Pelo Gabinete de Comunicação,

Sónia Sá.
28 de Setembro de 2010


Greg Carr (Presidente do Projecto de Restauração da Gorongosa) com o Grande Prémio do Festival.Com ele no palco o Embaixador de Moçambique, Miguel Mkaima e o Presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes.


NOTA FINAL:

O presente comunicado foi-nos enviado pelo director de comunicação e turismo do Parque Nacional da Gorongosa, Dr. Vasco Galante, a quem agradecemos e felicitamos por mais este honroso prémio, que se junta a vários outros obtidos pelo mesmo filme em importantes certames internacionais de turismo, conforme temos dado conta neste espaço.


Saudações amigas!

Celestino Gonçalves

22 September 2010

85 - FALECIMENTO DE FRANCISCO COIMBRA


FALECIMENTO DE UM HISTÓRICO CAÇADOR-GUIA

DE MOÇAMBIQUE

FRANCISCO COIMBRA (CHICO)
Em 1977 durante os trabalhos da "Operação Búfalo" em Marromeu

Numa primeira notícia recebida de sua sobrinha, a nossa querida amiga Helena Raposo, não havia dados concretos que sustentassem uma informação vaga sobre o falecimento do caçador-guia Francisco Coimbra, o categorizado e bem conhecido Chico Coimbra como era conhecido e tratado por toda a gente na cidade da Beira.

Contudo, a infausta notícia acaba de nos ser confirmada pela esposa do amigo Luís Pedro de Sá e Melo, colega do falecido que actua numa grande empresa de safáris de caça na Tanzania, país de residência do Chico há muitos anos!

Segundo a Ana Maria, o marido transmitiu-lhe por telefone, que a notícia lhe fora dada no próprio dia do falecimento do Chico, em 27 de Agosto último, por outro caçador português, o Orlando Cardoso, amigo comum que também actua na Tanzania. Ele tinha sido internado de urgência num hospital de Arusha e ali falecera pouco depois, não havendo, contudo, referência às causas que a tal conduziram. Foi sepultado no cemitério daquela cidade do interior tanzaniano.

O Chico tinha 80 anos! Pertenceu à elite dos caçadores-guias que na época de ouro dos safáris de caça em Moçambique (1960/1975) fez história nesta indústria cinegética em África.

Como essa indústria foi suspensa quando Moçambique se tornou independente, ele e praticamente todos os bons profissionais do ramo, partiram para outros países africanos onde continuaram a exercer a sua actividade. O Chico escolheu a Tanzania e radicou-se na região de Arusha, onde acabaria por se reformar. Era ali muito estimado pelas autoridades tanzanianas que o destinguiram e apoiaram em vários momentos da sua carreira.

A informação que o Luís Pedro transmitiu deu pormenores de uma singela e louvável homenagem que foi prestada ao Chico por parte da Tanzania Professional Hunters Association, que no dia do funeral emitiu um comunicado louvando a acção do Chico como profissional e como cidadão, terminando o mesmo com estas bonitas e justas palavras: "CHICO WAS 80 YEARS YOUNG"!

De louvar também a presença do colega Orlando Cardoso no funeral, o que não foi possível ao Luís Pedro devido a encontrar-se no sul da Tanzania, muito longe de Arusha.

Ao transmitir esta notícia não posso deixar de evocar a figura simpática e o comportamento profissional exemplar do Chico, durante aquela fase de ouro em Moçambique. Com efeito, ele era muito estimado tanto por colegas de profissão como por clientes que com ele caçavam, primeiro na Coutada de Kanga N´Thole, do Alberto Araújo e depois na SAFRIQUE.

Chico com o seu inseparável pisteiro Fombe, em Kanga N´Thole

Conheci o Chico na altura em que era o braço direito do velho Araújo e desde logo me habituei a respeitá-lo por admirar a sua postura, sempre consciente e serena, na condução dos safáris a seu cargo e na forma como se empenhava nos problemas da conservação da fauna bravia. Acompanhou-me em muitas missões de fiscalização no combate à caça furtiva naquela Coutada e estivemos juntos noutras acções como foram os safáris oficiais dos Marqueses de Villaverde (1963 e 1964) e Operação Búfalo de Marromeu (1977).

Chico (primeiro plano), com os seus colegas Coelho e Garcia
durante a "Operação Búfalo" em 1977

Uma forte amizade nos ligou graças às muitas ideias em comum e à entre-ajuda que praticamos no mato em defesa do património faunístico que ambos defendíamos, cada um no seu posto, mas com a mesma paixão!

Sem exagero posso afirmar que o Chico Coimbra fez parte dos melhores caçadores-guias de Moçambique, valorizando-se sobretudo pela simplicidade como encarava os problemas da complicada e arrojada actividade cinegética. Discreto, calmo e experiente, nunca recorreu a cenários ou a dramas que alguns caçadores usavam para se auto-elogiarem e imporem na profissão.

Partiu um grande profissional, um grande Homem, um bom Amigo!
Sentidos pêsames à Família!

Paz à sua Alma!


