Da autoria de António Jorge Pinto da Silva (TóJó para os amigos), foi criado recentemente um novo Blog sobre o Parque Nacional da Gorongosa, o conhecido santuário de fauna Bravia de Moçambique que foi em tempos considerado o melhor de África.
Este excelente trabalho vem enriquecer sobremaneira a informação desenvolvida nos sites oficiais do Parque publicados pela Fundação Carr, instituição que desde 2005 tem a cargo a recuperação e desenvolvimento do mesmo. O autor é das poucas pessoas que conhece em profundidade o Parque e a sua história, visto que trabalhou na empresa SAFRIQUE que tinha a cargo a sua exploração turística durante o período que antecedeu a independência de Moçambique. Por outro lado, a sua formação profissional como jornalista, fotógrafo e técnico de turismo, permitiu-lhe, ao tempo, recolher excelente material, sendo detentor de uma das maiores colecções fotográficas relacionadas com os animais, pessoas e infraestruturas do mesmo Parque e de todas as coutadas de Manica e Sofala onde se praticava o turismo cinegético.
Felicitamos o amigo TóJó por esta iniciativa tão oportuna, que é mais mais uma fonte informativa com relevante interesse sobretudo quanto à história daquele que foi o local de trabalho de eleição durante a nossa carreira de fiscal de caça.
O Blog tem este endereço:http://gorongosa.blogspot.com/
Segue-se uma sequência dos trabalhos recentes publicados no Blog:
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Sexta-feira, 15 de Junho de 2007
PORQUÊ ESTE ESPAÇO
Sempre fui um apaixonado pelos assuntos relacionados com a Natureza. Corre-me no sangue, desde criança, o exotismo das estepes africanas e dos animais selvagens que as habitam. As quentes cores to ocaso africano provocam em mim um poético sentimento misto de perda e de esperança.Assim, este espaço é especialmente dedicado a todos aqueles que, como eu, dão superior importância à problemática relacionada com a Natureza, e à sua preservação, bem como à protecção das espécies selvagens que ainda sobrevivem no imenso continente Africano, com especial interesse e carinho por Moçambique.Por tal motivo, é de toda a justiça dedicar uma parte generosa deste espaço, para enaltecer e dar a conhecer o excelente trabalho que tem vindo a ser levado a cabo na recuperação daquele que, em tempos, foi considerado o melhor e mais diversificado Parque Natural de Caça do planeta. Com efeito, aliado à imensa concentração de espécies em tão pouco espaço, o Parque Nacional da Gorongosa possui um ecossistema único, proveniente da sua magnífica morfologia do terreno e excepcional qualidade e beleza da flora ali existente.Graças à “Carr Foundation”, ao seu presidente Greg Carr e à equipe de profissionais competentes de diversos quadrantes que dirige, o Parque Nacional da Gorongosa está a renascer das cinzas, para bem todos nós, do povo Moçambicano e da sua economia. Por isso, serão aqui bem recebidos todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, são amantes da Natureza e são capazes de olhar o continente Africano de um modo muito especial: com ternura e confiança no futuro. São especialmente bem-vindos todos aqueles que possam contribuir com os seus conhecimentos e/ou experiências, de modo a ser possível enriquecer o conteúdo deste espaço. Aguardo, com alguma expectativa o vosso contributo. O meu sincero agradecimento.
Postado por António Jorge Pinto da Silva às 11:11 2 comentários Links para esta postagem
Sábado, 9 de Junho de 2007
A MAIS BELA CRIAÇÃO DA NATUREZA
Foi em 1921, quando uma áerea de cerca de 1.000 km2 foi delimitada para proteger algumas das espécies mais emblemáticas da fauna bravia ali existentes, que nasceu a área de protecção de caça da Gorongosa.
A sua enorme importância cedo começou a ser entendida.
Com sucessivos aumentos na delimitação da sua área protegida nos anos de 1935, 1960 e 1967, até atingir cerca de 3.000km2, o Parque começou a ganhar forma e inúmeros adeptos, amantes da Natureza.