22 de Setembro de 2010

Celestino Gonçalves

11 September 2010

84 - GORONGOSA NO FESTIVAL ART&TUR EM BARCELOS

Filme sobre Gorongosa favorito no Festival ART&TUR 26.09.10 - Barcelos (Portugal)

Conforme comunicado de imprensa dos organizadores do Festival Internacional de Cinema ART&TUR, o filme "Africa's Lost Eden", uma produção da National Geographic que ilustra o esforço que está a ser desenvolvido para restaurar o Parque Nacional da Gorongosa em Moçambique, é um dos grandes candidatos ao Grande Prémio do Festival, cuja cerimónia de entrega decorrerá no dia 26 de Setembro de 2010.

COMUNICADO DE IMPRENSA

Festival ART&TUR celebra o Centenário da República e o Ano Internacional da Biodiversidade

A 3ª edição do Festival ART&TUR terá lugar em Barcelos, de 23 a 26 de Setembro, e as inscrições estão abertas ao público através do site do Festival: http://www.tourfilm-festival.com/.

No Ano Internacional da Biodiversidade, o programa do festival aposta na sensibilização do público para esta importante temática, dando especial ênfase à protecção de áreas sensível do planeta, como o Parque Nacional da Gorongosa (Moçambique) e a Amazónia. Sendo o filme "Africa’s Lost Eden", sobre o Parque Nacional da Gorongosa, um dos principais candidatos ao Grande Prémio do Festival, nada melhor do que a presença confirmada de Greg Carr, o filantropo norte-americano que tomou a ser cargo a recuperação de um parque criado pelos portugueses em 1960, mas que foi devastado pela guerra civil.
Greg Carr vem ao ART&TUR acompanhado por Vasco Galante, Director de Comunicação do Parque da Gorongosa, pelo Embaixador de Moçambique e pelo director da National Geographic, entidade que produziu o filme, e que muito tem feito em prol do conhecimento e da preservação das espécies.

Também relacionado com o Ano Internacional da Biodiversidade, será a participação do município de Barcelos da Amazónia na qualidade de “destino convidado” ART&TUR 2010. O público poderá assim conhecer o município brasileiros homónimo, situado em pleno “pulmão do Planeta”, que tem a particularidade de possuir 25 mil habitantes, mas dispor de um território muito superior ao de Portugal (125 mil km2). Paralelamente, o ART&TUR 2010 presta também um tributo ao Centenário da República, ao integrar na programação a exposição “Cem Anos de Presidência”. Trata-se de uma colecção de bustos de todos os presidentes da República Portuguesa ao longo de um século – projecto da autoria do escultor e caricaturista barcelense Joaquim Esteves, e um contributo original de Barcelos e do Festival ART&TUR para as comemorações nacionais do Centenário da República. Esta exposição ficará patente na Galeria de Arte de Barcelos, a partir do dia 26 de Setembro.

Francisco Dias (director) tel: 968054342 ; ftpdias@gmail.com;

tourfilmportugal@gmail.com Sónia Sá (Gabinete de Imprensa da CM de Barcelos)tel: 913500212 ; soniasa.apr@cm-barcelos.pt


NOTA FINAL:
O presente comunicado foi-nos enviado pelo director de comunicação do Parque Nacional da Gorongosa, Dr. Vasco Galante.


Saudações amigas!

Celestino Gonçalves


05 September 2010

83 - HOMENAGEM A UM BEIRENSE DE GEMA!



ALMOÇO DE CONVÍVIO EM MIRAFLORES
COM O CASAL IVO




FRANCISCO IVO (Chico entre os amigos), um beirense de gema que continua a viver na terra que o viu nascer e ali exerce a sua profissão de Arquitecto, é uma figura muito estimada por todos que o conhecem, quer residam ou não em Moçambique!

Filho de um respeitável senhor - o Arquitecto Carlos Ivo - que residiu naquela mesma cidade praticamente durante toda a sua vida activa, deixando ali uma obra ímpar na construção da cidade capital de Manica e Sofala, reconhecida não só pelas autoridades do período colonial como do actual governo moçambicano que o condecorou a título póstumo por ocasião do centenário da cidade, recentemente comemorado. O Chico continuou não só a obra de seu pai como preencheu o seu lugar no campo social visto que seguiu o seu progenitor no comportamento cívico exemplar que o caracterizou como das pessoas mais estimadas pela população beirense!

Com alguma regularidade o Chico Ivo vem a Portugal onde tem dois filhos a estudar. E tal como tem acontecido em anos anteriores, os seus amigos não desperdiçaram a oportunidade de se reunirem com ele e sua simpática Esposa num almoço convívio, no passado sábado, dia 4, em Miraflores-Algés.

O convívio juntou mais de meia centena de beirenses e foi pretexto para mais uma festa de amigos que vivem em vários pontos do país e ali se deslocaram respondendo à chamada do anfitrião do costume, o dinâmico e bem conhecido Mário Santos. Eu próprio, que tenho por esta família uma especial estima desde os tempos em que privei com o saudoso pai Ivo, marquei presença e tive a honrosa incumbência da direcção da ACRENARMO (Associação Cultural e Recreativa dos Naturais e ex-Residentes de Moçambique) de apresentar uma mensagem de saudação ao homenageado. Aproveitei, naturalmente, para dirigir a minha mensagem ao Chico , realçando as ligações profissionais e de amizade que mantive com o seu pai durante a minha estadia na Província de Manica e Sofala na década de 60, quando ele, na condição de vogal da Comissão Distrital de Caça, em representação dos caçadores, muito colaborou com os Serviços da Fauna Bravia nas decisões sobre as actividades cinegéticas, quer profissionais quer amadoras.

Desejamos ao simpático casal Ivo boa estadia e óptimas férias em Portugal!



O Chico Ivo fazendo o brinde de agradecimento aos amigos


Momento em que o Celestino Gonçalves
proferia a mensagem de saudação da ACRENARMO


Um aspecto do almoço


Outro aspecto do convívio

Saudações amigas!

Celestino Gonçalves


VER ÁLBUM PICASA DA AUTORIA DO ANTÓNIO JORGE, JÁ DISTRIBUÍDO EM:


OPORTUNAMENTE SERÃO ADICIONADAS MAIS FOTOS DA AUTORIA DO MÁRIO SANTOS E CELESTINO GONÇALVES

31 July 2010

82 - GORONGOSA - 50º ANIVERSÁRIO



COMEMORAÇÕES DO 50º ANIVERSÁRIO





MINISTRO DO TURISMO PRESIDIU À CERIMÓNIA EM CHITENGO QUE INCLUIU
A INAUGURAÇÃO DE UM CENTRO DE EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA -
REPORTAGEM DO JORNAL "NOTÍCIAS" DE MAPUTO
(27-07-2010)

PNG aos 50 anos: Servir e cada vez melhor a humanidade

O PARQUE Nacional da Gorongosa (PNG), na província central de Sofala, completou na passada 6ª feira, dia 23, 50 anos de existência como tal. Mais de uma centena de pessoas foi juntar-se a outras centenas oriundas das comunidades locais para assinalarem a efeméride, numa altura em que aquela estância turística já vai fazendo parte do mapa turístico mundial ou mesmo já vai dando o seu contributo não só ao país como à humanidade.
Maputo, Terça-Feira, 27 de Julho de 2010:: Notícias

Foram 50 anos que conheceram várias fases desde a sua existência apenas como reserva de caça, depois a sua passagem já para parque, a sua destruição e abandono em consequência da guerra que foi imposta ao país e que destruiu tudo, até aos dias de hoje em que se ergue a olhos vistos e se reafirma como referencia nacional e internacional embora o caminho ainda seja longo.
As comemorações destas bodas de ouro decorreram sob o lema 50º Aniversário do Parque Nacional da Gorongosa, 1960-2010: Um Paraíso Que Moçambique Oferece Ao Mundo”.

O Ministro do Turismo, Fernando Sumbana, presidiu à cerimónia, que consistiu principalmente na inauguração de um centro de educação comunitária (CEC) no interior do parque. Depois foi a praxe, própria de ocasiões desta natureza.

Falando a jornalistas pouco depois de inaugurar e visitar o CEC, o ministro começou por dizer que os 50 anos do PNG eram uma mistura de ganhos e perdas, mas que acima de tudo a reflexão do Governo era de que havia um rumo pela frente e que era preciso trabalhar mais para multiplicar os ganhos registados até este momento.

Sumbana recordou que este parque foi declarado mesmo antes da independência, primeiro como reserva de caça, passando depois a parque, com o objectivo de preservação dos ecossistemas. Mais tarde conquistou uma grande reputação internacional dada a sua grande biodiversidade, a quantidade de fauna que era possível avaliar, como os leões, era o parque com maior quantidade de leões em África, a proximidade com a reserva de búfalos de Marromeu. Para nossa infelicidade, posteriormente, veio a desgraça trazida pela guerra de desestabilização, que destruiu a sua fauna e o seu tecido humano.

“Felizmente, encontrámos uma plataforma em 1992, quando entrámos num processo de paz. Em 97, já o então Primeiro-Ministro, Pascoal Mocumbi, vinha para aqui inaugurar a relançamento do PNG. A partir daí trabalhou-se no sentido de posicionar este parque a nível global, fazer com que ele seja uma referência no Continente Africano. Hoje verificamos que estão sendo introduzidos aqui elementos de referência não só nacional mas que também vão constituir um marco para aqueles que preservam o desenvolvimento social, a integração das comunidades na preservação da sua própria riqueza em benefício da humanidade porque este parque não beneficia só Moçambique mas todo o mundo, o efeito positivo no que diz respeito ao dióxido de carbono que este parque tem estado a jogar faz com o Governo moçambicano revele a grande responsabilidade que tem”.

Fernando Sumbana fez questão de recordar o ano de 2007, ao qual chamou mesmo de outro marco quando se fez este casamento com a Fundação Greg Carr, que compreendeu os objectivos do Governo moçambicano, mesmo tendo em conta que quando chegou o seu propósito era trabalhar na reserva especial de Maputo mas Convidados os seus elementos a visitar o PNG estes ficaram surpreendidos com a biodiversidade e ecossistemas, pelo que decidiram apostar num desafio que já tinha sido manifestado em 97 quando o parque foi reaberto, trabalhando na perspectiva social, mas ao mesmo tempo na preservação das espécies, no desenvolvimento de actividades económicas e na vertente tecnológica.