A área viria a ser convertida em Parque Nacional no ano de 1960.
Os cerca de 5.000km2 de que hoje dispõe, foram oficialmente delimitadas e publicadas em 1967.A partir desse ano, o Parque viria a conhecer profundas melhorias, com a implementação de assinaláveis infra-estruturas tendentes a oferecer aos visitantes condições satisfatórias, no que respeita à sua estadia e circulação no interior do Parque.
Uma rede de picadas estrategicamente desenhada, percorria toda a área, possibilitando aos turistas o fácil acesso à observação de todas as numerosas e ricas espécies, de fauna e flora, de que o Parque dispunha. Das espécies existentes, devem destacar-se as enormes manadas de búfalos, elefantes e gnus.
A graciosidade das impalas, dos oribis, dos changos, e dos inhacosos, seduziam os visitantes.
Os majestosos kudus, as inhalas e as tucas eram espécies abundantes e muito apreciadas. Os numerosos grupos de leões constituiam o auge da visita, não sendo raro poderem ser observados grupos com mais de 30 elementos.
O enquadramento constituído por ricas florestas de palmeiras e de yellow fever tree, era magnífico.
Diversos lagos e lagoas emprestavam ao ambiente um subtil toque de paradisíaco exotismo.
No acampamento do Chitengo foram construídos acolhedores bungalows, dotados de energia electrica e de água corrente, que permitiam a todos os visitantes, que ali desejassem pernoitar, fazê-lo com toda a comodidade e descanso.Um primoroso restaurante, que servia refeições regionais a par de alguns pratos de cozinha internacional, ajudavam os turistas a retemperar forças para dar continuidade à "aventura".
Um bem recheado bar ajudava as gargantas mais sequiosas a combater os efeitos das altas temperaturas que, em certas alturas do ano, ali se faziam sentir. Para isso, existiam também as piscinas, abertas 24 horas por dia.
Uma visita ao Parque Nacional da Gorongosa constituía, em boa verdade, uma explêndida aventura e uma inesquecível experiência.
O parque Nacional da Gorongosa passou a ser conhecido internacionalmete, recebendo turistas de todos os continentes, em quantidades apreciáveis. Nos anos 70, foi atingida a cifra de 20.000 turistas por ano.
Postado por António Jorge Pinto da Silva às 10:07 0 comentários Links para esta postagem
Sexta-feira, 8 de Junho de 2007
AS FUNESTAS CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA CIVIL
O excepcional ecossistema que constitui o Parque Nacional da Gorongosa, bem como a enorme concentração de animais bravios por km2 que detinha, acabou por provocar enorme interesse a nível regional e internacional, tendo contribuído em escala razoável para o desenvolvimento social e económico de toda a região circundante.
Personagens importantes, de vários quadrantes, eram visitas assíduas do Parque contando-se, entre elas, astronautas, estrelas de cinema, etc. Mas, a partir de 1983 e até 1992, o Parque conheceu o mais negro e tenebroso período da sua história. Durante os nove anos que durou a guerra civil em Moçambique, foram infligidas ao Parque feridas profundas que serão difíceis, ou mesmo impossíveis, de cicatrizar.A fauna bravia foi quase completamente dizimada. Certas espécies foram mesmo extintas, deixando de ali serem vistas, até hoje. Outras espécies viram os seus efectivos drasticamente reduzidos, atingindo em certos casos, um desbaste igual ou superior a 90%.
A caça furtiva, a utilização de laços e outras armadilhas, a pesca intensiva, aliados à invasão do perímetro do Parque pelas populações locais, que aí construíram as suas aldeias, procedendo à plantação de espécies nocivas ao frágil equilíbrio do ecossistema existente, provocaram uma verdadeira tragédia difícil de remediar.Várias gerações serão necessárias para que a Natureza se encarregue de minimizar os estragos então provocados.