Respondendo a uma pergunta sobre a aderência dos cidadãos moçambicanos ao PNG, o ministro afirmou que os moçambicanos já visitam o parque. Compatriotas, sobretudo das cidades da Beira, Chimoio e Maputo, vêm ao parque mas considerou que era preciso continuar um programa de promoção porque, no seu entender, há possibilidades de muitas mais pessoas visitarem o local.

“Muitas vezes temos o produto disponível mas o marketing é que é importante. Tenho que dizer que de certo modo concordamos com aquilo que foi a perspectiva da Administração do Parque de criarmos as condições mínimas, por exemplo estas que já permitem as pessoas não só virem ver o elefante ou o leão mas também ter uma educação em termos ambientais e mesmo de negócios”.

Os dados disponíveis indicam que as visitas turísticas ao parque têm estado a aumentar de ano para ano, ao mesmo tempo que vão sendo diversificados os produtos disponibilizados às pessoas que chegam àquele local.

Entretanto, neste momento, segundo conseguimos apurar das autoridades do PNG. Está em negociação um processo de importação de cerca de 200 zebras do Zimbabwe, está igualmente em curso um processo interno de capacitação da reserva de Marromeu, de búfalos. A ideia é capturar e translocar búfalos de Marromeu. Esta é a primeira vez que as reservas e os parques estão a trabalhar em conjunto para restabelecerem as populações de animais.

O Parque Nacional da Gorongosa, com cerca de 3770km2, situa-se no extremo sul do Grande Vale do Rift africano. Ostenta uma diversidade de ecossistemas distintos desde as pradarias salpicadas por áreas de acácias, savanas, floresta seca em zona de áreas térmitas. Também possui planaltos que contêm florestas de miombo e de montanha e uma floresta húmida no sopé de uma série de desfiladeiros.

A REABILITAÇÃO: ALGUNS DISSERAM QUE NUNCA SERIA POSSÍVEL

Maputo, Terça-Feira, 27 de Julho de 2010:: Notícias

UM dos convidados a estes 50 anos foi o Eng.º Baldeu Chande, o homem a quem foi atribuída a responsabilidade de, depois de rubricado o Acordo Geral de Paz em 1992, reunir os “cacos do copo partido” e começar tudo de novo tendo em vista a reposição do Parque Nacional da Gorongosa. Enquanto decorria a cerimónia tradicional à volta da inauguração do centro de educação descobrimo-lo entre os presentes, sempre na sua modéstia, como quem não tem nada a ver com a coisa. Mas como nós sabemos que ele tem sim a ver com a coisa, convidámo-lo a esta breve conversa:

N- Foi a pessoa indicada para vir dar os primeiros passos na recuperação do PNG depois da guerra. Como se deu com a experiencia?

BC- Sim, eu vim aqui logo depois do AGP, fiz a ocupação do espaço, montei a primeira equipa de gestão e comecei a trabalhar. Tinha certeza de que isso ia levar tempo. O que mais agrada é que a minha projecção era que o parque voltaria a ocupar o seu lugar provavelmente em 2015, mas agrada ver que antes dessa altura o parque já deu os passos que deu.

N- Qual foi o segredo?

BC- O segredo foi praticamente montar uma equipa de fiscalização e trabalhar com as pessoas no sentido de conservarem aquilo que ainda existia. Foi preciso entrar em diversos acordos, alguns deles difíceis, com as comunidades, para que não continuassem a caçar nos níveis em que caçavam. Hoje posso verificar que embora possam continuar a caçar há uma certa sustentabilidade porque os efectivos animais continuam a aumentar.

N- Quais foram os outros grandes desafios que enfrentou nesse período?

C- Bom, primeiro havia uma certa falta de compreensão nas pessoas. Tínhamos poucos recursos na altura. As pessoas quase que não acreditavam naquilo que estávamos a fazer, o que era conflituoso, mas foi preciso estar de pé e acreditar naquilo que estava a acontecer e ir para frente. Havia o problema da desminagem do parque, era preciso reabrir as picadas todas e começar a erguer as infra-estruturas com as pessoas que estavam cá a trabalhar, motivá-las, principalmente para o trabalho de fiscalização enquanto muito timidamente fazíamos alguns estudos que nos mostravam alguns caminhos.

N- Em algum momento sentiu algum desânimo ou a perder energias?

BC- Não diria que perdi energias. Tenho uma característica que é esta quando acredito em alguma coisa vou para frente mesmo que tenha várias pessoas a dizerem que não, eu vou para frente.

N- Neste caso havia pessoas a dizerem que não ao projecto?

BC- Houve várias pessoas que disseram que não era possível reabilitar este parque, que falavam principalmente da importação de animais para repovoar o parque, mas eu pus-me de pé e disse não, este parque tem capacidade porque o ecossistema estava em condições, tem capacidade para sarar as feridas que tinham sido provocadas nele principalmente em termos de fauna, e o resultado foi que, acreditando nisso, nós vimos. Aliás, pode observar que todos os animais que está a ver no parque nenhum deles foi trazido, os que foram trazidos estão no santuário. Significa que este esforço valeu a pena, embora nós não sejamos técnicos cotados dentro daquilo que é top quality, como se costuma dizer. Mas os conhecimentos que tínhamos permitiram que fizéssemos um trabalho que hoje dignifica o nosso país.

N- Hoje em que lugar colocaria o PNG no mundo?

BC- Acho que o parque está a dar passos muito gigantes e provavelmente dentro da África Austral pode não estar como o parque melhor cotado, mas a sua fama está a regressar e a equiparar-se a um Kruger e outros. A única diferença é que ele tem as características que tem, só pode ser visitado durante uma parte do ano porque na outra não é possível por causa das chuvas, mas acredito que com um pouco mais de trabalho que está mais ou menos projectado nas nossas cabeças sem violar muito o ambiente natural, podemos criar condições para termos visitantes ao longo de todo o ano e criarmos uma série de produtos que possam ser diversificados. Quem vier no tempo de chuva pode ter produtos que possam satisfazer o seu desejo de apreciar a natureza.

N- Olhando para o futuro o que é que está a ver mais?

BC- Tenho uma filosofia. Conservação para mim é o mais importante porque precisamos de olhar para isto com muita responsabilidade tendo em conta que há mudanças climáticas globais que estão a ocorrer. Então todo o esforço que deve ser dado em termos de conservação é primário, depois diria que, como tem o seu preço fazer conservação, temos que desenvolver um turismo que possa atrair pessoas para que possam ir contribuindo com as suas visitas para que a gente vá desenvolvendo outras actividades.

CENTRO DE EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA: O QUE É?

Maputo, Terça-Feira, 27 de Julho de 2010:: Notícias

Coube ao director de Relações Comunitárias do Parque Nacional da Gorongosa, Mateus Muthemba, fazer a explicação sobre o que é, efectivamente, este conjunto de infra-estruturas. Disse que se pretende que o CEC seja um lugar de convergência das comunidades que circundam o parque e que seja usado para reforçar a participação das comunidades e seus líderes na vida daquela estância, mas também que sirva para a valorização da cultura e do saber local em benefício da protecção da biodiversidade e da redução da pobreza.

Mais especificamente, Muthemba falou de seis objectivos, a saber, dar continuidade aos programas de educação ambiental do PNG dirigidos às crianças das escolas da zona tampão, aos líderes comunitários e a outros membros da comunidade; realizar programas na área da Saúde, com ênfase na educação para a prevenção de doenças; promover a divulgação de práticas de agricultura sustentável na zona tampão; formar membros das comunidades em áreas ligadas ao desenvolvimento de negócios; formar os membros das comunidades vizinhas nas profissões relevantes para o turismo e conservação; e promover a cidadania e a consciência cívica das comunidades vizinhas do parque.

O CEC foi construído com fundos da Fundação Carr, da USAID e da Cooperação Portuguesa. Está erguido num campus com seis hectares a partir de materiais extraídos de forma sustentável. Segundo Muthemba, o centro é um exemplo da combinação de ideias modernas de construção amigas do ambiente, com a aplicação de abordagens de construção que o nosso povo conhece e tem usado.

Consiste de vários edifícios, salas de aulas, dormitórios, escritórios, cozinha e refeitório, uma residência para o gestor e outra para hóspedes. Tem também uma área de acampamento e prevê uma capacidade de pouco mais de 60 pessoas em cada um dos momentos de formação. A sua construção durou cerca de um ano e meio e consistiu no uso intensivo de mão-de-obra local, tendo empregue durante grande parte desse período ao mesmo tempo até um número total de 150 moçambicanos das comunidades vizinhas.

CONTINUA APOIO

Maputo, Terça-Feira, 27 de Julho de 2010:: Notícias

Uma das convidadas de honra a este evento foi a embaixadora dos Estados Unidos da América em Moçambique, Leslie Rowe. Usando da palavra momentos antes da inauguração do Centro de Educação Comunitária, recordou que o seu país tinha trabalhado através do USAID naquele local, mas também tinha trabalhos de voluntários de um corpo de paz no parque e nas comunidades vizinhas que trabalham para ajudar as comunidades locais a aprenderem sobre ecologia básica e a forma como podem contribuir para a protecção ambiental deste recurso natural e nacional.

Manifestou-se certa de que este CEC iria tornar-se num recurso valioso para a educação e desenvolvimento ambiental desta comunidade. Falou das cerca de 200 mil pessoas que vão beneficiar desta iniciativa. Disse também que estava muito satisfeita por ter sabido há dias que a Serra da Gorongosa passará a fazer parte da zona do PNG, o que vai protegê-lo.

Prometeu que os dois países iriam continuar com o diálogo sobre como os EUA podem apoiar o PNG e também atrair muitos turistas norte-americanos. Revelou igualmente que este projecto já está a atrair muitos académicos de algumas das melhores universidades norte-americanas, que pretendem entender a riqueza deste parque.