O acampamento do Chitengo foi parcialmente destruído e completamente saqueado, havendo construções que ficaram reduzidas a montes de escombros, numa acção de vandalismo difícil de entender. Nem mesmo o “Hippo-Bar”, situado junto à lagoa do rio Urema, onde proliferavam os hipopótamos e os crocodilos, foi poupado.Dele, restaram apenas os pilares e algumas paredes.
A paz chegou em 1992, mas só em 1995 se voltou a cuidar do Parque, recorrendo-se a um programa de emergência financiado pela União Europeia que, para além da criação de um grupo de seis dezenas de guardas florestais e da recuperação de algumas construções no acampamento do Chitengo, nada mais digno de nota conseguiu fazer. Foi nesta situação de verdadeira catástrofe que Greg Carr conheceu, e cedo se apaixonou pelo exotismo do Parque Nacional da Gorongosa, bem como pelas suas áreas adjacentes.
Fotografias de Maurice Ronet e Hippo Bar gentilmente cedidas pelo Dr. Albano Cortez.
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Quinta-feira, 7 de Junho de 2007
A FUNDAÇÃO CARR E O RENASCER DA GORONGOSA
GREG CARR
Formado na Universidade de Harvard nos anos 80, Greg Carr desde logo se começou a interessar pelas tecnologias de informação. Em 1987, Greg Carr fundou, em parceria com um Engenheiro formado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), uma empresa ligada à manufactura de equipamento para telecomunicações, a Boston Technology.A partir de 1995, a sua paixão pelos direitos humanos, levou-o a dirigir os benefícios da sua florescente indústria, a favor da implementação de diversos programas relacionados com os direitos humanos, em diversas partes do globo. Greg Carr, presidente da “Prodigy, Inc.”, que adquiriu à IBM e à Sears em 1996 e encabeçou também a “Africa Online”, é um activista convicto em prol dos direitos humanos. No ano de 1998, renunciou a todos os cargos que detinha e vendou mesmo as participações das empresas de que fazia parte.
Para dar corpo às suas generosas e filantrópicas iniciativas, um pouco por todo o mundo, criou em 1999, a “Carr Foundation” que se iria dedicar ao apoio intransigente dos direitos humanos, educação e cultura. Daí até se interessar por Moçambique, foi um passo.Agora, com 46 anos, Greg Carr assinou um memorando de intenções com o Governo Moçambicano. O memorando, assinado em 2004, vai permitir a Greg Carr cuidar da Natureza, promover os direitos humanos, a educação e a cultura.As próprias palavras de Greg Carr, quando afirma: “temos de planear a nossa intervenção em várias fases: conservação, sócio-económica e turística. Este projecto motivou-me porque é uma combinação entre uma acção de protecção da Natureza e um projecto de desenvolvimento económico. Trata-se de usar a beleza do ecossistema para combater a pobreza”, dizem tudo.Em boa verdade, o projecto de Greg Carr não se limita à recuperação, manutenção e repovoamento do Parque Nacional da Gorongosa. Estão também no seu horizonte a melhoria das condições de vida das populações locais, de modo a que façam parte integrante do ambicioso projecto.Cerca de 20% dos resultados relativos à exploração do Parque, serão canalizadas para ajuda às populações, mediante captação de água potável. A construção de infra-estruturas ligadas à saúde e à educação, completam os seus propósitos.
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Acerca de mim
António Jorge Pinto da Silva
Porto, PT
Trabalhou no Diário de Moçambique, Notícias da Beira e Revista Tempo. Foi colaborador da SAFRIQUE - Sociedade de Safaris de Moçambique e da Safarilândia (Agência de Turismo de Moçambique. Regressou a Portugal em 1976. Nos anos 80, a convite do Governo Moçambicano fez parte de um grupo de três elementos a quem foi confiada a tarefa de efectuar um exaustivo levantamento das potencialidades turísticas do País. Foi produzido um completo dossier, então entregue ao Exmo. Sr. Arquitecto Mário Trindade, Secretário de Estado do Turismo à data. Desempenha hoje funções de Director Técnico de Turismo na cidade do Porto. Ver o meu perfil completo
O autor do Blog
Celestino Gonçalves
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