ACABARAM AS PAREDES INICIA O PROJECTO DAS PESSOAS

Maputo, Terça-Feira, 27 de Julho de 2010:: Notícias

PRESENTE nesta cerimónia esteve igualmente o conselheiro para a Cooperação na Embaixada de Portugal em Maputo, Diogo Franco, que usou da palavra em representação do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), entidade que igualmente desembolsou fundos para a construção do CEC.

Diogo Franco disse que este projecto significa não apenas e evidentemente a preservação de um património ecológico, ambiental de valor incalculável, mas uma aposta nas pessoas. Sublinhou que este era um projecto de desenvolvimento integrado com respeito pelo ambiente, pela economia social, mas sobretudo uma aposta nas pessoas, designadamente nas pessoas que vivem na zona tampão do PNG.

“Diria que estamos no primeiro dia do resto de um projecto. Estão montados e acabados os tijolos e as paredes, mas hoje começa o projecto das pessoas, as pessoas que aqui virão aprender a preservar o ambiente que as rodeia, receber formação com objectivo de viverem de forma sustentável no seu próprio meio. Continuaremos a apoiar Moçambique nas valências que tem e na melhor infra-estrutura que Moçambique tem, que são as suas pessoas”- prometeu.
Eliseu Bento



DISCURSO DE GREG CARR



O presidente da Fundação Carr, Gregory Carr, financiador do Projecto de Restauração do Parque, proferiu o seguinte discurso durante a cerimónia comemorativa dos 50 anos desta instituição:



" Como todos sabemos, a Terra foi formada há 4.500 milhões de anos. Há 1.000 milhões de anos apareceram as primeiras forma de vida multi-celular. Em seguida, apareceram as plantas terrestres. E depois os insectos, os répteis, os mamíferos e os pássaros. Há 200.000 anos foi a vez dos primeiros humanos semelhantes a nós caminharem na Terra. Nós, seres humanos, os últimos a habitar o nosso planeta, contamos com 6.800 milhões de indivíduos. Haverão, pelo menos, 9.000 milhões de seres humanos até meados do presente século. E em relação à população das outras espécies? À medida que a população humana aumenta, diminui o número das outras espécies. Porquê? Primeiro: a destruição do habitat natural – os ecossistemas naturais estão a desaparecer, e a dar lugar à expansão de aglomerados urbanos e suburbanos, à silvicultura comercial, à agricultura comercial, à sobrecarga dos solos, ao uso excessivo de queimadas, à erosão do solo e à exploração mineira. O aquecimento global está a provocar mudanças nos habitats. As espécies mais vulneráveis estão em risco de extinção e as espécies que dependem destas serão igualmente extintas, como que em forma de espiral da morte. Os cientistas estimam que poderemos perder 25% de todas as espécies, ainda neste século (plantas e animais). Podemos inferir que todos os seres humanos estão a obter benefícios à medida que dominamos o planeta? Não. Pelo menos 2.000 milhões de pessoas, do total de 2.500 milhões de pessoas que se adicionarão às actuais, estarão entre as camadas mais pobres das populações desfavorecidas, pessoas que vivem com menos de 2 dólares por dia – são estas as mais vulneráveis à perda de habitats, às variações climáticas, às inundações, às secas, e aos solos empobrecidos. O Ecossistema da Grande Gorongosa é um microcosmo da história do nosso planeta. As comunidades locais estão entre as mais pobres do mundo. O nosso ecossistema está ameaçado pela desflorestação, a diminuição e poluição das bacias hidrográficas, o desaparecimento de espécies, e a degradação das terras agrícolas.
Cinquentenário do PNG e sua Restauração
O Parque da Gorongosa - um tesouro mundial de biodiversidade - celebra, este ano, 50 anos. Se a Gorongosa e outras reservas naturais por todo o mundo florescerem, poderão vir a desempenhar um papel preponderante no que respeita à protecção das espécies e respectivos habitats, de modo a não termos necessariamente de perder um quarto das espécies terrestres neste século. No entanto, adoptámos uma nova filosofia relativamente aos parques nacionais que difere daquela vigente há 50 anos. Agora, reconhecemos que um parque nacional deve ajudar os seres humanos que residem nas suas redondezas e não apenas preservar a natureza. A parceria público-privada de 20 anos para a co-gestão da restauração da Gorongosa disponibiliza-nos um mandato de forma a prosseguir os dois objectivos relativos ao desenvolvimento humano e à protecção da biodiversidade. Na verdade, quem excluir um ou outro objectivo da sua perspectiva perderá de vista a interligação entre os dois. Os seres humanos precisam da natureza: os ecossistemas dão-nos ar puro, água, solo fértil, abrigo, nutrição, inúmeros recursos naturais e recompensas estéticas e espirituais. Por outro lado, a natureza precisa de nós. Os ecossistemas naturais não irão sobreviver, a não ser que os seres humanos se mostrem motivados para a sua conservação. Para gerar a vontade política para a conservação, deverá ser abordada a questão das necessidades humanas, agora que pedimos às sociedades que apoiem e protejam os pontos críticos de biodiversidade. Uma citação da sabedoria local africana esclarece que somos um com a natureza: Passo a citar: “Nós reconhecemos o poder do Todo-Poderoso por meio de uma tempestade de trovões; sentimos confiança e conforto do eterno com o sol nascente; celebramos as inúmeras qualidades da natureza aparentes ou ocultas em cada forma. Cada planta, pedra, animal e pessoa narra a história da criação e serve para criar, ensinar e guiar-nos por entre os caminhos da vida.” Prosseguir os desafios relativos à protecção da biodiversidade e ao desenvolvimento humano não significa que terá de haver um perdedor de um dos lados, e um vencedor do outro. As actividades do nosso projecto incidem sobre ambos os objectivos: -- uma agricultura sustentável protege o solo, à medida que aumenta os índices de produção agrícola; -- o ecoturismo gera emprego, uma vez que valoriza a preservação do ecossistema (os turistas querem ver animais, árvores e paisagens idílicas); -- os sistemas hidrológicos saudáveis fornecem água potável às pessoas e à natureza;-- os projectos florestais restauram as serras, ao mesmo tempo que proporcionam a criação de postos de trabalho, o arrefecimento do ar e a preservação do solo, das plantas medicinais e de outros produtos florestais sustentáveis.
Centro de Educação Comunitária
Hoje inauguramos o nosso novo Centro de Educação Comunitária ao mesmo tempo que comemoramos o Cinquentenário do Parque. Este Centro é o lugar onde convergem os esforços multi-disciplinares e onde estes se encontram e consolidam com a cultura e saber locais. Os debates no nosso Projecto têm sido vigorosos.Estamos a experimentar uma convergência de paixões por parte dos profissionais que estão seriamente preocupados com estes assuntos - quer do ponto de vista humano quer do ponto vista ambiental. As profissões nas áreas da Ecologia, da Silvicultura, da Fauna Bravia, da Agronomia, da Saúde, do Planeamento do Território, da Economia, das Ciências Sociais, do Ecoturismo entre outras… todas devem explorar o mais possível o saber local trazido pelas populações da zona tampão e colaborar no planeamento e execução do Projecto de Restauração da Gorongosa, de modo a que este ecossistema interligado apoie as suas múltiplas componentes, sejam estas de grande ou pequena dimensão. Em jeito de conclusão, permitam-me que cite Nelson Mandela, que afirmou: “…em primeiro lugar devemos ser honestos com nós próprios. Nunca poderemos criar um impacto na sociedade se nós próprios não mudarmos. Os grandes pacificadores são todos pessoas de integridade, de honestidade, mas também de humildade.” Este projecto dar-nos-á a oportunidade de crescer interiormente, como pessoas, à medida que aprendemos com os nossos erros, que negociamos eventuais conflitos uns com os outros e que nos tornamos mais receptivos a outras perspectivas, e que nos tornamos mais humildes, uma vez que dissolvemos os nossos egos através da imersão neste grande ecossistema, do qual somos apenas uma componente.

23 de Julho de 2010 Quinquagésimo Aniversário do Parque Nacional da Gorongosa, 1960 – 2010Discurso de Greg Carr Como todos sabemos, a Terra foi formada há 4.500 milhões de anos. Há 1.000 milhões de anos apareceram as primeiras forma de vida multi-celular. Em seguida, apareceram as plantas terrestres. E depois os insectos, os répteis, os mamíferos e os pássaros. Há 200.000 anos foi a vez dos primeiros humanos semelhantes a nós caminharem na Terra. Nós, seres humanos, os últimos a habitar o nosso planeta, contamos com 6.800 milhões de indivíduos. Haverão, pelo menos, 9.000 milhões de seres humanos até meados do presente século. E em relação à população das outras espécies? À medida que a população humana aumenta, diminui o número das outras espécies. Porquê? Primeiro: a destruição do habitat natural – os ecossistemas naturais estão a desaparecer, e a dar lugar à expansão de aglomerados urbanos e suburbanos, à silvicultura comercial, à agricultura comercial, à sobrecarga dos solos, ao uso excessivo de queimadas, à erosão do solo e à exploração mineira. O aquecimento global está a provocar mudanças nos habitats. As espécies mais vulneráveis estão em risco de extinção e as espécies que dependem destas serão igualmente extintas, como que em forma de espiral da morte. Os cientistas estimam que poderemos perder 25% de todas as espécies, ainda neste século (plantas e animais). Podemos inferir que todos os seres humanos estão a obter benefícios à medida que dominamos o planeta? Não. Pelo menos 2.000 milhões de pessoas, do total de 2.500 milhões de pessoas que se adicionarão às actuais, estarão entre as camadas mais pobres das populações desfavorecidas, pessoas que vivem com menos de 2 dólares por dia – são estas as mais vulneráveis à perda de habitats, às variações climáticas, às inundações, às secas, e aos solos empobrecidos. O Ecossistema da Grande Gorongosa é um microcosmo da história do nosso planeta. As comunidades locais estão entre as mais pobres do mundo. O nosso ecossistema está ameaçado pela desflorestação, a diminuição e poluição das bacias hidrográficas, o desaparecimento de espécies, e a degradação das terras agrícolas.
Cinquentenário do PNG e sua Restauração
O Parque da Gorongosa - um tesouro mundial de biodiversidade - celebra, este ano, 50 anos. Se a Gorongosa e outras reservas naturais por todo o mundo florescerem, poderão vir a desempenhar um papel preponderante no que respeita à protecção das espécies e respectivos habitats, de modo a não termos necessariamente de perder um quarto das espécies terrestres neste século. No entanto, adoptámos uma nova filosofia relativamente aos parques nacionais que difere daquela vigente há 50 anos. Agora, reconhecemos que um parque nacional deve ajudar os seres humanos que residem nas suas redondezas e não apenas preservar a natureza. A parceria público-privada de 20 anos para a co-gestão da restauração da Gorongosa disponibiliza-nos um mandato de forma a prosseguir os dois objectivos relativos ao desenvolvimento humano e à protecção da biodiversidade. Na verdade, quem excluir um ou outro objectivo da sua perspectiva perderá de vista a interligação entre os dois. Os seres humanos precisam da natureza: os ecossistemas dão-nos ar puro, água, solo fértil, abrigo, nutrição, inúmeros recursos naturais e recompensas estéticas e espirituais. Por outro lado, a natureza precisa de nós. Os ecossistemas naturais não irão sobreviver, a não ser que os seres humanos se mostrem motivados para a sua conservação. Para gerar a vontade política para a conservação, deverá ser abordada a questão das necessidades humanas, agora que pedimos às sociedades que apoiem e protejam os pontos críticos de biodiversidade. Uma citação da sabedoria local africana esclarece que somos um com a natureza: Passo a citar: “Nós reconhecemos o poder do Todo-Poderoso por meio de uma tempestade de trovões; sentimos confiança e conforto do eterno com o sol nascente; celebramos as inúmeras qualidades da natureza aparentes ou ocultas em cada forma. Cada planta, pedra, animal e pessoa narra a história da criação e serve para criar, ensinar e guiar-nos por entre os caminhos da vida.” Prosseguir os desafios relativos à protecção da biodiversidade e ao desenvolvimento humano não significa que terá de haver um perdedor de um dos lados, e um vencedor do outro. As actividades do nosso projecto incidem sobre ambos os objectivos: -- uma agricultura sustentável protege o solo, à medida que aumenta os índices de produção agrícola; -- o ecoturismo gera emprego, uma vez que valoriza a preservação do ecossistema (os turistas querem ver animais, árvores e paisagens idílicas); -- os sistemas hidrológicos saudáveis fornecem água potável às pessoas e à natureza;-- os projectos florestais restauram as serras, ao mesmo tempo que proporcionam a criação de postos de trabalho, o arrefecimento do ar e a preservação do solo, das plantas medicinais e de outros produtos florestais sustentáveis.
Centro de Educação Comunitária
Hoje inauguramos o nosso novo Centro de Educação Comunitária ao mesmo tempo que comemoramos o Cinquentenário do Parque. Este Centro é o lugar onde convergem os esforços multi-disciplinares e onde estes se encontram e consolidam com a cultura e saber locais. Os debates no nosso Projecto têm sido vigorosos.Estamos a experimentar uma convergência de paixões por parte dos profissionais que estão seriamente preocupados com estes assuntos - quer do ponto de vista humano quer do ponto vista ambiental. As profissões nas áreas da Ecologia, da Silvicultura, da Fauna Bravia, da Agronomia, da Saúde, do Planeamento do Território, da Economia, das Ciências Sociais, do Ecoturismo entre outras… todas devem explorar o mais possível o saber local trazido pelas populações da zona tampão e colaborar no planeamento e execução do Projecto de Restauração da Gorongosa, de modo a que este ecossistema interligado apoie as suas múltiplas componentes, sejam estas de grande ou pequena dimensão. Em jeito de conclusão, permitam-me que cite Nelson Mandela, que afirmou: “…em primeiro lugar devemos ser honestos com nós próprios. Nunca poderemos criar um impacto na sociedade se nós próprios não mudarmos. Os grandes pacificadores são todos pessoas de integridade, de honestidade, mas também de humildade.” Este projecto dar-nos-á a oportunidade de crescer interiormente, como pessoas, à medida que aprendemos com os nossos erros, que negociamos eventuais conflitos uns com os outros e que nos tornamos mais receptivos a outras perspectivas, e que nos tornamos mais humildes, uma vez que dissolvemos os nossos egos através da imersão neste grande ecossistema, do qual somos apenas uma componente."
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REPORTAGEM FOTOGRÁFICA DO EVENTO


Ministro do Turismo de Moçambique, Fernando Sumbana, no acto de Inauguração do Centro de Educação Comunitária, rodeado por membros da Equipa de Gestão do PNG e representantes dos doadores: Carr Foundation, USAID e IPAD.
Aspecto da Celebração do Cinquentenário do PNG no Acampamento de Chitengo
Corte do bolo do 50º aniversário do PNG
AGRADECIMENTO

Ao Dr. Vasco Galante, director do Turismo e Comunicação do PNG, os meus agradecimentos pelo envio do material informativo acima publicado



Saudações amigas

Amor-Leiria, 31 de Julho de 2010

Celestino Gonçalves